1º DOMNGO DO ADVENTO

Marcos 13,33 – 37

Ficai de sobreaviso, vigiai; porque não sabeis quando será o tempo. Será como um homem que, partindo de uma viagem, deixa a sua casa e delega sua autoridade aos seus servos, indicando o trabalho de cada um, e manda ao porteiro que vigie. Vigiai, pois, visto que não sabeis quando o senhor da casa voltará, se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que vindo de repente, não vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: vigiai!

Comentário

Já é hora de acordar! Eis o apelo de Jesus no Evangelho que inaugura este tempo do Advento. Uma nova aurora surge no horizonte da humanidade, trazendo a esperança de um novo tempo de um mundo renovado pela força do Evangelho. Neste tempo de graça, somos convocados a sair do torpor de uma prática religiosa inócua, a acordar do sono dos nossos projetos pessoais vazios e egoístas. Despertos e vigilantes, somos convidados a abraçar o projeto de Deus que vem ao nosso encontro, na espera fecunda do Tempo do Advento, temos a chance de reanimarmos em nós e os compromissos assumidos em favor da construção do Reino, reavivando as forças adormecidas, para a construção de uma humanidade nova, livre das trevas do sofrimento, da marginalização e da morte.

Frei Sandro Roberto da Costa, OFM - Petrópolis/RJ

2º DOMINGO DO ADVENTO

Marcos 1,1 – 8

Conforme está escrito no Profeta Isaias: Eis que envio meu anjo diante de ti: Ele preparará teu caminho. Uma voz clama no deserto: Traçai o caminho do Senhor, aplainai suas veredas (Mt 3,1); Is 40,3). João Batista apareceu no deserto e pregava um batismo de conversão para a remissão dos pecados. E saiam para ir ter com ele toda a Judéia, toda Jerusalém, confessando os seus pecados. João andava vestido de pelo de carneiro e trazia um cinto de couro em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel Sivestre. Ele pôs-se a proclamar: “depois de mim vem outro mais poderoso do que eu, ante o qual não sou digno de me prostrar para desatar-lhe a correia do calçado. Eu vos batizei com água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo”.

Comentário

“Preparai o caminho do Senhor, aplainai as suas veredas”. Clamando pelo deserto, João Batista nos indica que procurar viver conforme a Boa-Nova que Jesus nos trouxe não se trata, simplesmente, de viver dentro de um sistema religioso com certas práticas que nos identificam com tais. Talvez ele queira nos indicar que a fé, antes de tudo é um percurso, uma caminhada, onde podemos encontrar momentos fáceis e difíceis, dúvidas e interrogações, avanços e retrocessos, entusiasmo e disposição, mas também cansaço e fadiga. No entanto, o mais importante é que nunca deixemos de caminhar, pois o caminho se faz caminhando. Boa caminhada de Advento e preparação!

Frei Diego Atalino de Melo

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

1. 1ª ASSEMBLEIA NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO DA MEDALHA MILAGROSA



                                                       Nossa Senhora das Graças


ASSOCIAÇÃO DA MEDALHA MILAGROSA

A primeira Assembleia Nacional da Associação da Medalha Milagrosa (AMM) realizou-se nos dias 29 e 30 de abril e 1º de maio de 2011, nas dependências da Assistência Vicentina de Vila Mascote de São Paulo-SP., e abrigou trinta e três participantes de cinco estados brasileiros, compostos de religiosos, religiosas e leigos (as). 

O objetivo primordial da Assembleia foi de organizar e regulamentar as atividades das Associações da Medalha Milagrosa no Brasil, nos moldes do Regulamento existente em âmbito internacional.

Sob o comando do Pe. Mizaél Donizetti Poggioli, diversos atos se realizaram no sábado e domingo, como palestras, exposições e orações. Na noite do sábado, um momento especial marcou a Assembleia com a realização da Novena em honra da Virgem Imaculada da Medalha Milagrosa, que contou, ainda, com a presença de membros da Associação da Medalha Milagrosa da paróquia de São Vicente de Paulo do bairro Moinho Velho desta Capital de São Paulo. Uma equipe de coordenação nacional foi estabelecida, ficando como responsáveis o Pe. Mizaél Donizetti Poggioli e a Srta. Nívea Cardoso dos Santos, e a sede estabelecida na Rua da Consolação, 374,2° andar, São Paulo-SP.

Como surgiu a Medalha Milagrosa


Sabe-se que Nossa Senhora apareceu a uma jovem francesa nos idos de 1830. É, mais uma vez, Deus realizando uma de suas maravilhosas obras. Serve-se da humildade ou de uma humilde jovem religiosa, Irmã Catarina Labouré, para dar um golpe de misericórdia contra o materialismo filosófico reinante, na França principalmente, e em diversos países. 

Mas, vejamos alguns fatos que antecederam esse acontecimento. 
Catarina Labouré nasceu em Fain, pequena aldeia próxima de Moutiérs-Saint-Jean, na região da Cote D'Or, na França, no dia 2 de maio de 1806, sendo Catarina a nona de uma prole de dezessete criaturas que sua mãe concebera e dera a luz. Onze vingaram. Seus pais eram de classe média camponesa e oriunda de famílias abastadas da região. Chamavam-se Pedro Labouré e Luísa Madalena Goutard. O registro de nascimento foi lavrado naquela mesma tarde e assinado por seu pai e sua mãe, além do oficial e testemunhas. No dia seguinte realizou-se o batizado, onde recebeu o nome de Catarina, ao qual foi acrescentado o sobrenome de Zoé, em homenagem à santa celebrada pelo Martirológio a dois de maio. Embora nos registros não constasse o nome, foi ela sempre chamada pelos seus familiares e mesmo pela maioria dos habitantes de Fain, pelo nome de Zoé, o qual abandonaria após ingressar na vida religiosa.

Até aos nove anos viveu Catarina no aconchego de sua família, sob o carinho de sua mãe, até que esta veio a falecer em outubro de 1815. Perdia assim Catarina a orientação e educação de uma mãe mestra e carinhosa. Ficaria a partir daí, devendo a Deus e a Nossa Senhora a conservação de sua inocência e pureza de costumes. 
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Nesse tempo, sentindo-se desamparada, dirigiu-se a urna imagem de Nossa Senhora que havia em sua casa e com unção lhe disse: "Agora, querida Senhora, quero que seja minha mãe"! Catarina não saberia, mas a Virgem Santíssima levou isso a sério

Depois de algum tempo, seu pai decide envia-la, juntamente com sua irmã mais nova, Maria Antonieta, carinhosamente chamada por todos de Tonine, para a residência de uma tia de nome Margarida, em São Remy, próximo a Faín, onde permaneceu por dois anos. 

Em 1818 voltam ao lar paterno, provavelmente porque a filha Maria Luísa, a segunda dos filhos na ordem de nascimento, havia ingressado na Casa das Irmãs de Caridade, em Paris. Catarina está agora com doze anos e era nessa idade que as meninas se iniciavam nas tarefas domésticas. Sua irmã Tonine tinha dez anos. Assim, solicitadas por seu pai passam a ajudar a criada da casa nos mais variados serviços, com prazer e diligência. 

Como não havia aulas de catecismo em Fain naquele tempo, somente as missas dominicais, iam a pé, na Matriz de Moutiêrs-Saint-Jean, aproximadamente a três quilômetros de distância, onde todos os domingos havia um curso de doutrina cristã. Suas preces na Igreja eram fervorosas, e Catarina, causava admiração em quem a observava. O que mais chamava atenção do povo da pequena comunidade era a forma pela qual Catarina se mantinha  visivelmente enlevada, como se não estivesse ali  ao lado de todos,quando se ajoelhava ante o altar da Virgem Santíssima para orar. Então, parecia transportada a lugares distantes, inatingíveis. 

Em janeiro de 1819, com treze anos, Catarina fez sua primeira comunhão. Naquele radioso e comovente dia Catarina revela a sua irmã Tonine: "Hoje decidi tomar uma resolução. Eu também vou entrar para o convento".

Um dia, Catarina acordou de repente e confusa. Tivera um sonho curioso e belo. Assistia a Missa e ao final, o Padre celebrante lhe diz: "Segue-me" e lhe anuncia que Deus lhe reservara uma missão especial na terra. Não se esqueceria mais das feições daquele Padre. E, um dia, teria a satisfação de identificá-lo.

Tendo sua irmã Tonine completado vinte anos, Catarina julgou que podia transferir-lhe as responsabilidades da casa e assim realizar o seu sonho de ingressar numa Congregação religiosa. Vencendo sua timidez, dirigiu-se ao pai dizendo-lhe: "Senhor meu pai, bem sabeis que tenho recusado todas as propostas de casamento que me foram feitas." "É, papai, porque eu decidi entrar numa Congregação religiosa .. ".  Pedro Labouré ficou perplexo. Não. Não permitiria que aquela filha também o deixasse. "Não dou meu consentimento, disse ele a Catarina". E continuou: "A família Labouré já deu ao convento uma filha. Duas, enquanto eu viver, não o permitirei".

O tempo foi passando e seu pai pensava diferente e não sentia nenhum constrangimento em afastar sua filha de Deus. E, para fazê-la mudar de ideia, em fins de 1828 a encaminha ao seu filho Carlos (o oitavo dos filhos) que em Paris possuía um restaurante, de frequência pouco recomendável onde Catarina deve ter passado alguns dos piores dias de sua vida. Tempos depois, Carlos vendo o sofrimento e angustia de sua irmã, a encaminha ao seu irmão Huberto, o mais velho dos irmãos, que era oficial militar e cuja esposa, Madame Joana Goutard era diretora de um colégio onde as famílias nobres da região educavam suas filhas. 

Foi, pois, para um ambiente destes que Catarina se transferiu em fins de 1829. Assim, em pouco tempo, sua digna cunhada, apreciando seus modos e seu caráter, providencia uma professora que a ensina a ler e escrever.


Meses depois, Catarina visita o sanatório mantido pelas Filhas da Caridade e no parlatório vê um quadro e reconhece a pessoa que havia visto em sonho. Pergunta à Irmã que a atendia quem era a pessoa do quadro e a Irmã responde: “Oh! E o nosso Pai, São Vicente de Paulo, minha filha!”.  Catarina sentiu-se arrebatada e uma imensa paz deu-lhe uma serena tranquilidade, e ali percebeu qual era o destino de sua vocação. Sentiu-se confortada de todas as amarguras passadas. Decidiu o caminho a seguir na vida. Iria ser religiosa. Havia, porém, três problemas a solucionar: o consentimento do pai, o enxoval necessário e o dote a ser pago.

Expondo essas dificuldades à sua cunhada, Joana Goutard, esta resolveu dar solução aos problemas, usando de seu prestígio e posição que ostentava na sociedade parisiense. Escreveu ao seu sogro e dele obteve o consentimento desejado. Ainda, Madame Goutard assumiu o enxoval e o dote a ser pago, e que, para a época, era um valor considerável. E assim, acompanhada de sua bondosa cunhada, Catarina, no dia 22 de janeiro de 1830, ingressou na Companhia das Filhas de Caridade. Terminado os meses de postulantado, Catarina foi transferida em 21 de abril de 1830 para a casa matriz e também seminário da comunidade em Paris, localizada na Rua Du Bac, 140, onde recebeu o hábito escuro das noviças.

Em 25 do mesmo mês, domingo do Bom Pastor, Catarina participou com centenas de Irmãs de Caridade da Solene Transladação das Relíquias de São Vicente de Paulo da Casa Matriz das Filhas da Caridade para a Capela dos Lazaristas, na Rua du Sevres. Catarina participou das imponentes cerimônias que se realizaram durante nove dias e foi durante a novena que ela em êxtase viu, em dias diferentes, o coração de São Vicente de Paulo mudar de cor, com significados diversos. Quase em todo o tempo do noviciado ela recebeu graças que a deixavam perplexa, quando nas celebrações da Missa, na consagração e elevação da hóstia, via Jesus.

Mas tarde, a pedido do Pe.Aladel, seu confessor, Catarina registrou esses acontecimentos, principalmente as aparições de Nossa Senhora, que ela relata desta forma, o que lhe aconteceu na noite de 18 para 19 de julho de 1830; "Tínhamos recebido um pedacinho da sobrepeliz de São Vicente de Paulo».

Insensivelmente cortei um pequenino bocado do pano e engoli-o". "Senti uma felicidade muito grande e roguei a São Vicente que me alcançasse a graça de ver a Virgem Santíssima". "Fui deitar-me com o pressentimento de que nessa noite eu me avistaria com minha boa Mãe". "Então adormeci e fui despertada 
por uma voz que me chamava: Irmã Catarina, Irmã Catarina". "Afastei a cortina e vi um menino de quatro a cinco anos que me chamava". "Vinde à capela, a Santíssima Virgem vos espera, disse-me ele". "Guiada pelo menino, logo chegamos à capela, onde o menino fez com que eu tomasse um lugar diante do altar, e depois de breve espera, ele anunciou: Eis a Santíssima Virgem"! Ei-la"! "A Mãe de Deus surgiu e dirigiu-se para uma cadeira próxima aos degraus do altar. "Grande foi minha alegria quando vi a boa Mãe". "Atirei-me nos degraus do altar e apoiei minhas mãos no joelho de Nossa Senhora e consegui, apesar de muito emocionada, balbuciar: este é o momento mais feliz de minha vida"! 

Muitas coisas foram ditas à Irmã Catarina durante a aparição, cujo diálogo durou cerca de duas horas. Deste longo colóquio entre Nossa Senhora e Irmã Catarina houve uma parte especial, o qual ela se lembraria, nos mínimos detalhes, por toda sua vida: "Minha filha, Deus te encarregará de uma grande missão". "Isso te atormentará e fará sofrer, mas se tiveres confiança e te inspirares em orações, tudo vencerás". "Os tempos são maus". "Virão desgraças sobre a França". "O trono será derrubado". "O mundo será revolvido por desgraças imensas, porém Deus e São Vicente estarão convosco e, nessa ocasião eu mesma vos ajudarei, concedendo-vos minhas graças". "Virá um momento em que tudo parecerá perdido, mas eu vos ajudarei". "Não será, porém, a mesma coisa com as outras comunidades". "O clero de Paris contará muitas vítimas, o senhor Arcebispo perecerá". "A Cruz será desprezada, o sangue correrá nas ruas, todo o mundo mergulhará na tristeza". 

Referindo-se a Comunidade das Irmãs, assim observou Nossa Senhora: "Eu gosto de derramar minhas graças sobre a Comunidade". "Amo-a com ternura". "Ela, porém, me faz sofrer com os grandes abusos que nela se cometem". "A Regra não é observada, a regularidade não é perfeita". "Há grande relaxamento". "Comunica isto para quem está encarregado de tua direção espiritual". "Embora ele não seja o Superior, ele será, contudo, incumbido de fazer com que todas estas coisas se cumpram". "Dize-lhe em meu nome, que se proíbam as más leituras e a perda de tempo com visitas". "Logo que a observância da Regra voltar a ser praticada, uma outra Congregação virá se reunir à tua". "Não é conforme o costume, mas eu muito amo esta Congregação". "Dize-lhe, pois, que a receba". "Deus abençoará a união das duas Comunidades e haverá grande paz".

Conforme seu relato, Irmã Catarina disse não se lembrar de quanto tempo ficou junto à Virgem. Disse que sabia apenas que, quando Ela se foi, notou que alguma coisa, algo se afastava, como uma nuvem, em direção da tribuna, pelo mesmo caminho de onde havia vindo. Notou que o menino continuava onde o havia deixado. Voltaram para o dormitório onde as luzes continuavam acesas e com ele caminhando a sua esquerda. Eram duas horas da madrugada. Mas, durante o resto da noite, não conseguiu dormir e nem se esforçou para isso. 

Irmã Catarina revelou todos os fatos e acontecimentos, em confissão, ao Pe. Aladel, que julgara a humilde camponesa fantasiosa, proibindo-a de "pensar em tais coisas". Porém, Irmã Catarina, depois de cumprir rigorosamente as ordens que recebera de sua santíssima Mãe, aguardava ansiosamente que lhe fosse revelada a missão que ela deveria executar. De outra parte, os acontecimentos previstos, próximos e futuros, aconteceram realmente, deixando o Pe. Aladel confuso diante da exatidão dos fatos, como o de 27 de julho quanto o Rei Carlos X foi deposto do trono da França.

Mas, Irmã Catarina, não precisou esperar muito tempo. No dia 27 de novembro de 1830, quando estava orando na capela, ouviu um ruído semelhante àquele que precedera a primeira aparição. Eram cinco horas e meia da tarde e ela olhou para o local de onde vinha o ruído e, maravilhada percebeu que chegara o grande momento. Ali estava, na altura de um quadro de São José, a Virgem Santíssima toda de "branco-aurora", com mangas cumpridas e um véu branco que descia até a parte inferior de suas vestes. Seus pés apoiavam-se na metade de um globo. Segurava outro globo na mão e tinha os olhos voltados para o céu.

Posteriormente, quando foi solicitada, Irmã Catarina disse que não se atreveria a descrever a puríssima beleza do rosto da Virgem Santíssima, que por sinal, afirmou estar bastante visível. Outra coisa que lhe chamou a atenção foi que Maria Santíssima trazia nós dedos vários anéis com belíssimas pedras, das quais partiam raios de luz de indescritível brilho, que iam aumentando à medida que desciam, confundindo em extraordinária claridade os pés da Virgem.

Saindo do êxtase em que se encontrava, Irmã Catarina percebeu que Nossa Senhora lhe falava. Assim ela descreveu esse momento: "A Virgem Santíssima fez-me compreender quanto lhe são agradáveis às orações daqueles que a invocam, e quanto Ela é generosa em conceder o que lhe pedem". E disse-me: "Estes raios simbolizam as graças que derramo sobre as pessoas que me as pedem". Aproximava-se o ponto culminante da aparição: a Virgem não só ia instruir Irmã Catarina sobre a missão que lhe estava reservada, como transmitir aos homens e mulheres uma das mais encantadoras preces que nos foi dada conhecer; prece essa que em muito iria contribuir para a proclamação do Dogma da Imaculada Conceição.

De repente, formou-se em torno da Virgem Maria, um quadro de forma oval, com inscrição, em ouro, nítida e destacada, das seguintes palavras: "Oh! Maria concebida sem pecado, rogai por nos que recorremos a vós". Enquanto Irmã Catarina contemplava a cena embevecida, uma voz ordenou-lhe: "Fazei cunhar uma medalha conforme este modelo. As pessoas que a trouxerem ao pescoço receberão muitas graças". “As graças serão abundantes para os que a trouxerem com inteira confiança”.  Depois, Irmã Catarina pode ver o outro lado da medalha, cujo reverso deveria ter, a seguinte formação: um M encimado por uma cruz, tendo na parte inferior dois corações, um coroado de espinhos e o outro traspassado por uma espada. Doze estrelas completavam a composição, circundando os elementos da parte descrita.

Na verdade, o culto a Nossa Senhora das Graças acabara de ser sugerido como meio garantido para a obtenção das mais difíceis graças. Em outro dia durante sua meditação quando pensava sobre amedalha, Irmã Catarina ouviu uma voz que lhe esclareceu:  "O M e os dois corações dizem bastante". Depois dessas manifestações de Nossa Senhora, Irmã Catarina transbordava de alegria e consolação, sem, porém, deixar a ninguém perceber na sua costumeira modéstia e simplicidade. A terceira aparição deu-se alguns dias após, no mesmo horário e depois da meditação. Percebeu o mesmo ruído de sedas da aparição anterior e vinha de próximo ao sacrário, ao mesmo tempo em que, uma voz lhe dizia interiormente: "Esses raios simbolizam as graças que a Virgem obtém para os que as imploram»! De outra feita foi lhe dito: "Vinde ao pé deste altar; aqui as graças serão concedidas aos grandes e aos pequenos". A verdade era que a Santíssima Virgem buscava por ao alcance dos homens e mulheres o poder que possuía junto ao seu divino Filho como Medianeira de Todas as Graças.

Quando em janeiro de 1831 recebeu o hábito e a "corneta”, espécie de véu em forma de chapéu, ainda continuava a ser tida como obscura até em questões de devoção. Se não se contasse, ninguém jamais  acreditaria facilmente que aquela jovem freira fora escolhida para tão relevante missão. O próprio Padre Aladel, apesar de ter comprovado a veracidade de várias previsões que Irmã Catarina havia lhe contado, assim mesmo, quando ela lhe falava de suas visões, repreendia-a severamente, humilhando-a em várias ocasiões. Também, não se deve pensar que o Padre Aladel dormia tranquilamente. O germe da dúvida também o atormentava. Dizia ele: "Como poderia uma camponesa simplória e ignorante inventar uma oração extraordinariamente bela como essa que ela tanto me repete: "O' Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós". "Além disso, não acredito que sua imaginação pudesse fantasiar metade das coisas que me tem narrado".

Porém, Irmã Catarina foi transferida para servir na cozinha do Asilo Enghien, destinada a abrigar a velhice desamparada. Desse modo teve que deixar aquele lugar tão significativo para ela. Mas Irmã Catarina de tempo em tempo iria a Casa-Mãe para receber orientação espiritual de seu confessor, Padre Aladel. Irmã Catarina chegou ao Asilo Enghien em  5 de fevereiro de 1831, ali permanecendo por todo o resto de sua vida.

Se a Irmã Catarina teve o privilégio das visões, coube ao Pe. Aladel ser o executor das ordens emanadas de Nossa Senhora. Urna dessas ordens fora a de fundar e dirigir uma associação de moças para a qual a Virgem lhe concederia muitas graças e indulgências. Fora, também, incumbido de fazer com que a Regra da Congregação das Filhas da Caridade fosse cumprida fielmente. E, tinha, ainda, a missão mais importante, a de fazer com que a medalha fosse cunhada.


Após a terceira das grandes aparições, Nossa Senhora afirmara a Irmã Catarina que não a veria mais. Apenas ouviria uma voz durante as orações, voz esta que sempre se manifestava para lhe dizer do descontentamento da Santíssima Virgem pela demora em tomarem providências afim de que fosse cunhada a Medalha que Ela solicitara. Por sua vez, Irmã Catarina queixava-se que o Pe. Aladel não lhe dava a atenção devida, julgando-a mentirosa. Nessas ocasiões, a voz interior encorajava-a a prosseguir firme na solicitação junto ao Pe. Aladel, pois mais cedo ou mais tarde acabaria atendendo aos pedidos de Nossa Senhora.

No começo de 1832, Pe. Aladel vencendo seus preconceitos e dúvidas dirigiu-se ao Arcebispo de Paris, Dom de Quelen, a quem fez um minucioso relato de tudo que Irmã Catarina havia lhe contado. Quando saiu do palácio episcopal, o Pe. Aladel levava consigo a autorização de Dom Quelen para cunhar a medalha. Apesar de vários contratempos e aos múltiplos afazeres que tinha, Pe. Aladel no fim do mês de junho conseguiu que vinte mil medalhas fossem cunhadas, exatamente como o modelo descrito por Irmã Catarina, que teve o prazer de ser a primeira a receber a medalhinha, e, satisfeitíssima, com entusiasmo e veneração, simplesmente disse: "Resta propaga-la”. Aliás, foi de Dom de Quelen a responsabilidade pela grande propagação, tomando a Medalha conhecida em todo o mundo. Já em 1836, só o gravador da primeira série de medalhas, cunhara nada menos que dois milhões de exemplares e que a inscrição "O' Maria Concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós", fora gravada em cinco idiomas diferentes. Grandes quantidades passaram a ser produzidas em diversos países, tornando-se impossível saber a quantidade de medalhas cunhadas.

Até essa época Pe. Aladel não se preocupara em dar a conhecer àquela privilegiada que tivera as visões que redundaram na cunhagem das Medalhas. Quando o Pe. Aladel tentou convence-la de que uma breve entrevista com Dom de Quelen seria feita o mais discretamente possível, Irmã Catarina negou-se a comparecer na presença do Arcebispo ou recebe-lo no convento. E dizia com simplicidade ao Pe. Aladel: "A Santíssima Virgem mandou que eu falasse somente ao senhor". Ademais, o Pe. Aladel, só dez anos depois da primeira aparição, cumpriu o desejo de Nossa Senhora e fundou o primeiro grupo de Filhas de Maria, grupo esse que cresceu e se multiplicou no mundo todo. E Irmã Catarina não teve qualquer ligação com a Associação, vivendo calma e discretamente no Asilo de Enghien. Mas, enchia-se de satisfação quando tomava conhecimento dos progressos de tudo o que contribuía, cada vez mais, para o engrandecimento do nome da Imaculada Conceição e de todas as maravilhas alcançadas por intermédio da sua tão amada Nossa Senhora das Graças. 

Nosso Senhor Jesus Cristo mais uma vez mostrou ao mundo que "Quem se humilha será exaltado", concedendo a um a rude camponesa, cuja cultura fora objeto das maiores humilhações, mas que soube na sua simplicidade consagrar-se a vida inteira à Caridade, à piedade, à fé e à virtude, levar ao conhecimento da humanidade que Deus concedera à Maria Santíssima o poder de ser a Medianeira de Todas as Graças. No início de 1876, Irmã Catarina Labouré teve o prenúncio de sua morte. Em setembro e outubro permaneceu acamada a maioria dos dias, com acessos de tosse e asma. Em novembro, milagrosamente foi a Rue du Bac fazer o retiro anual naquela sua querida capela das aparições. E, em 31 de dezembro recebeu os últimos sacramentos e após várias síncopes veio a falecer, aos 70 anos. Em 2 de dezembro de 1907 recebeu o título de Venerável e aos 28 de maio de 1933 foi beatificada por Pio XI. Todavia, como glória suprema, foi solenemente canonizada pelo Papa Pio XlI em 27 de julho de 1947.


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