UNIVERSIDADE DE PARIS - SORBONNE
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POR QUE NOS SEDUZIU OZANAM?
Permitiu Deus que a vida
se me alongasse desde aqueles dias em que, jovem ainda, tornou-se enlevo a vida
e o espírito de Ozanam. Caíra-me às mãos, presente de um amigo, a vida desse
jovem admirável, escrita, longa e encantadora, por Mons. Baunard.
Desde
então, para a figura de Ozanam se me voltou o olhar. Por que assim me empolgou
esse jovem? Como aos seus amigos, de outrora, seduzira-me então o encanto de
sua pessoa em que bondade e brilho tão harmoniosamente se casavam; enlevava-me
a sua atuação junto aos seus companheiros no empenho de os congraçar em torno
das ideias nobres de que se lhe nutria o espírito; seu denodo em defesa do
ideal cristão se impregnava em minha mente; a caridade que no coração lhe
morava arrastava-me o meu. E havia laços que nos uniam e que eu ansiava por
vê-los estreitar-se: ele nas irradiações de uma vida que se
projetava luminosa no cenário da França; eu a sonhar seguir-lhe a trajetória,
nesses sonhos de moço que tênues se me foram tornando, a medida que, malgrado
meu, se me foram retardando os passos, pela pequenez de minhas forças.
E, no entanto, ao
contemplar-lhe a vida, algo eu julgava que a dele se assemelhasse a minha.
Ilusão que se foi aos poucos esvoaçando ante a rudeza da realidade.
E por que assim a mente
jovem, que era a minha de então, em devaneio tão belo se acastelava?
Porque a fatores outros
se me apegara que me cercavam mas que ao meu eu não pertenciam.
Ozanam, em suas cartas, nas quais o primor do estilo que encantava era veículo da profundeza de suas ideias
e da beleza de seus sentimentos, falava dos pais que eram os seus.
E não tivera eu, também,
um pai como o dele cujo coração era um tecido de bondade e em cuja alma tanta
virtude se viera aninhar? E a mãe que eu tinha era, também, como a dele, uma
santa em cuja mente a fé lançava raízes tão profundas que a tornavam impávida
ante as procelas, e cuja firmeza, que doce o coração a sabia tornar, faziam-na
a mentora de meus dias.
Momentos houve em que ambicionei tornar-me sacerdote.
De tanto, me não achou Deus merecedor.
Como Ozanam, encontrei
uma esposa, - santa e meiga que ela era, - e uma filha, desde logo como a dele,
deu-me também a minha, filha que ainda hoje encanta os meus dias de viuvez.
E eu também sentia pelas
letras um pendor, e a história se me apresentava prenhe de atrativos. Condoía-me a miséria dos que sofriam as injustiças de uma sociedade na qual não
querem os homens ser irmãos.
Sonhava lançar, eu
também, uma pedra, pequenina que fosse, a fim de que mais alto um pouco ainda
se tornasse o pedestal em que se erguia a Igreja de Cristo.
Muito sonho da juventude
foi-se, com o tempo, desvanecendo! Imitar Ozanam era ambição demasiada para
quem não possui a, à semelhança dele, messe grande de virtude, e que a voo tão
alto se não guindara a inteligência.
Algo, porém, não morreu
desse enlevo que n'alma se me despertara por esse jovem privilegiado: o desejo
de cultuar-lhe a memória. E honrado eu me julgo e bem por Deus agraciado de ser
vicentino; de seguir-lhe, mesmo à distância bem longa, a palavra de ordem que
nos conduz ao pobre; de procurar, na medida de uma força, ainda que escassa,
enaltecer essa Igreja pela qual tão ardorosamente ele se empenhou, com os
arroubos de sua oratória e os primores de seus escritos.
Não me ocorre, fora das
solenidades habituais em que a Sociedade de São Vicente de Paulo relembra o
nome e as virtudes de Ozanam, que um curso tenha sido estabelecido em que esse
nome e essas virtudes tenham sido cultuadas, e, mais ainda, semanalmente
meditadas, para que, em ambiente
tranquilo, como se
o fora de uma escola, mais se pudessem n'alma vicentina infiltrar.
Por qualquer
das múltiplas facetas pelas quais se lhe possa encarar a vida
e a missão que pelo Céu lhe fora designada, quanto
há a dizer, a
comentar, a exaltar! Já se
vem, há mais de um ano, estendendo este
curso. Já muito ouvimos acerca de Ozanam. E, no entanto, bem pouco nos parece
que se haja dito dessa
vida que, se muito
não durou na terra, muito por ela toda se projetou. A
poucos foi dado viver tanto e tão intensamente, em
percurso tão breve. Parece-nos que Ozanam, em
uma intuição de que não seria longo o seu caminhar na vida terrena, procurou
multiplicar os seus dias pela intensidade de sua
atuação, impregnando a alma cristã da
beleza que irradiava da sua.
Duas datas:
23 de Abril de 1813 e 8 de Setembro de 1853 marcam-lhe
a jornada pela vida. De
muito, ambas se aproximam, apenas
por quarenta anos se distanciando.
Pouco, bem pouco, para
a realização de tantos
projetos que lhe andavam pela mente, para
tanto anelo que lhe morava no coração! Quão intensa, porém, foi a vida de
Ozanam! Agia como se tempo lhe não
sobejasse para a tarefa ingente que abraçara.
E nesse afã de dar muito de si mesmo a seu Deus e à
humanidade, pequeno lhe parecia o tempo. A Deus porém o contrário se lhe
afigurou. Achou, certamente, que
muito, em seu plano divino, já fizera esse
novo apóstolo que incluíra entre os que no mundo havia deixado. Pouco julgara
Ozanam haver produzido na missão que abraçara, muito, entretanto, a
Deus lhe pareceu.
Bem, igualmente, conheceis, meus
confrades e amigos, como os dias na terra
se escoaram desse Ozanam que para
nós ainda não morreu, que n'alma em nós viceja,
que nos deixou luminosa para que seus
passos pudéssemos acompanhar, prosseguindo na obra de
caridade que nos legou.
Breves foram os dias de
sua infância, quando à sombra do lar paterno, entre os exemplos dos pais e a
companhia de irmãos que tanto do coração bem perto lhe viviam, rápido o espírito
se lhe amadurecia. Parecia que ânsia
ele tinha do crescer para viver aquela vida tão curta que seria
a sua e em
que a realizar tanto projeto acalentava.
Desde os bancos escolares,
em sua cidade de Lyon,
procurou Ozanam aprimorar seus
conhecimentos a fim de que, um dia, os
pudesse, em Paris,
na cátedra da Sorbonne,
disseminar, impregnados
de uma orientação sadia e firme,
espargindo-os sobre os espíritos jovens
que afluíam numerosos
às aulas que ministrava.
Cidade de Lyon - França
Quando apenas se lhe despertavam
no espírito os lampejos
primeiros de sua alma de escol, já pelos
princípios
da Igreja se entregava ao bom combate.
Não se receou, então,
de enfrentar as teorias de Saint-Simon, pulverizando-as
com solidez de argumentação, a esta emprestando os arroubos de seu coração
impregnado do anseio de combater o erro e restabelecer a verdade, a
fim de que do erro não se impregnassem aqueles que pelas
aparências se deixassem seduzir.
Enamorado do bem e do
belo dirigiu-se Ozanam para Paris. E no seu coração vicejava o amor: amor pelo
Cristo, amor pela sua Igreja, amor pela humanidade,
amor pelos sofredores do mundo.
Toda a sua vida foi um
desfiar desse colar em que cada pérola
era constituída por uma parcela de seu coração.
Amando o Cristo, nele
encontrava o bem em toda a sua plenitude, a beleza na própria essência.
Amante do bem procurava
acercar-se do manancial da bondade que brotava do coração do Cristo; seduzido
pela beleza, sentia-se atraído pela que dele dimanava.
E como da bondade se lhe
achava a alma impregnada,
seu ideal era dissemina-la em torno de si.
Se assim sentia, assim agia.
Os anos que a Paris foi
dado possuí-lo foram de messe farta
de frutos desse encanto com que Ozanam deliciava aqueles
que de perto viviam de sua vida.
Os companheiros,
pressurosos, dele se acercavam, nele
encontrando o guia que os empolgava, o
exemplo pelo qual podiam pautar a vida.
Os
amantes
da caridade seguiam-no,
ao convite de sua voz
amiga, quando
os conduzia à missão
sublime do devotamento
à pobreza que medrava no
coração de Paris.
Constituiu-se
Ozanam em defensor da
Igreja, alvo que ela
era de tantos
ataques que lhe eram, então, desfechados por
aqueles
que clamavam
já não ser
ela mais a dos tempos
primitivos
da cristandade
em que sua
ação benéfica
se fizera sentir na
humanidade. Alegavam
já lhe estar
findo o
papel, não mais preenchendo
sua finalidade,
incapaz
de resolver os
problemas
em que já, então, o
mundo se debatia.
Revolta-se
Ozanam contra
tais invectivas,
procurando em lições e
artigos mostrar aos
homens do
seu tempo que
o sulco traçado
pelo Cristo,
e seguido pela Igreja através
dos tempos,
jamais se
apagara.
E foi
imensa e foi vibrante
a sua obra em
defesa dessa
Igreja à qual, até a própria vida hipotecara. Não lhe foi sem espinhos a tarefa ingente, encontrando-os mesmo a feri-lo entre aqueles que, sendo
católicos, divergiam do roteiro que traçara e das concepções pelas quais combatia.
Não se
lhe desfalecia, porém,
o ânimo, tão enraizadas
nele viviam e vicejavam
o amor que a ela consagrava
e a convicção da missão
divina
de que se tornara
depositária.
E quando da grandeza da Igreja despregava
o olhar, era para a miséria
do pobre que
o volvia. Era, porém, ainda, embebido
pela doutrina daquela,
que a esta baixava o olhar, arrastado
pelos impulsos
do coração.
Como
conformar-se
que a uns tanto o ouro
sobejasse e ao outros
até o pão escasseasse.
Bem
presente lhe
andava. à mente
a palavra
do Apóstolo de que vã seria
a fé se não
se traduzisse em caridade. E Ozanam foi procurar
o pobre. E não foi
só. Uma plêiade
ele arrastou, e esta
através
dos tempos multiplicou-se. Pelo mundo em fora espalharam-se
os galhos dessa árvore cuja semente Ozanam plantara,
que por ele foi regada com carinho, e
a cuja sombra tanta miséria se vem, através de mais de um
século, abrigando: a nossa Sociedade de São
Vicente
de Paulo.
Quantos milhares de
discípulos seus têm levado ao
pobre o
pão a mitigar-lhe a fome, o fogo a aquecer-lhe
o corpo
enregelado, a palavra
de bondade a servir-lhe de bálsamo ao coração
que sangrava!
E que é este
templo em que ora nos
encontramos,
felizes
por falar d’aquele
que o inspirou, senão
um ramo robusto dessa árvore frondosa
sobre a qual, do Céu, lança agora
Ozanam um olhar e um
sorriso a galardoar os
esforços de quem
para o pobre o levantou.
Adorando o
Cristo, devotou-se à
Igreja, e a esta
se consagrando porque
d'Ele era o legado que fizera
ao mundo, e ao pobre
amou porque nele sentia pousado, amoroso, o olhar
do Cristo, pois que lhe era bem a imagem. Não nascera o Cristo na
pobreza e pobre vivera? Nada ele
poupou, de um corpo que era débil, dos tesouros de beleza
que lhe douravam a alma e a luminosidade
de sua inteligência,
tudo consagrando
ao desempenho da missão
grandiosa que
esposara.
Dilatava-se sobre o
mundo o pensamento
de Ozanam. O seu
Deus, já n'alma
o possuía; a Igreja
soubera defender
e exaltar com quanta força,
fé e amor lhe
imprimiam; o pobre,
por ele olhava com carinho, suavizando-lhe
a miséria para que esta não o afastasse
daquele Deus que ele amava e daquela
Igreja que cultuava.
Projetando o olhar por sobre
a humanidade viu que, não só o
pobre, mas
que toda ela também sofria. Não existia
no mundo somente
a miséria que atormentava o corpo;
havia ainda aquela
que corroía
a alma. A impiedade alteava-se, cantando, pela
voz de sua intelectualidade, o funeral da
religião e de seus dogmas.
Os diques
da moral se haviam rompido;
o torpor invadia o ânimo
dos que ainda comungavam
do ideal
cristão! Revoltava-se
o povo contra o clero, cuja atitude
era castigada de ser aliada
da aristocracia
em suas pretensões de reconquistar as regalias de que a revolução
o despojara.
Para
esse povo, em cuja alma crescia a revolta e a descrença, voltou-se, igualmente,
o coração de Ozanam. Pareceu-lhe que, contra o racionalismo que então grassava,
solapando os espíritos, mister era voltar ao tradicionalismo Que imprescindível
se tornava restaurar a verdade, a fim de que se não deixasse o povo enganar-se pela
propaganda que, ferrenha, se lançara contra o cristianismo no afã de, até seus
alicerces, demoli-lo. Que fazer por esse povo no qual se vinha inoculando a
descrença em Deus e o ódio à sua Igreja? Como guindá-lo a uma mentalidade nova,
esclarecida, alentadora? Não podia a gente que era a sua, dessa França a que de
alma pertencia, relegar todo um passado em que se escudara no cristianismo,
fulgindo em toda a sua beleza na cenário do mundo.
Na
ânsia de unir esse povo com o seu Deus e a sua Igreja, a fim de que de novo se
revitalizasse em Cristo, lançou-se Ozanam a uma nova luta. Não se contentando
com as próprias forças de convencimento, apelou para Lacordaire a fim de que no
templo de Notre Dame conclamasse o povo à verdade. Foi assim que tiveram início,
pelas mãos de Ozanam, essa série de conferências proferidas por luminares da
Igreja e que até nossos dias se prolongam, numa demonstração viva de quanto de
bênçãos sobre elas veio, como que agradecido, o Céu derramar. Bem razão a esse
mesmo Lacordaire assistia quando, a Ozanam se referir, deixou gravadas estas
palavras: "Cristão algum em França do seu tempo amou mais a Igreja"!
Não lhe bastou, a Ozanam, quanto até então fizera. Numa visão, que bem lhe
definia a grandeza da alma, compreendera que era necessário, como ele mesmo o
disse: "reconciliar a Igreja com o povo".
E
contra os que a denegriam, minando o espírito desse mesmo povo, ele foi buscar
na trajetória da Igreja a glória com que pudesse realçar sua obra na marcha da
civilização. Não lhe permitia o amor que a ela consagrava que apoucassem o
papel preponderante da grandiosidade de sua obra.
Para
o trabalho histórico que empreendeu, com tal objetivo, traçou-lhe o plano
nestas linhas que, em 26 de janeiro de 1848, endereçou a seu amigo Foisset:
“...
trata-se de tornar conhecida essa longa e laboriosa educação que a Igreja
proporcionou aos povos modernos. Começaria por um volume de introdução, no qual
tentaria demonstrar o estado intelectual do mundo ao surgir o cristianismo, o
que a Igreja conseguiu recolher da herança da antiguidade; o modo pelo qual o
recolheu e, consequentemente, as origens da arte e da ciência cristãs, desde a
época das catacumbas e dos primeiros Padres. A seguir, surgiria o quadro do
mundo bárbaro... e depois o seu ingresso na sociedade católica, e os prodigiosos
trabalhos de homens como Boécio, Isidoro de Sevilha, Beda e São Bonifácio que
impediram caíssem as trevas, levando a luz de um extremo a outro do império
invadido, infiltrando-a em povos que se quedavam inacessíveis e que a passaram,
de mão em mão, até Carlos Magno. Teria eu de estudar a obra reparadora desse
grande homem e demonstrar que as letras, se antes dele não haviam perecido, não
se extinguiram após ele. Deixaria
patente tudo quanto de grandioso foi produzido na Inglaterra, no tempo de
Alfredo, na Alemanha, na época dos Othons, e assim chegaria à Gregório VII e às
Cruzadas.
Teria,
então, diante de mim, os três séculos mais gloriosos da Idade Média; teólogos
como Santo Anselmo, São Bernardo, Pedro Lombardo, Alberto o Grande, São Tomás,
São Boaventura, os legisladores da Igreja e do Estado, Gregório VII, Alexandre
III, Inocêncio III e Inocêncio IV, Frederico II, São Luiz, Afonso X; toda a
polêmica entre o Sacerdócio e o Império; as comunas, as repúblicas italianas,
os cronistas e os historiadores, as universidades e a renascença do direito.
Abordaria, ainda, toda essa poesia cavalheiresca, patrimônio comum da Europa
latina e, à sua sombra, todas essas tradições épicas peculiares a cada povo, e
que constituem os primórdios das literaturas nacionais.
E
eu assistiria a formação das línguas modernas, e meu trabalho teria, como
coroamento, a Divina Comédia, o mais grandioso monumento desse período e que
constitui o seu resumo e sua glória".
O
historiador em Ozanam foi o crente, iluminado pela fé e cioso de reconduzir ao
seio da Igreja os que dela se haviam afastado.
A Sorbonne
proporcionou-lhe também ensejo, quando a ela assomou, para realizar seu nobre
intento de demonstrar a magnitude da Igreja, nessa "longa e laboriosa
educação que ela proporcionara aos povos modernos".
Ao
atirar-se à arena nesse combate gigantesco contra a incredulidade, não se iludia
Ozanam sobre as dificuldades que se lhe iriam deparar. "Quanto mais
difícil for, porém, a obra, dizia ele, mais belo será desempenhá-la".
"É
preciso procurar nas ruínas do mundo antigo a pedra
angular sobre a qual será
reconstruído o mundo novo".
Não
sabia Ozanam o que fosse desânimo ante a envergadura e amplitude da obra a que
se consagrava. "É a doutrina do progresso por meio do cristianismo,
clamava ele, a que eu procuro restabelecer, como consolo para os dias de
inquietação."
Apreciando os esforços de Ozanam em
prol do levantamento do povo, assim se exprimia Montalembert, que com ele privara
e o tinha em grande conta: "A afeição que sempre lhe consagrei e o meu
apreço pela sua memória, abençoada e nobre, podem, tão somente consolar-me por
ter ficado sempre tão distanciado de sua eloquência e da sua leal
erudição".
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Perdoai-me,
prezados leitores, se por demais me distanciei do quanto de belo sobre Ozanam
ambicionaria dizer-vos. Privei-vos, durante esses momentos em que procurei
falar-vos sobre Ozanam, de ouvir essas preleções em que esse mestre de nós
todos, o nosso prezado Presidente, nos vinha encantando ao dissertar sobre essa
figura que tanto empolga a alma e o coração dos vicentinos.
Se
assim, porém, eu procedi, foi que a tanto ele mesmo me impeliu. E à sua voz de
comando não me foi dado o esquivar-me.
Aqui
neste recinto que suas mãos ergueram, conduzidas pelas de Ozanam, viceja também
o sonho que a este, durante a sua jornada pela terra, o empolgou. E esse
recanto vicentino nos diz que Ozanam para nós ainda vive. Se a figura de Ozanam
eclipsou-se ao olhar dos que, então, o amavam, em nós não se apagou a lembrança
do que ele fez e do que ele foi. Bem ela permanece, cingida da glória de um
passado que, radiosa, refulge no presente.
Com
que justo orgulho e santo podemos clamar, nós vicentinos, que Ozanam não cessou
de viver, pois que continuam seus discípulos a dar vida aos ideais que dele
nasceram, e que em nós ainda vivem sentimentos que n'alma nos despertou.
13-3-1959
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