O RETRATO DO PADRE
(De um manuscrito da
Idade Média)
O padre deve ser, ao mesmo tempo,
pequeno e grande, de espírito nobre, como de sangue real, simples e espontâneo como um lavrador, herói no domínio de si, homem que lutou com Deus, fonte de santificação, pecador que Deus perdoou,
senhor de seus desejos, servidor humilde para os tímidos e fracos, que não se rebaixa diante dos poderosos
mas se curva diante dos pobres, discípulo de seu Senhor, chefe de seu rebanho, mendigo de mãos largamente abertas, portador de inumeráveis dons, homem no campo de batalha, mãe para
confortar os doentes, com a sabedoria da idade e a
confiança de um menino, voltado para o alto, os pés na terra, feito
para a alegria, experimentado no sofrimento, imune
a toda a inveja, que vê longe, que fala com
franqueza, um inimigo da preguiça, uma pessoa que se mantém sempre fiel.
«Dar-vos-ei
pastores segundo o Meu coração»
(Jer 3, 15)
O Padre
1. Padre
quer dizer pai. Do Latim pater / patris = pai. O padre é
o pai espiritual da comunidade. Aquele que acolhe, ouve, aconselha, orienta, adverte, corrige, quando necessário, e alimenta de esperança
os fiéis.
O Padre
também é conhecido como sacerdote, ou, então, como presbítero.
2. O Padre é sacerdote
(em Latim, sacer = sagrado + dos = dom).
Ele oferece a Deus o sacrifício da
Eucaristia, memória da Paixão, Morte e ressurreição de Cristo.
3. É presbítero
(em Grego, presbyteros, significa ancião,
idoso, experiente) porque como alguém que já
trilhou caminhos de fé, orienta com sabedoria, seus irmãos, sempre buscando conduzi-los
para a maturidade espiritual.
4. Ser padre não é uma profissão,
algo que alguém escolheu ser, que depen- de apenas e exclusivamente da decisão da pessoa. Ser
padre é vocação, isto é, um chamado de Deus. Exige, sim, resposta
constante.
5. É Deus
quem chama as pessoas para entregarem suas vidas a serviço do Reino. O padre é chamado para ser no mundo uma
presença viva de Cristo. Assim, o padre
torna-se um "outro Cristo", aliás, no exercício do seu ministé- rio, o padre assume a "Pessoa
de Cristo".
6. Portanto, ser padre é
um mistério, algo que a razão tem dificuldade de ex-plicar. O padre é
alguém que foi tirado do meio do povo, consagrado e devol- vido ao povo para servi-lo. Por meio de suas ações, o padre deve fazer trans- parecer o modo de agir de
Cristo, como se fosse Cristo mesmo agindo no mundo.
7. Para fazer com que os
fiéis cheguem à maturidade da fé, os padres, batizam, perdoam os pecados através do sacramento da Penitência, são testemunhas da Igreja nos sacramentos do Matrimônio e
da Unção dos Enfermos. Mas o mais importante
é: os padres renovam o sacrifício de Cristo, a Eucaristia, alimento
para sua vida e para a dos fiéis
(Cf. Decreto Presbyterorur Ordinis, sobre o Ministério e a Vida dos
Presbíteros, nº. 5).
8.
Uma pessoa passa a ser padre a partir da Ordenação, isto é, quando
a lhe conferida o Sacramento Ordem, pela imposição das mãos
de um bispo.
9.
Depois de vários anos de discernimento vocacional, de convivência nos se-
minários, de vários anos de estudo, a pessoa se entrega totalmente
a Deus, para que seja consagrada. A partir da ordenação, o
padre torna-se um cumpri- dor do mandato de Cristo: "Fazei isto em
memória de mim!" (Lucas 22,19).
10.
Dado, portanto, que cada sacerdote, no modo que lhe é próprio, age em nome e na pessoa do próprio Cristo, ele usufrui também de uma
graça especial, em virtude da qual, enquanto se encontra ao serviço
das pessoas que lhe foram confiadas e de todo o Povo de Deus,
possa alcançar de maneira mais conveniente a perfeição d'Aquele
de quem é representante, e cure a debilidade humana da carne
na santidade d'Aquele que por nós se fez santo, inocente, separado dos pecadores. (Heb 7, 26)" (Cf.Pastores Dabo Vobis 21).
11.
Os presbíteros do Novo Testamento, em virtude da vocação e ordenação,
de algum modo são segregados dentro do Povo de Deus,não
para serem separados dele ou do qualquer homem, mas para se consagrarem
totalmente à obra para que Deus os chama.
12.
Os padres, tirados dentre os homens e constituídos a favor dos homens
nas coisas que se referem a Deus, para oferecerem dons e sacrifícios
pelos pecados, convivem fraternalmente com as outras pessoas.
Assim também, o Senhor Jesus, Filho de Deus, enviado pelo Pai
como homem para o meio dos homens, habitou entre nós e quis assemelhar-se
em tudo aos seus irmãos, menos no pecado.
13.
Não poderiam ser ministros de Cristo se não fossem testemunhas e dispensadores
duma vida diferente da terrena, e nem poderiam servir
os homens se permanecessem alheios à sua vida e às suas situações.
14.
O seu próprio ministério exige por um título especial, que não se conformem
a este mundo; mas exige também que vivam neste mundo
entre os homens e, como bons pastores, conheçam as suas ovelhas
e procurem trazer aquelas que não pertencem a este redil, para
que também elas ouçam a voz de Cristo e haja um só rebanho e um só pastor.
15.
Para o conseguirem, muito importam as virtudes que justamente se
apreciam no convívio humano, como a bondade, a sinceridade, a fortaleza
de alma e a constância, o cuidado
assíduo da justiça, a delicadeza, e outras Que o Apóstolo Paulo
recomenda Quando diz: «Tudo quanto é verdadeiro, tudo quanto é puro,
tudo quanto é justo, tudo quanto é santo, tudo quanto é amável, tudo quanto é de bom nome, toda a virtude, todo o
louvor da disciplina, tudo isso pensar» (Fi!. 4,8) (Cf. Pastores Dabo
Vo is, 3).
16. No entanto, nunca
poderemos nos esquecer de que o padre é passível de erros, falhas, limitações e pecados. Enfim, o padre é um ser humano! Mas um ser humano que
busca a graça de Deus, que quer dividir a alegria do seguimento de Cristo com seus irmãos e irmãs.
17. Ao entregar-se a Deus e aos irmãos ousará consagrar-se por inteiro ao serviço do Reino, tornando o celibato uma opção pessoal e livre. Por experiência própria ele descobrirá que a caridade pastoral (em sua dupla face: paixão por Jesus e compaixão pelo povo) pode preencher suas necessidades e carências
enquanto ser humano que precisa amar e ser amado.
18. A vocação
sacerdotal é um dom de Deus para a Igreja inteira,
um bem para a sua vida e missão. A Igreja, portanto, é chamada a
proteger este dom, a estimá-Io e amá-lo: ela é responsável pelo nascimento e pela maturação das vocações sacerdotais.(Cf. Presbyterorum Ordinis 41).
Para refletir e comentar:
1. Lembre o nome de um ou mais padre que tive importância em sua vida.
2. O que acha mais importante na missão do padre?
3. Faça uma oração para ajudar os vocacionados a responderem sim ao chamado.
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