1º DOMNGO DO ADVENTO

Marcos 13,33 – 37

Ficai de sobreaviso, vigiai; porque não sabeis quando será o tempo. Será como um homem que, partindo de uma viagem, deixa a sua casa e delega sua autoridade aos seus servos, indicando o trabalho de cada um, e manda ao porteiro que vigie. Vigiai, pois, visto que não sabeis quando o senhor da casa voltará, se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que vindo de repente, não vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: vigiai!

Comentário

Já é hora de acordar! Eis o apelo de Jesus no Evangelho que inaugura este tempo do Advento. Uma nova aurora surge no horizonte da humanidade, trazendo a esperança de um novo tempo de um mundo renovado pela força do Evangelho. Neste tempo de graça, somos convocados a sair do torpor de uma prática religiosa inócua, a acordar do sono dos nossos projetos pessoais vazios e egoístas. Despertos e vigilantes, somos convidados a abraçar o projeto de Deus que vem ao nosso encontro, na espera fecunda do Tempo do Advento, temos a chance de reanimarmos em nós e os compromissos assumidos em favor da construção do Reino, reavivando as forças adormecidas, para a construção de uma humanidade nova, livre das trevas do sofrimento, da marginalização e da morte.

Frei Sandro Roberto da Costa, OFM - Petrópolis/RJ

2º DOMINGO DO ADVENTO

Marcos 1,1 – 8

Conforme está escrito no Profeta Isaias: Eis que envio meu anjo diante de ti: Ele preparará teu caminho. Uma voz clama no deserto: Traçai o caminho do Senhor, aplainai suas veredas (Mt 3,1); Is 40,3). João Batista apareceu no deserto e pregava um batismo de conversão para a remissão dos pecados. E saiam para ir ter com ele toda a Judéia, toda Jerusalém, confessando os seus pecados. João andava vestido de pelo de carneiro e trazia um cinto de couro em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel Sivestre. Ele pôs-se a proclamar: “depois de mim vem outro mais poderoso do que eu, ante o qual não sou digno de me prostrar para desatar-lhe a correia do calçado. Eu vos batizei com água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo”.

Comentário

“Preparai o caminho do Senhor, aplainai as suas veredas”. Clamando pelo deserto, João Batista nos indica que procurar viver conforme a Boa-Nova que Jesus nos trouxe não se trata, simplesmente, de viver dentro de um sistema religioso com certas práticas que nos identificam com tais. Talvez ele queira nos indicar que a fé, antes de tudo é um percurso, uma caminhada, onde podemos encontrar momentos fáceis e difíceis, dúvidas e interrogações, avanços e retrocessos, entusiasmo e disposição, mas também cansaço e fadiga. No entanto, o mais importante é que nunca deixemos de caminhar, pois o caminho se faz caminhando. Boa caminhada de Advento e preparação!

Frei Diego Atalino de Melo

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

5. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA HIERARQUIA DA SSVP








PRINCÍPIOS BÁSICOS DA HIERARQUIA DA 
SOCIEDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO 


                  1. Disciplina na Sociedade de São Vicente de Paulo
                      2. Ambição e Vaidade
                      3. Humildade e Caridade
                      4. Desinteresse e Omissão
                      5. Unidade

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 1. A DISCIPLINA NA SOCIEDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO 

        Ao abordarmos este importante assunto, cumpre-nos em primeiro lugar relembrar as origens da nossa Sociedade. 
       
       Participando das Conferências de História que se realizavam no escritó- rio do professor e jornalista Emanuel José Bailly, Frederico Ozanam e seus companheiros verificaram que não era bastante conhecer a história para defender a Igreja católica, rudemente atacada pelos mestres universitários da Sorbonne. O agnosticismo reinante, promotor dos ataques contra a Igreja foi a causa principal que induziu os jovens estudantes a formarem uma barreira, opondo-se fortemente aos ataques dos mestres anticlericais. Concluíram, também, que era preciso viver o que Nosso Senhor Jesus Cristo ensinara. Daí surgiu a Conferência de Caridade e no seu desdobramento a SSVP tal como está hoje hierarquicamente estruturada administrativamente no Brasil: 

      1. Confederação Internacional da Sociedade de São Vicente de Paulo,      
          gerida e representada pelo Conselho Geral Internacional; 

      2. Conselho Nacional do Brasil, de âmbito nacional; 

      3. Conselhos Metropolitanos, de âmbito regional; 

      4. Conselhos Centrais, de âmbito de parte de uma região; 

      5. Conselhos Particulares, de âmbito de uma zona geográfica;

      6. Conferências, de âmbito local. 


       O órgão supremo e democrático da Confederação é constituído pela As-sembleia Ordinária ou Extraordinária do Conselho Geral, que é presidida pelo Presidente Geral. 

      O Conselho Nacional do Brasil, membro de direito da Confederação Inter-nacional da SSVP, a representa em todo o território nacional perante as auto-dades eclesiásticas, civis e militares. Tem como atribuição principal disciplinar as atividades caritativas e assistenciais das Unidades Vicentinas, para atingir os objetivos institucionais da SSVP no Brasil, conforme o artigo 103 da Regra da Sociedade. 

      Aos Conselhos Metropolitanos compete, na sua área de atuação unir,  a-
nimar e coordenar as atividades vicentinas, estando a serviço das Conferên-cias, dos Conselhos Particulares, Centrais e das Obras Unidas e Especiais de sua área, devendo sempre incentivá-las na prática da caridade, adotando as medidas necessárias ao seu bom funcionamento, conforme o artigo 99 da Regra da Sociedade. 

     Aos Conselhos Centrais compete, na área de sua atuação unir, animar e coordenar as atividades vicentinas, estando a serviço das Conferências, dos Conselhos Particulares, e das Obras Unidas e Especiais de sua área, devendo sempre incentivá-las na prática da caridade, conforme o artigo 96 da Regra da Sociedade. 

     Aos Conselhos Particulares compete, na área de sua atuação unir, animar e coordenar as atividades vicentinas, estando a serviço das Conferências e das Obras Unidas e Especiais, devendo sempre incentivá-las na prática da caridade, conforme o artigo 93 da Regra da Sociedade. 

    As Conferências estão vinculadas aos Conselhos Particulares e reúnem católicos militantes, em caráter voluntário e organizadas em grupos unidos pelo espírito de comunidade, independentes de cor, sexo, classe, idade e nacionalidade, com a finalidade específica do exercício do apostolado da caridade evangélica, através de visitas domiciliares, como principal motivo de santificação de seus membros. 

1.1 A REGRA DA SOCIEDADE


     Para o perfeito funcionamento dessa associação, nas suas diversas unida-des, elaborou-se uma REGRA, disciplinando a sua ação, o seu modo de agir, gerando deveres e obrigações exigindo de seus membros o cumprimento de suas normas. O compromisso vicentino deve ser um ato voluntário, sério e responsável. O encontro com o Pobre, é calcado na fraternidade que conforta e enriquece o trabalho apostólico, dependendo, principalmente, da observância de uma disciplina exemplar. A ruptura dessa disciplina implica no enfraquecimento do organismo social. 

      A inobservância da REGRA conduz à indisciplina,  com as suas consequên-cias. Atos de indisciplina na observância de regras, são comuns na vida coti-diana, bastando citar o que ocorre na área do transito de veículos onde, a cada instante, se verificam imprudentes transgressões, pondo em risco bens patrimoniais e preciosas vidas, não obstante as sanções impostas pela Lei, punindo os infratores. 


     Na nossa modesta SSVP, o primeiro ato de indisciplina vem da impontua-lidade. A pontualidade do horário é um ponto importante a ser considerado. A constante entrada e saída de confrades e consocias, perturba a sequência dos trabalhos da reunião.Vale a pena relembrar aqui o pequeno trecho que se encontra no volume "Escola de Caridade Ozanam", página 31, traduzido e adaptado pela Diocese de Anápolis (Goiás) e revisto, atualizado e comentado pelo confrade Paulo Sawaya: "Oh! como nos desgostamos do indivíduo que nunca é pontual. Todavia, nós mesmos podemos desenvolver este hábito tão impopular. Temos todo o desejo de estar pontualmente ali, mas não resistimos à xicara extra de café, ou a um rápido olhar pelo jornal. Notamos um bom programa na TV e a primeira coisa que percebemos e que estamos atrasados de novo. Sem o regime da pontualidade é difícil mesmo, ser eficiente. Com o controle decisivo da pontualidade e devoção rigorosa aos princípios, podemos tornar-nos aquela mesma pessoa que nós, e os outros, admiramos”. É portanto necessário que os confrades e consocias cheguem um pouco antes da hora de começar a reunião, para que todos possam participar das orações iniciais e compartilhar dos comentários da leitura espiritual - as fontes que alimentam a espiritualidade da reunião.



1.2 FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO

      São, na realidade, duas características que se completam. Em primeiro lugar, e principalmente, a Conferência cuida e com esmero da formação do confrade e dos socorridos. A leitura meditada da Regra já propicia ao vicentino recém-admitido na Conferência, o início de uma boa formação. Importa, portanto, que todos os vicentinos conheçam a REGRA da Sociedade, que lhe indicará as dimensões de seus deveres, das responsabilidades e diretrizes para o comportamento de um cristão face aos compromissos assumidos com a hierarquia e, de modo especial, com os assistidos. 


      Mensageiros de Cristo, os vicentinos procurarão pelo exercício da caridade o aperfeiçoamento indispensável para a sua própria santificação e a santifica-ção do próximo. E quem são os seus próximos? Em primeiro lugar sua própria família, depois os irmãos com quem convive na Conferência e em toda a Soci-edade, seus superiores, seus subordinados. Como se vê, a SSVP é abrangente com uma finalidade bem determinada. 

      Naturalmente, à medida que frequentam as reuniões da Conferência e dos Conselhos, os Confrades e Consocias vão sendo informados dos pontos princi-pais do movimento vicentino e daí, a necessidade  de  se  propiciar  reuniões mais abrangentes e esclarecedoras, que evite a rotina, que registre as dife-rentes iniciativas tomadas pelos dirigentes e, também, para se tentar, se possível, uma ação uniforme e produtiva, na área de cada Conselho. As assembleias gerais, distritais, regionais e, as festas regulamentares serão importantes para se transmitir as informações que todos os Confrades e Consocias deverão receber. 


      Diz a Regra da Confederação no item 3.7 que "Os vicentinos jovens per-mitem a Sociedade conservar permanentemente um espírito jovem. Voltados para o futuro, eles lançam um novo olhar sobre o mundo e muitas vezes vêem para além das aparências. A Sociedade tem cuidado permanente de formar Conferências de Jovens e de favorecer o seu acolhimento em todas as Conferências".    

      Particular cuidado deverá ser dispensado às reuniões de jovens, pelo seu ardor característico, pelas inúmeras iniciativas que pretendem tomar, para não deixarem de observar o quanto preceitua a Regra.Inúmeras serão as recomen-
dações que deverão ser feitas, mas é de bom alvitre limita-las, observando sua possibilidade de execução.

      É comum se notar nas Assembleias e Congressos a quantidade exagerada de medidas que são aprovadas em plenário, propostas estas aprovadas pelas direções de Conselhos, sem a devida ponderação necessária e sem condições de executá-las. Vale aqui a recomendação de São Francisco de Sales: "Pouco, mas bem". Não se deve esquecer, mas ter sempre presente que as alegrias, as esperanças, as tristezas, as angústias e depressões dos homens e mulhe-res de hoje, sobretudo dos Pobres e dos que sofrem, foram as alegrias, as esperanças, as tristezas, as angustias e depressões dos discípulos de Frede-rico Ozanam. 


       A SSVP é constituída de fiéis que, reunidos em Cristo, procuram trans-mitir a sua mensagem de amor e de paz. De amor a Deus e ao próximo, seu mandamento máximo, que resume toda a Lei. 

2. AMBIÇÃO E VAIDADE 

      Quem não se mira diante de um espelho? 
     
      O que vê refletido? 

      A imagem pode agradar ou desagradar à Ambição e a Vaidade... 

      A Vaidade e a Ambição não podem se sobrepor ao equilíbrio, ao bom senso e à prudência. Vaidade e Ambição... quem não as tem? 

     Quem não almeja por dias melhores em um futuro próximo? 


      Na Sociedade de São Vicente de Paulo, o vicentino deseja, acima de tudo, que a sua Conferência caminhe bem, que no seu Conselho haja união; que tu-do funcione corretamente. Aspira por Obras Unidas ou Especiais bem entrosa-das com os Conselhos a que pertencem, obedecendo e respeitando o Regula-mento. Ambiciona por um maior número de vicentinos; por um pronto atendi-mento aos necessitados; por uma maior espiritualidade de seus membros e se envaidece quando tudo corre bem. 

       Esta ambição e vaidade não desagradam a Deus. Porém, quando o cha-mado de Deus é aceito, quando se é escolhido para pertencer a Sociedade de São Vicente de Paulo, a humildade deve ser constante na vida vicentina. 


      Ao ingressar na Sociedade de São Vicente de Paulo, o vicentino tem que palmilhar passo a passo a trilha de Frederico Ozanam. A hierarquia, deve ser mantida e respeitada para o bom funcionamento da Sociedade. Quando o Confrade ou a Consocia ambiciona cargos para usá-los com autoritarismo, com vaidade, vai mal. De mal a pior. A vaidade e a ambição embrutecem o homem, distanciando-o de seus semelhantes. Ambição e vaidade constituem violências contra o próximo, contra o irmão. O poder passa a seduzi-lo, tornando-o indiferente aos problemas do dia a dia do vicentino.

      Sabemos que só o AMOR constrói, e ele é a vida, a união e a alma do vi-centino. Tudo o que se faz, ditado pelo pulsar da caridade e da fraternidade produz a paz, fortalece o ânimo e a vontade de prosseguir, mesmo sabendo ser árdua a caminhada e longo o percurso. O amor une. Dá-nos capacidade de enxergar e diferenciar o BEM do MAL. Quando a vaidade se aloja em nossa alma, quando nos julgamos maiores e melhores do que os outros, porque um cargo nos foi confiado, perdemos a razão de ser das coisas, tornando-nos embrutecidos e tudo reflete em glórias à ambição. 


      São pessoas despreparadas para ocuparem qualquer cargo dentro da Soci-edade de São Vicente de Paulo pois a ambição e a vaidade as invalidam. Os cargos, na Sociedade, são incumbências de muita responsabilidade e nunca de honrarias. Quando existem Obras Unidas e Especiais, de grande porte, vincu-ladas a um Conselho, o perigo de envolvimento da ambição e da vaidade torna-se maior pela facilidade em enredar o incauto vicentino que busca, nos cargos administrativos, o poder de mando e as vantagens adicionais que aumentam o seu prestigio social. 

      Para se evitar o perigo de envolvimento acima apontado é necessário se-guir o exemplo de São Vicente de Paulo, aliando oração à ação invocando as luzes do Divino Espírito Santo em fazendo despontar verdadeiros lideres, vi-centinos dignos, plenos dos dons de Deus, a fim de que possam ocupar cargos de liderança, lutando não só pelos necessitados, mas pela Sociedade, procu-rando acatar com humildade as instruções e orientações de seus superiores hierárquicos. Não se pode escolher novo Presidente de Conferência ou Conse-lho Particular, Central, Metropolitano ou Superior, sem conhecê-la bem, sem antes lhe auscultar as pulsações. O médico quando se defronta com o paci-ente vai examiná-lo, procurar conhecer o seu organismo para então medicá-lo.  
      Na Sociedade de São Vicente de Paulo, todo vicentino é um guardião fiel e dedicado de seus companheiros, cabendo a cada um, zelar pelo bem da So-ciedade e de sua Conferência. Como? Se todo vicentino conhecer bem a RE-GRA e aplicá-la, a caminhada será sem tropeços. Haverá força para se sobre-por às dificuldades e remover as pedras que porventura surjam no seu cami-nho. A Fé deve ser grande e o amor a Deus maior.

      Vamos lutar para banir da Sociedade a ambição e a vaidade, para que ela cresça em material humano e em espiritualidade, para que vejamos em cada vicentino, o irmão, o filho amado de Deus, seja ele um soldado raso ou um presidente. Que os cargos que porventura venham a ocupar, não os distanci-em dos seus irmãos. Através da oração e com a ajuda do Espírito Santo en-contraremos líderes à altura da Sociedade para orientar e guiar os vicentinos na estrada luminosa que leva até Deus. 


      A Sociedade de São Vicente de Paulo, como um grande edifício, patrimô-nio que herdamos de Frederico Ozanam, cresce verticalmente rumo aos céus. Cada pedra de seu alicerce e tijolos de igual tamanho, sem arestas, formam uma fortaleza, simbolizando a união, a força, a amizade, a fraternidade, a caridade e o amor entre os vicentinos que seguem o Regulamento e respeitam sua hierarquia. AMBIÇÃO e VAIDADE são ervas daminhas e não devem cres-cer entre nós. 



3. HUMILDADE E CARIDADE


      Muito se tem escrito e falado sobre a caridade e a humildade, virtudes fundamentais que caracterizam o verdadeiro vicentino. É comum ver-se nas cartas, atas e escritas, no final, na assinatura: - "o humilde confrade Fulano de tal" - presidente deste Conselho ou desta Conferência. Muitas vezes, em nome da humildade, deixa-se de aceitar cargos, e, logicamente, os encargos dele decorrentes. 

      No nosso modesto entender, a humildade não é mais do que o reconheci-mento das nossas reais possibilidades e limitações. Cada pessoa deve enten-der o seu próprio íntimo - (e se nem ao menos procurar entende-lo, jamais po-derá entender o do próximo) e de certa maneira pode avaliar as suas capaci-dades. Assim, quem tem ojeriza de manifestar-se oralmente em público jama-is poderá aceitar o encargo de fazer um discurso ou proferir uma palestra; quem não tem a mínima habilidade ou gosto por linhas de costura, jamais po-derá trabalhar neste setor; quem não tem paciência no trato com idosos, ja-mais se arvore cuidar dos mesmos, e assim por diante. Diz o popular ditado: ''Não passe o sapateiro além dos sapatos”. 
     
      Eis aí uma grande verdade e é neste ponto que prevalece a virtude da HUMILDADE. É necessário o reconhecimento das próprias limitações. Muitas vezes, movido por um certo sentimento de vaidade pessoal, o indivíduo é le-vado a aceitar tarefas para as quais não está realmente preparado. A humil-dade, porém, fará com que ele se mire no seu verdadeiro espelho interior, que projetará apenas aquilo que existe dentro de si, sem enfeites ou aumentos. 
Então, com simplicidade, aceitará ou rejeitará o trabalho que lhe é proposto fazer. A humildade, não deverá ser um pretexto para a recusa de cargos. 


      Outro aspecto da humildade nos revela que esta virtude deve ser pratica-da de tal maneira que os dons pessoais sejam exercidos discretamente de modo natural, sem manifestar desejo de sobressair, sem inferiorizar os menos dotados. Sempre haverá pessoas melhores aquinhoadas do que outras. Na pa-rábola dos talentos Jesus não explica porque o patrão deu mais a uns do que a outros. 

      À luz do Evangelho o vicentino deve ser colocado no alto para iluminar ao seu redor, demonstrando, por seu intermédio, o brilho e a glória do Pai. A luz que despertar a atenção somente para a sua fonte geradora, a lâmpada, sim-plesmente ofuscará, e não cumprirá a sua finalidade. Tudo no mundo tem sua limitação. O poder do Estado esbarra na Constituição, que é a lei maior. A natureza segue as suas próprias leis, numa sequência metódica e interminável de dias e noites, das fases da lua e das estações do ano. Uma vez subvertida a ordem estará gerado o caos. 

       Assim, também na Sociedade de São Vicente de Paulo, existe a sua hie-rarquia, fixando-se cada qual dentro da sua esfera de ação num harmonioso conjunto. Para isto existe a REGRA, que constitui a sua Carta Magna. Uma vez obedecida a Regra, com simplicidade e submissão, dentro do conceito de hu-mildade acima exposto, não haverá dificuldade para o seu pleno e eficaz funcionamento, sempre em proveito: primeiramente do vicentino, secundando, do Pobre. 

      Aparece então, a CARIDADE, como objetivo, pois esta virtude teologal não é apenas para ser conhecida e estudada, e sim, muito mais, para ser vivida em plenitude pelo verdadeiro cristão. O apóstolo São Paulo, na sua primeira carta aos Coríntios, no capítulo 13, revela-nos os traços que compõe a fisionomia da CARIDADE, dom gratuito de Deus, que não conseguimos com o nosso próprio esforço mas vivendo em estado de graça, confiantes na misericórdia divina. 

      A CARIDADE valoriza as virtudes cardeais elevando-as para Deus tais co-mo a paciência, a bondade, o desprendimento, a modéstia, a calma, a justiça, a verdade, a magnanimidade, e tantas outras que estabelecem o nosso bom relacionamento com os homens no sentido horizontal. Tudo isto reunido, re-sultará numa só palavra - AMOR - dom supremo e único, que nos acompanhará até a Vida Eterna, incorporando-nos na vida Divina, pois Deus é AMOR no di-zer de São João (Cap. 4, v.8). 

        Encerrando as nossas simples considerações, podemos concluir: o vicen-tino (de qualquer escalão), obedecendo a hierarquia e procurando praticar a Caridade, estará sempre de acordo com a sua vocação de serviço, realizando o ideal proposto, e dotando o mundo e a Sociedade de São Vicente de Paulo daquela parcela única e indispensável que só ele pode oferecer. Assim, como uma grande máquina, cuja força geradora é o Amor, e lubrificada constante-mente pela humildade, a hierarquia será mantida natural e plenamente, cumprindo o que sonhou o nosso fundador. 


4. DESINTERESSE E OMISSÃO 

      O desinteresse, de um modo geral é o início da perda da de fé: no ideal que professa, na Providência Divina, na possibilidade de se alcançar o bem que deseja. É o início, em se tratando do vicentino, pois ele se desinteres-sando pela sua obra, vai mal, devendo se preocupar, pois o desinteresse o afastará do objetivo que pretende alcançar, segundo o espírito da SSVP, que é a sua própria santificação através do exercício da caridade fraterna e organi-zada. Estará, voluntariamente, menosprezando a graça que recebeu. Na nossa REGRA encontramos o seguinte esclarecimento: "O engajamento vicentino não é, de modo algum, voto constrangedor, pois nada e mais livre. Mas é um ato sério”. E esta seriedade nos deve preocupar. O desinteressado está a um passo da omissão e esta é geralmente consciente e constrangedora. 

      Já na omissão observamos que, por exemplo, na confissão comunitária, quando nos preparamos para participar dignamente do Santo Sacrifício da Missa, relacionamos a natureza de ações pecaminosas: "por pensamentos e palavras, atos e omissões” sem atentarmos devidamente para a natureza e circunstâncias destes últimos, designados como omissões, que consiste na ação de se omitir, de deixar de fazer, PRETERIÇÃO, esquecimento voluntário ou não. 

      Deixar de fazer o bem pode constituir uma omissão grave."Deixar de fazer o mal não constitui uma omissão mas um bem". O vicentino que se omite no desempenho das suas obrigações, impostas pela REGRA e pela sua condição de servo dos Pobres, se desgoverna, afasta-se do seu rumo. O exame dos problemas que possam implicar em desleixo ou omissão deve ser uma preocupação constante do grupo que se reúne numa Conferência vicentina. 

      Não podemos resolver todos os problemas gerados pela injustiça social, ou desordem moral, mas não podemos afastar todos eles da nossa orbita, atentos que devemos estar para as obras de misericórdia: dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, visitar os enfermos, os encarcerados etc. etc. , objeto do desvelo das nossas Conferências. Abençoado aquele que foi escolhido para esta missão e a cumpre fielmente. 


5. U N I D A D E 


      Disse alguém, que a verdadeira liberdade baseia-se no cumprimento das leis e das regras, principalmente, se os seus objetivos são o bem comum. Foi assim desde as nossas raízes. A desobediência do homem quebrou o vínculo de unidade entre o Criador e a criatura, restaurada por Jesus Cristo no misté-rio da Encarnação, Vida, Morte e Ressurreição; de forma definitiva. Antes da vinda de Jesus, muitas vezes e de várias maneiras o Senhor comunicou-se com os homens, tentando alianças para manter o povo unido através de pes-soas como Moisés, David, os Profetas etc. 


      Os Dez Mandamentos recebidos de Deus no Monte Sinai, por Moisés, ti-nham por objetivo conduzir todo o povo de Deus, no Antigo e no Novo Testa-mento, à unidade, à fraternidade, à paz e à justiça, frutos do Amor de um Deus que quer partilhar conosco a sua glória e felicidade. O não cumprimento desta lei, dos ensinamentos dos profetas e posteriormente da "Boa Nova a-nunciada por Jesus", trouxeram consequências desastrosas para a humanida-de, devido ao egoísmo que permaneceu na maioria dos homens. Até hoje a humanidade sofre pela transgressão e desobediência à Lei de Deus, a Lei das Leis.

      Assim também acontece no plano humano com a nação que deseja o bem estar de seus cidadãos. No caso do nosso país, ele é regido por uma lei maior entre as demais, chamada Constituição: a Carta Magna. É dela que saem as outras leis que ajudam a manter a unidade nacional, a ordem e o progresso, através do desenvolvimento político, jurídico, econômico e social. Se esta Constituição, esta lei maior da nação não for obedecida por um e por todos, a unidade nacional estará prejudicada e, em consequência, a desunião e a de-sordem estarão decretadas e o futuro do país estará incerto. 


      O retorno à unidade, irmã gêmea da fraternidade, é tarefa das mais difí-ceis. Causa, quase sempre àqueles que lutam por ela, desilusões, rupturas, sofrimentos e dores. E na nossa Sociedade de São Vicente de Paulo como é vivida a unidade? O que a Regra nos propõe para que permaneçamos unidos? 

      Como foi dito acima, a verdadeira liberdade está apoiada no cumprimento das leis e das Regras. Logicamente, Leis e Regras ver-dadeiras, justas, segui-das por pessoas que procuram penetrá-la, entendê-la e vivê-la. Assim é com a Lei de Deus. Assim é com a Constituição de uma nação e assim deverá ser com a Regra da nossa Sociedade, cujos princípios fundamentais têm como espinha dorsal a Espiritualidade Vicentina, baseada na oração, na meditação da Sagrada Escritura, na fidelidade aos ensinamentos da Igreja, testemunhan-do Jesus Cristo, no seu relacionamento, nos diversos aspectos da vida cotidi-ana, principalmente com os mais desprovidos. Esta vivência nos aproxima pa-ra o cumprimento da Lei de Deus, quanto mais nos aprofundamos no conheci-mento da nossa Regra. 

      O apóstolo São Paulo, compara a Igreja, Corpo Místico de Cristo, a um corpo humano, onde Cristo é a cabeça e nós somos os membros. Todos os membros estão sujeitos à cabeça; exercem funções diferentes, porém todos de igual dignidade. Todos os membros juntos e a cabeça formam a unidade do corpo, como Cristo quer. Que sejamos um n’Ele. "Pai fazei que eles sejam um em mim, como eu sou um em Vós”. A unidade portanto tem base no próprio Deus, nas três pessoas da Trindade: - o Pai, o Filho e o Espírito Santo. 

      A proposta da nossa Regra no seu conjunto é a união Fraternal, porque foi inspirada na Lei de Deus e por ser uma Instituição Cristã, Católica, apesar das diferenças pessoais como católicos e cidadãos brasileiros, no nosso caso. Um é do Norte, outro do Sul. Um nasceu na zona rural, outro na zona urbana. Este é economicamente rico. Aquele é casado, este solteiro, o outro viúvo. Um é industrial e outro é assalariado ou mesmo desempregado. E vai por aí afora. 

      Entretanto, quanta riqueza, quantas experiências um pode passar para o outro, mas apesar das diferenças étnicas, sociais ou econômicas próprias da humanidade, somos todos vicentinos; porque somos católicos, porque fomos batizados, porque cremos em Deus nas três pessoas, cremos na Igreja, na Ressurreição e na vida eterna. Estes são alguns dos muitos pontos comuns que nos unem por isso somos todos irmãos, somos vicentinos. 
 LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO!

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