1º DOMNGO DO ADVENTO

Marcos 13,33 – 37

Ficai de sobreaviso, vigiai; porque não sabeis quando será o tempo. Será como um homem que, partindo de uma viagem, deixa a sua casa e delega sua autoridade aos seus servos, indicando o trabalho de cada um, e manda ao porteiro que vigie. Vigiai, pois, visto que não sabeis quando o senhor da casa voltará, se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que vindo de repente, não vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: vigiai!

Comentário

Já é hora de acordar! Eis o apelo de Jesus no Evangelho que inaugura este tempo do Advento. Uma nova aurora surge no horizonte da humanidade, trazendo a esperança de um novo tempo de um mundo renovado pela força do Evangelho. Neste tempo de graça, somos convocados a sair do torpor de uma prática religiosa inócua, a acordar do sono dos nossos projetos pessoais vazios e egoístas. Despertos e vigilantes, somos convidados a abraçar o projeto de Deus que vem ao nosso encontro, na espera fecunda do Tempo do Advento, temos a chance de reanimarmos em nós e os compromissos assumidos em favor da construção do Reino, reavivando as forças adormecidas, para a construção de uma humanidade nova, livre das trevas do sofrimento, da marginalização e da morte.

Frei Sandro Roberto da Costa, OFM - Petrópolis/RJ

2º DOMINGO DO ADVENTO

Marcos 1,1 – 8

Conforme está escrito no Profeta Isaias: Eis que envio meu anjo diante de ti: Ele preparará teu caminho. Uma voz clama no deserto: Traçai o caminho do Senhor, aplainai suas veredas (Mt 3,1); Is 40,3). João Batista apareceu no deserto e pregava um batismo de conversão para a remissão dos pecados. E saiam para ir ter com ele toda a Judéia, toda Jerusalém, confessando os seus pecados. João andava vestido de pelo de carneiro e trazia um cinto de couro em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel Sivestre. Ele pôs-se a proclamar: “depois de mim vem outro mais poderoso do que eu, ante o qual não sou digno de me prostrar para desatar-lhe a correia do calçado. Eu vos batizei com água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo”.

Comentário

“Preparai o caminho do Senhor, aplainai as suas veredas”. Clamando pelo deserto, João Batista nos indica que procurar viver conforme a Boa-Nova que Jesus nos trouxe não se trata, simplesmente, de viver dentro de um sistema religioso com certas práticas que nos identificam com tais. Talvez ele queira nos indicar que a fé, antes de tudo é um percurso, uma caminhada, onde podemos encontrar momentos fáceis e difíceis, dúvidas e interrogações, avanços e retrocessos, entusiasmo e disposição, mas também cansaço e fadiga. No entanto, o mais importante é que nunca deixemos de caminhar, pois o caminho se faz caminhando. Boa caminhada de Advento e preparação!

Frei Diego Atalino de Melo

terça-feira, 28 de agosto de 2018

12. JESUS E OS POBRES






Jesus e os Pobres


A vocação profunda, incoercível, livre, de ser útil, de extender a mão no gesto de auxílio, de dizer a palavra de conforto, de participar com o coração das aflições do próximo  e  tudo  fazer para aliviá-las, oriunda desse misterioso sentimento  de  culpa que  nos  domina e humaniza, estava pedindo em mim uma satisfação egoística menos intensa em favor de uma satisfação espiritual mais completa.

Foi depois de ler "A Descoberta do Outro" de Gustavo Corção que "fiz a maior descoberta de minha vida: a caridade é um ato de amor ao próximo por amor a JESUS. Esta verdade velha de 2000 anos passou centenas de vezes pelos meus olhos e pela minha inteligência. Mas o meu coração veio a descobri-la não faz mais de meia duzia de anos.

Se o que fazemos pelo próximo não o fizermos por Jesus, vale imensamente para o próximo mas para a salvação de nossa alma vale muito pouco. Se não identificamos a Jesus no próximo cuja miséria nos subjuga o coração e clama pelas nossas mãos no amorável gesto de auxílio, não fazemos mais do que monologar com as nossas próprias sombras, no encalço de uma mesquinha paz interior, sem sentido porque destituída do seu verdadeiro objeto. A consciência da presença sobrenatural  de JESUS na miséria  do  próximo, que tão vivamente
nos excita à  piedade e  impele  ao  amoroso gesto de ajuda, completa a relação
moral em que, na verdade, nós passamos de sujeito a objeto da caridade.

Quando penetrei pela primeira vez na pequena e mal iluminada sala de reuniões da Conferência da Imaculada Conceição e roguei humildemente que me admitissem como noviço, não fiz mais do que seguir o caminho de minha caridade que procurava a JESUS, que não se satisfazia mais consigo própria, que estava na iminência de deixar de ser minha para ser de JESUS. A caridade vicentina sempre me fascinou. Ingressar na admirável Sociedade era o mesmo que me integrar na tradição de mais de três séculos de amor ao próximo, de caridade ativa, espiritual e material, de ajuda efetiva aos necessitados, aos abandonados, aos pobres e miseráveis de todo o mundo, e tudo fazer obscuramente, humildemente, com Jesus e por Jesus.

Depois de quasi dois anos de atividades vicentinas ainda não consegui libertar a minha caridade do plano terreno e integrá-la no plano divino, tornando-me a mim mesmo um pobre de Jesus, mas estou no caminho certo, tenho peja frente um fim perfeitamente nítido a alcançar. E, o que é importante para socorrer-me na minha fraqueza, milhares de vicentinos seguem o mesmo caminho e lutam pelo mesmo fim. O que dantes era fácil e superficialmente agradável tornou-se árduo e difícil mas profundamente pacificador. Passei de ajudador a ajudado, de socorrista a socorrido, de sujeito a objeto de caridade, de provido a necessitado. Sim, imensamente mais necessitado de JESUS do que os pobres que assisto.

Os que vêem os pobres em si, ajudam porque temem a pobreza; é um modo de afastá-la e de sentir-se menos culpado. São melhores do que aqueles que não vêem os pobres e cultivam displicentemente o automatismo filantrópico. Mas  os que se vêem nos  pobres e  neles  procuram  a JESUS, esses estão, na verdade,
fascinados pela pobreza, pela dignidade da pobreza, pela pacificadora equidade da pobreza. De uma coisa nós vicentinos estamos certos: quando a pobreza conquistar o mundo, não haverá mais lugar para a miséria, esse mal espantoso que o tecnicismo do século XX pode adjudicar-se como uma das suas mais extraordinárias conquistas.

Ninguém irá a Jesus senão pelo caminho da pobreza. Ninguém será recebido no Céu se não levar pelas mãos um pobre de JESUS que por nosso esforço ascendeu da miséria à pobreza.

                                                     CFD. ANTENOR NASCIMENTO FILHO



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Artigo publicado na Circular Periódica do Conselho Metropolitano de São Paulo, por ocasião do 1º CENTENÁRIO DA PROCLAMAÇÃO DO DOGMA DA IMACULADA CONCEIÇÃO!
1854 - 1954.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

15. A IMACULADA CONCEIÇÃO E A ASSISTÊNCIA SOCIAL










A IMACULADA CONCEIÇÃO E A ASSISTÊNCIA SOCIAL


Existe na língua portuguesa uma palavra pequenina que, apesar de se constituir de apenas três letras, traduz o que o homem possui na sua vida terrena, de mais grandioso, de mais nobre e de mais divino.

A lembrança desse nome tão pequenino desperta em nossos corações sentimentos os mais puros e os mais profundos. Sentimentos de emoção e de felicidade. Sentimento de gratidão e de saudades.

E esta palavra, que muitas e muitas vezes os homens, com a alma de joelho pronunciam com ternura e devoção, é MÃE: pedaço do paraíso por sobre a terra, presente de Deus às criaturas. MÃE, dizem os homens de todas as idades, invocando nas suas dores e sofrimentos aquela que um dia lhe deu o ser. MÃE, dizem os cristãos nas grandes crises do espírito, pedindo e implorando em linguagem dorida e lacrimosa, amparo e proteção.

A relação do filho para com a sua mãe é, no gênero humano, algo de substancial e necessário. Para o cristão e para o vicentino que se dedica às obras de Assistência Social, é um atributo essencial na vida, sua devoção à Mãe Santíssima e à Imaculada Conceição.

Foi, por certo, compreendendo essa grande verdade que, sob o manto maternal da Virgem, se acolheram os grandes iluminados pela Igreja Católica, São Vicente de Paulo - o patrono de todas as obras de Assistência Social que existem e florescem por sobre a terra à sombra do evangelho, e ANTÔNIO FREDERICO OZANAM - o fundador das Conferências Vicentinas, esta instituição tão simples, como simples é a caridade, que se espalha pelo mundo para praticar o bem, buscando antes de tudo a santificação de seus membros. 

A proteção da Excelsa Mãe de Deus sempre se manifestou de maneira eloquente para com a Sociedade de São Vicente de Paulo, muitos séculos antes de sua fundação. Já nos seus mais tenros anos, Vicente de Paulo sentia nos refolhos d'alma a voz misteriosa da Virgem Santíssima que o convocava para ser o grande benfeitor da humanidade sofredora. Era ainda criança e já aparece no seio da família, qual santuário doméstico, como filho dileto e carinhoso de Maria. Todas as manhãs, Vicente de Paulo, aquela criança pobre que desde pequeno aprendera, por necessidade a lutar para ganhar o pão de cada dia, antes de partir para pastorear as ovelhas de seu pai, ajoelhava-se diante de uma pequenina imagem da Imaculada Conceição que ele mesmo entronizara no tronco de um velho carvalho, em nicho preparado pelas: suas próprias mãos, para implorar as suas bênçãos e proteção. Depois da oração matinal, em contacto com a natureza, Vicente de Paulo partia para o trabalho, levando n'alma os influxos sublimes de fôrça sobrenatural que o levaria mais tarde às alturas luminosas da graça santificante. Eram os primeiros lampejos da sua vocação para o apostolado do bem e da verdade. Era o prenúncio do grande discípulo da Imaculada Conceição que deveria assombrar o século em que viveu. E o menino apóstolo, sob o influxo do amor filial, formou o seu coração, qual anel de ouro, onde Deus encastoara, como diamante do Céu, o amor à excelsa Rainha do Céu, da terra e do mar. Eram os golpes da graça a acutilá-lo. As culminâncias da santidade não se alcançam jamais de  um   só  voo d'alma. São  passos  lentos,  dolorosos,  constantes,  os 
que costumam  dar que  pretendem  dominar  os  cimos  da virtude e se
entrincheirar ali de modo e inexpugnável. A visão dos santos no esplendor da glória é sempre admirável. Mas é de mais proveito para o espírito a análise dos meios pelos quais se atinge a própria glória. Já o universo no fundo do espaço se abre como imensa Bíblia, onde os astros escrevem com letras de ouro o nome de Maria. 

Leitor assíduo desse grande livro da natureza deve ser o homem, supremo Rei da criação, que do trono da terra estende o seu reinado por todo o mundo. Se todo o coração sensível, se toda a alma que sabe sentir as maravilhas do universo, não pode deixar de amar a natureza, eis que ela é a síntese mais perfeita de todas as artes: arquitetura -- escultura - pintura .- música e poesia, que tem por autor DEUS, gênio incomparável artista extraordinário, que gravou indelevelmente nos homens, todas as formas do pensamento.

A esmola é preceito dos livros santos. O seu valor é por isso mesmo inestimável. Quando atendemos de boa vontade, com espírito cristão, a um pobre, praticamos a verdadeira esmola; se o socorremos, mas não de coração, exercitamos a simples esmola; se, porém, o auxiliarmos com manifesto desamor, deixamos de exercer a esmola, mesmo imperfeita, porquanto ela mais se caracteriza por ato de sensibilidade que se transforma em comiseração e grandeza d'alma. A primeira é a esmola sincera que infunde satisfação ao pobre - é acompanhada de um gesto, de uma palavra ou de olhar compassivo. A segunda é inexpressi-va, e a ela o pobre agradece simplesmente; o esmoler procura livrar-se do esmolado sem lhe prestar maior atenção; a terceira escandaliza o pobre, amargurando o benefício verifica-se quando à esmola se segue um ato descaridoso de quem a deu.


"Fazer o bem de má vontade, não é na realidade fazer o bem", diz Santo
Agostinho.

Alves Mendes, o grande orador português, exaltou a caridade, comparando-a à realeza mais adorável da terra e à joia mais benquista de Deus: 
"Porque a caridade é assim. Ela não se revela apenas numa generosa ação simpática, no pão material, numa moeda qualquer, num dom; manifesta-se e traduz em todo o auxilio moral, no bom verbo e no porte, na prece, no carinho, num simples gesto, num sorriso, numa lágrima. Forte como diamante, atraente como o ímã, modesta como a violeta, meiga como a pomba, ela penetra e enleia e perfuma e abrandece os ânimos mais rudes e os desamparos mais duros. Sempre maviosa e humilde, sempre benigna e prolifera, sempre tolerante e paciente, sempre nascente e recrescente, infatigável até a heroicidade e heroica até o martírio, ela voa através dos mares da opulência, prevenindo-lhe as voragens, rompe através das sarças da pobreza, despontando-lhe os espinhos. Prova-se, prima-se, guia-se, desnuda-se, desentranha-se, sacrifica-se, ri e chora; perdoa e cala, implora e canta; vai ao cárcere, ao hospital, ao asilo, ao albergue, à escola, à oficina, à creche, aos recessos do tugúrio e aos campos da batalha, ao perto, e ao
longe, e alenta e acaricia e cura e dá - dá do muito e dá do pouco, dá tudo quanto tem; faz tudo para todos, para salvar a todos". 

E Vicente de Paulo observa que, é na caridade que se encontra o paraíso da terra assim como o do Céu.

Cumpre não esquecer: pedir, importa sempre em algum sacrifício. Lembremo-nos da verdade proferida pelo grande Padre Vieira: "A palavra mais dura de pronunciar e que para sair da boca uma vez se engole e afoga é "PEÇO". Por isso, quem pode dar, seja generoso e não espere pela insistência da rogativa. A felicidade consiste em dar. Ditosos os que sabem dar, pois Deus, na sua infinita sabedoria julga como se dá e não o que se dá.

São Vicente de Paulo -   o Santo da Caridade  -   nos ensina  que,    todos
aqueles que se dedicam ao trabalho espinhoso e divino, nobre e patriótico de servir o pobre, através das Obras de Assistência Social, que, antes de visitá-lo, se prostrem diante do Altíssimo para reanimar e fortalecer o espírito de fé e de sacrifício. Para socorrer os desvalidos é preciso revestir-se de paciência, de ternura e de docilidade.

Diante do quadro doloroso e profundamente desolador que se apresentar ante nossos olhos, no século estonteante em que vivemos, é imprescindível e necessário que os vicentinos que queiram seguir os ensinamentos da fraternidade humana, deixados pelo patrono São Vicente de Paulo, e, praticados em toda a sua pujança por Frederico Ozanam, busquem sempre e antes de tudo, na proteção e no amparo da Imaculada Conceição, fôrça, coragem, paciência, energia e tolerância, para bem cumprir a sua missão de apóstolos da caridade.

Para alcançar   um mundo   melhor e   bem   servir  à  sagrada causa de 
proteção ao pobre, é sumamente reconfortante para os vicentinos que se dedicam às Obras de Assistência Social, agasalhar-se sempre sob o manto azul e maternal da Imaculada Conceição, excelsa Rainha e protetora da Sociedade de São Vicente de Paulo. Sob as bênçãos da Virgem Santíssima, as instituições beneficentes que se alicerçam sob o sentimento do amor e da fraternidade humana, nascem e florescem por sobre a terra, alcançarão o seu grande e nobre ideal .-

                                                                            Cfd. Antônio Luiz Traina




Artigo publicado na Circular Periódica do Conselho Metropolitano de São Paulo, por ocasião do 1º CENTENÁRIO DA PROCLAMAÇÃO DO DOGMA DA IMACULADA CONCEIÇÃO!
1854 - 1954.



sábado, 25 de agosto de 2018

14. A VIRGEM MARIA NA VIDA DE OZANAM


A VIRGEM MARIA NA VIDA DE OZANAM


























"Homens, homens de alma imortal, mas homens 
de carne e de sangue, nossa vida toda consiste,  
conscientemente ou não, na procura apaixonada 
da beleza e do amor".




LOUIS CHAIGNE, em seu livro primoroso sobre "A Vida de Maria", estabelece essas primícias sobre as quais vai, na suavidade de sua dissertação e na sublimidade de seus conceitos, erguendo um hino de glória à Virgem Maria.Se analisarmos o íntimo de nós mesmos, nas profundezas  dos segredos  de  nosso ser, sem  preconceitos  que  deturpem a clareza  de nosso ser, sem  preconceitos que deturpem a clareza de nosso raciocínio, nem subtilezas que procurem toldar a limpidez da mente, clara se nos depara toda  a  acuidade e profundeza do conceito de quem com tanta delicadeza  acercou-se  da vida de Maria, ainda que muito de humano pareça talvez colocar na base  de suas reflexões sobre Aquela que do humano tanto se distanciou pelo cunho divino que lhe foi impresso.

E nesse exame, feito no silêncio de nossa consciência, quando penetrando a sós em nós mesmos  nos  descobrimos  tal  como  somos,  sem preocupação de nos mostrarmos sob prisma diverso da nossa própria realidade, o que encontramos? Não é o encanto do que é belo que nos fascina?  Não  é  a beleza  que amamos? Mesmo que, toldado pela maldade, se afaste do belo o que amamos, é sempre o que supomos pleno de beleza aquilo a que se nos prende o coração, aquilo que o seduz e o arrasta com fôrça incoercível, superior mesmo aos ditames da vontade.


A beleza  sob  todas  as  suas formas, foi e  será  sempre  o  imã que atrai o ser humano e que o torna o seu eterno enamorado.

A obra divina que é o mundo, pelo que encerra de grandioso e belo, prendeu em sua teia recamada de maravilhas  o  olhar  eternamente atônito da humanidade: o azul do céu, que se afigura infinito, a contrastar  com o verde oscilante do mar que beija, sem se esfalfar de lhe prodigalizar carícias, a areia alva das praias e o cinzento dos penhascos. E quando no firmamento se poem a brilhar miríades de estrelas, no cintilar de sua beleza, não se sente a mirá-las embevecido o olhar humano?

E o homem, à imitação do Criador, põe-se a criar também o que se lhe afigura concretizar o belo: os grandes monumentos que ornam nossas cidades, os templos que as enriquecem, as pinturas que hes realçam os encantos. E a magia da música que embala os ouvidos e que nas catedrais ressoa, erguendo da terra aqueles que em suas lages se prosternam? O olhar meigo e límpido do ser pequenino que o volve para nós, o encanto que dimana daquela que Deus criou para ser o complemento da vida humana na terra, a fôrça que é o apanágio do homem, a inteligência que desponta desse arcabouço, maravilha da criação, que é o cérebro humano, tudo isso é um sonho de beleza em que se compraz o homem e que ele ama viver.

Ozanam foi um amante do belo e, pela beleza, de tanto amá-la, lutou desde os primórdios de sua vida, e essa mesma sacrificou por tão nobre ideal.

Achava bela a ciência, e a ela se entregou com amor, reservando-lhe as horas do dia e muitas que pela noite se alongavam.

Bela se lhe afigurava a virtude e por ela sacrificou o ardor de sua juventude; e, sem um momento de desfalecimento até seus últimos dias, por ela pautou a vida, vida que hoje ainda perdura no coração daqueles que lhe procuram seguir a trajetória luminosa deixada na terra a mostrar aos pósteros como se caminha para atingir o Céu.

Para ele era belo esse sentido que irmana as almas: a amizade. Que car-
tas lindas escreveu aos que lhe achavam unidos pelas fibras do coração! E como os sabia agrupar em torno de si para que juntos amorosamente galgassem a senda áspera, por vezes, da virtude! A igreja, pela sua sublimidade e beleza o atraía com irresistível enlevo. E ele a amou e por ela se bateu com incoercível denodo, não permitindo que a irreverência a apoucasse, que teorias menos ortodoxas a mandassem, pesquisando no passado, com paciente labor, tudo quanto a pudesse engradecer no presente.

E nos pobres, cobertos de andrajos, foi a beleza de Cristo que êle soube
descobrir. Amando os pobres, amava a seu Deus. Era a forma humana de demonstrar ao Cristo, incarnação da própria beleza, que ele O amava. Ele via nesses seres, que o mundo relegava e a miséria amesquinhava, uma beleza que se encobria sob a aparência triste e sórdida dos seus corpos: a beleza de uma alma que Deus criara para Si e que destinara a tornar ainda mais belo o encanto do Paraíso.

Tão grande foi o amor que, em consequência, dedicou ao pobre que se não contentou em a eles somente consagrar-se. Chamou, empolgou um grupo de jovens, para que com ele cooperassem na obra de reerguer esses corpos sofredores para que neles melhor pudesse brilhar a beleza de suas almas. E tal foi o ardor com que lançou sua ideia de bondade que até hoje sua obra, ao envés de morrer, pelo mundo todo se alarga e se expande, impulsionada pela fôrça desse ideal que foi a maior ambição de sua vida.

Beleza e amor! Algo que empolga o olhar, que desperta o sentimento e encadeia o coração! Ozanam amou o que era belo. E uma criatura, que pela terra passou no desempenho da mais sublime das Missões, seduziu seu coração. Era bela: "Tota pulchra es! Seu nome? Maria".

Ora a chamam de "Virgem Maria", ora a humanidade dela em pensamento se acerca, denominando-a "Imaculada Conceição". E ainda a Rainha do Céu, a Estrela cio Mar, a Mãe dos Homens, o Refúgio dos Pecadores, a Consolador a dos Aflitos. Tudo quanto de carinhoso lhe pudesse ser atribuído, consagrou-lhe o amor dos que se orgulham de por ela se haverem irmanado ao Cristo.
Beato Papa Pio IX

Revestia-se de incomparável beleza a alma dessa virgem. Mancha alguma de pecado a manchou, nem mesmo aquela original, herança terrível de quantos vêm à luz na terra.

Ela foi imaculada em sua concepção, e ao grande Papa Pio IX coube a honra insigne de proclamar, como dogma de fé, o que séculos de crença e multidão de súplicas reclamavam, no anseio mais nobre que pulsou no coração ela humanidade.
  
                                                    
Et macula originalis non est in te!  
                               
De todo o seu ser irradiava o mistério divino que nela iria formar o tabernáculo em que repousaria, até seu nascimento, o Cristo prometido e que o mundo aguardava.

Tudo nesse ente privilegiado era um desdobrar de milagres. Ana, sua mãe. bendita, já não mais podia supôr, ante a ordem da natureza, que daria ao mundo um novo ser, nem dela se aproximaria seu santo esposo, não o levasse a tanto a ordem expressa de um celeste mensageiro.

É ainda "A Vida de Maria" que nos descreve, em tons de infinita doçura,
falando da virgem pequenina:

"O encanto ela pureza de seus sonhos, seu respirar apenas perceptível,  sob a guarda constante dos anjos e, por momentos, do olhar ansioso e atento de Ana, sua mãe. O encanto do seu despertar matinal desses olhos pequeninos que se abrem e veem cada dia um mundo novo, desses  sorrisos francos e confiantes, dessas mãozinhas  que se agitam com uma tocante incerteza, desses pés pequeninos que ora se agitam ou se encolhem sob a coberta". E depois ... "os passos que se ensaiam, as primeiras sílabas articuladas, os beijos inocentes que se trocam, as carícias que se dão e se recebem". E ... um pouco mais tarde, "a descoberta das flores e a magia das noites da Palestina, os céus recamados de estrelas, estrelas que refletem essa filha dos homens cintilante de luz e de graça. E o encanto das primeiras preces, dos primeiros gestos de um culto todo feito de espontaneidade".

Maria caminha em idade. Já é uma jovem. "E essa criança ignorada tudo
sabe, possuindo a integridade da inteligência. Não necessita do uso dos sentidos para compreender e descobrir. Já reside nela a ciência da graça. Apenas seu corpo é jovem. Sua alma, visitada por miraculosas complacências, abre-se sobre horizontes divinos.

Quando de Maria se aproximou o Arcanjo Gabriel, trazendo-lhe a mensagem divina, assim no-la relata uma visão de Maria d'Agreda :

"O príncipe São Gabriel desceu do Empíreo acompanhado de milhares de anjos, qual deles mais belo. Trazia um diadema de singular esplendor, e suas vestes reluziam de cores diversas. E desceu em Nazaré onde se encontrava uma pobre morada. A divina Dama tinha então quatorze anos, seis meses e dezessete dias. 

Seu talhe ultrapassava o das outras jovens de sua idade, sua pessoa era agradável à vista, bem proporcionada, de rara beleza e perfeição.

Seu rosto era oval, os traços finos e delicados; de cor clara e algo morena, fronte larga e bem proporcionada, cílios em arcos, olhos grandes e modestos de colorido entre o negro e o verde escuro de incrível beleza e de um riso inocente, nariz unido e perfeito e boca vermelha e pequenina".

Assim em verdade devia ser Aquela que  de  tantos dons  foi  ornada por
Quem nela ia formar o corpo humano de seu divino filho.

Que mais belo templo poderia ser erguido a Deus que esse corpo e essa
alma de Virgem!

Que tabernáculo mais augusto que esse cibório que nenhum ouro da terra de longe poderia assemelhar-se!

Ante tanta beleza curvou-se também, como tantos outros no decurso dos séculos que o precederam, aquele que um dia, em Abril de 1813, foi receber o batismo em Santa Maria de Servi, em Milão, dias após seu nascimento. Sob o signo de Maria assim se iniciou a vida de Ozanam. Quantas vezes, certamente, dela lhe falou a mãe que de tanto carinho o embalara e de quem ele guardou sempre, longe em Paris ou depois que a morte lhe a roubou, tão doce recordação! É certo que assim foi pois que seu enlevo por Maria, nome que também o era de sua mãe, o levou, adolescente ainda, a consagrar-lhe os primeiros versos que brotaram de sua alma que a poesia embelezava.

A seu irmão Carlos Ozanam elevemos o encanto de haver conservado para transmitir à posteridade esse legado poético em que vibrava a alma de Frederico. Ainda em 1834 e 1835, em outros versos cantou Ozanam a beleza e a glória de Maria.

E quando,  em  Paris  reuniu seus amigos para com eles formar as Conferências de São Vicente de Paulo, foi nas mãos da Virgem que depositou suas esperanças de que vingasse a obra vicentina.

A data de 8 ele Dezembro, dia consagrado à Imaculada Conceição, passou a fazer parte das festividades mais caras da Sociedade incipiente, como penhor de seu futuro.

Mais uma vez revelou ele seu amor à Maria quando, ao abrir o coração a
seu amigo Dufieux, nessas confidências de que era tão pródigo quando a amizade lhe descerrava o silêncio dedicado ao estudo, assim se exprimia:

"Duas coisas de modo especial nos fazem palpitar, jovens cristãos, de generosa ambição: a ciência e a virtude. Havia resolvido que esses dois anos que me restam ainda passar em Paris seriam dedicados a trabalhos mais sérios e a uma reforma moral mais completa. E meu desejo, eu o coloquei sob os auspícios da Mãe Celeste".

Depois que seu lar cristão se formou, concedeu-lhe o Céu o presente de uma filhinha. E de novo se voltou seu pensamento para Maria, e o dela foi o nome que lhe deu. Esta notícia, tão do agrado de seu coração, transmitiu-a jubiloso a seu amigo Foisset :

"Que momento aquele em que ouvi o primeiro choro de minha filha, em que contemplei essa criatura pequenina, mas criatura imortal, que Deus depositava em minhas mãos! Com que impaciência vi chegar a hora do seu batismo! Damos-lhe, então, o nome de Maria, que também, era o de minha mãe, e em homenagem à excelsa padroeira a cuja intercessão atribuímos esse feliz nascimento!"

No seu viajar constante, a que o desejo de saber ou a saúde combalida o conduziam, extasiava-se sua alma quando lhe era dado visitar um templo consagrado a Virgem. A Igreja de Milão em que fora batizado, a Casa de Loreto, a catedral de Burgos, o santuário de Nossa Senhora de Buglose, nas proximidades do local que tanto também lhe falava de Vicente de Paulo o santo de suas Conferências: a igreja de Nossa Senhora de Fourviere, em sua tão querida Lião, todos estes santuários e tantos outros aos quais ia levar suas homenagens e suas súplicas a Maria, foram marcos que lhe deixaram traços indeléveis na vida.

Encontrando-se nas vizinhanças  de  Livorno, quando já as fôrças lhe faltavam e sentia que seus dias iam findar, quis, mais uma vez, dirigir-se à igreja dessa localidade. Festejava, então, a Igreja a festa da Assunção. Insistiu com a esposa, que mandava vir uma carruagem, em ir a pé. "Será talvez, lhe disse, meu último passeio neste mundo. Quero que ele seja para visitar o meu Deus e a sua Mãe". E Ozanam conseguiu realizar, não sem sofrimento para o corpo mas com júbilo imenso a inundar-lhe o coração, o sublime desejo. Foi assim que assistiu pela última vez o sacrifício da Missa. E sua alma toda penetrou no mistério augusto de um Deus na renovação perene de seus sofrimentos para que pudesse a humanidade livrar-se do próprio sofrimento.

Não lhe foi dado festejar na terra a proclamação do dogma da Imaculada Conceição feita em 1854 por aquele Papa, que ele tanto admirou e que tão paternalmente o abençoou: Pio IX. Esta festa ele a assistiria no Céu.

A 8 de Setembro de 1853 deixou Ozanam o mundo cuja beleza ele amara, trocando-a por outra, infinitamente mais bela.

Veio colher-lhe a Virgem que nesse dia celebrava seu aniversário. E Ozanarn lhe ofertou o presente que mais precioso lhe era: a própria vida.

                                                              Cfd.  JOÃO PEDREIRA DUPRAT



¹) Artigo publicado na Circular Periódica do Conselho Metropolitano de São Paulo, por ocasião do 1º CENTENÁRIO DA PROCLAMAÇÃO DO DOGMA DA IMACULADA CONCEIÇÃO!
1854 - 1954.


terça-feira, 21 de agosto de 2018

13. A IMACULADA CONCEIÇÃO: MODELO DE CARIDADE







A IMACULADA CONCEIÇÃO - MODELO DE CARIDADE

As comemorações do abençoado Ano Mariano terão seu "fecho de ouro" no próximo dia 8 de Dezembro - festa da IMACULADA CONCEIÇÃO, quando ocorre o 1º centenário da promulgação desse inefável dogma de fé católica, pelo intrépido Papa Pio IX - de santa memória.

A Sociedade de São Vicente de Paulo - que se tem esmerado em diversas comemorações nas circunscrições distritais da Arquidiocese Paulopolitana - ainda escolheu o dia 12 de dezembro, na oitava daquela grandiosa solenidade, para renovar o testemunho de seu intenso amor filial e render pública homenagem à VIRGEM MÃE DE DEUS, consagrando-Lhe todos os corações vicentinos. Da Praça da Sé, junto à escadaria da Catedral de S. Paulo, na manhã do dia 12 partirá piedosa romaria penitencial com destino ao majestoso Santuário da Imaculada
Conceição, no alto da Avenida Brigadeiro Luiz Antônio. Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, estimado Cardeal-Arcebispo, foi convidado para celebrar a Missa gratulatória e distribuir a Comunhão a centenas de Vicentinos.

Em conformidade com o tradicional espírito da Sociedade, legado por Ozanam e seus companheiros de ideal, e cujo fim primordial é a santificação dos seus membros pelo exercício diuturno da caridade evangélica, cumprindo o grande mandamento, "amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos", podemos contemplar na IMACULADA CONCEIÇÃO o mais perfeito MODELO DE CARIDADE. Eis algumas considerações:

Dizendo-se "Serva do Senhor", Maria atendeu solícita ao apelo divino pela embaixada angélica -"Ave, Maria, gratia plena, Dominus tecum!... " que Lhe exaltou as peregrinas virtudes e prerrogativas. Revelou Ela, então eleita co-Redentora do gênero humano, imensa caridade para com a pobre humanidade decaída da graça divina.

Assim que soube, pelo mesmo embaixador celestial, do estado de sua prima Izabel, esqueceu-se de si própria, ainda jovem carecedora de cuidados especiais: "não se demora a resolver-se, não vai devagar na sua longa viagem, mas com pressa". A esse ato excelente de caridade, alia profundo espírito de humildade: olvida Sua dignidade maternal ou a diferença existente entre o filho divino de suas entranhas imaculadas e o filho de Izabel, já adiantada em anos, e parte pressurosa para ser-lhe útil.

Que quadro admirável e quantos ensinamentos nesse amplexo fraternal das duas primas em estado de santa espectação (esperança)! Maria, ao saudar Izabel, contribui para o milagre da santificação da alma de João Batista que estremece no seio de sua velha mãe. E Izabel fica cheia do Espírito Santo, exclamando arrebatada: "bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!" E continua comovida: "D'onde me veio a felicidade de vir visitar-me a Mãe do meu Senhor?" Nessa atitude Izabel inspirada reconhece e proclama a grandeza do Filho de Maria e O chama "seu Senhor" ...

Maria reconhecida entoa o sublime cântico do Magnificat:

"A minha alma engrandece ao Senhor e o meu espirito exulta em Deus,
meu Salvador; porque olhou para  a humildade da sua serva, e por isso
de hoje  em diante todas  as gerações me chamarão bem-aventurada!"

Para os corações vicentinos, na efeméride ora festejada, esse mistério da "Visitação" seria suficiente, por si só e pela sua eloquência, para máximo estímulo na prática da caridade, na visita domiciliária bem feita, seguindo de perto o exemplo de Nossa Senhora. Portadores, também eles, de Jesus no coração - recebido pela manhã no banquete eucarístico, irão ao tugúrio ou ao porão da família visitada, implorando-Lhe antes, a assistência maternal. Certos hão de colher sazonados frutos desse perfeito ato de caridade cristã, praticado com esclarecido espírito de zelo, de renúncia e de humildade.

Em verdade, tanta vez ou com frequência são bem penosas as, visitas escaladas nas reuniões das Conferências! Local de acesso distante e difícil, sem condução. próxima; moradia em promiscuidade de infetados cortiços ou de perigosas favelas; família desmazelada e rebelde na qual o marido é inveterado beberrão que maltrata os seus, a mulher desanimada  e  sem zelo  algum  pelas crianças  maltrapilhas  e  sujas... 
No entanto, o Vicentino aproxima-se com sacrifício, cumprimenta-os com afabilidade,  senta-se no único  caixão  velho  disponível;  inicia sua
amistosa palestra com os membros dessa pobre família sofredora; procede a prudentes indagações, mostra interesse pelos seus atos e pela sua vida diária; dá conselhos oportunos ou faz alguma advertência suave... No final, faz entrega discreta do vale semanal para aquisição de gêneros de primeira necessidade e, ainda, de algum medicamento ou de roupas usadas; à saída convida-os para a recitação de uma "Ave Maria". O ambiente, embora tão descuidado e sujo, parece transformado e iluminado- pelo ato de caridade; alguns sorrisos de maior esperança afloram nos lábios daquelas pobres criaturas  em geral vítimas da injus-
tiça social... E o amigo Vicentino fatigado regressa ao seu lar modesto, mais reconfortado e feliz confiante nas bênçãos de Jesus e de Sua Mãe!

Como se não bastasse a atitude edificante de Maria, revelando-se prontamente, e logo após ter-se operado o prodígio da Incarnação do Verbo Divino, o mais estupendo "Modelo de Caridade" - contemplemos, de relance, os gestos maternais da MÃE DE DEUS, por anos a fio, nas aparições verificadas nos dois maiores centros de devoção mariana: Lourdes e Fátima (Cova da Iria). Quantas e quantas graças reveladoras do seu grande espírito de caridade para com os filhos redimidos pelo sangue precioso de Seu Divino Filho!

Neste Pequeno Ano Santo Marial nota-se que, por todos os recantos do universo, a ação de MARIA SANTÍSSIMA tem sido intensificada no propósito de, mais uma vez, contribuir para a salvação da ingrata humanidade, sofreando os castigos divinos - conforme Ela própria tem declarado a afortunadas Videntes. A peregrinação da pequenina Imagem de Nossa Senhora de Fátima tem sido fonte abundante de inúmeras conversões, de saúde alcançada para tantos corpos enfermos, e de recuperação da saúde espiritual para tantas almas afastadas do verdadeiro aprisco. .. Em nosso caro Brasil, a Basílica de Nossa Senhora da Conceição Aparecida tem sido minúscula, no corrente ano, para conter sucessivas multidões de romeiros que recorrem à imensa caridade de Maria Imaculada.

Honrando, pois, a excelsa Padroeira da Sociedade a IMACULADA CONCEIÇÃO - em consonância com a celebração do 1.° Centenário da definição do grande Dogma, procuremos intensificar nossa devoção mariana. Seguindo os exemplos legados por Maria, meditando sempre no mistério da "Visitação", em nosso papel de bons samaritanos, saibamos imprimir cunho santificante às nossas visitas semanais para maior glória de Deus Nosso Senhor, exaltação do nome de Maria Santíssima, e para a salvação de nossas almas -- tanta vezes mais enfermiças e mais necessitadas do que as dos pobres por nós amparados! ¹)

                                                                       CFD. OSCAR AMARANTE






LEMBRAI-VOS
Oração de São Bernardo

Lembrai-vos ó puríssima Virgem Maria,
que nunca se ouviu dizer,
que algum daqueles que tem recorrido
a Vossa proteção, implorado a Vossa assistência e
reclamado o Vosso socorro, fosse por Vós desamparado.
Animado eu, pois, com igual confiança, 
a Vós Virgem entre todas singular, 
como à Mãe recorro, de Vós me valho; 
e gemendo com o peso dos meus pecados,
me prostro a vossos pés.
Não desprezeis minhas súplicas,
ó Mãe do Filho de Deus humanado,
mas dignai-vos de as ouvir propícia
e me alcançar o que Vos rogo. Amém.
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¹) Artigo publicado na Circular Periódica do Conselho Metropolitano de São Paulo, por ocasião do 1º CENTENÁRIO DA PROCLAMAÇÃO DO DOGMA DA IMACULADA CONCEIÇÃO!
1854 - 1954.


"A familia é a escola do sacrifício: é nela que o homem aprende a se privar, a se conter, a se devotar, a viver por outrem" .                                                                    
                     (OZANAM: Melanges, T. 7, As Origens
do Cristianismo, p. 255).