"Nosso Senhor Jesus Cristo é a sua-
vidade eterna dos homens e dos
anjos, e é por esta mesma virtude,
que devemos de fazer de tal forma
que, possamos ir à Ele e para lá
conduzir os outros".
São Vicente de Paulo
FESTA REGULAMENTAR
Já há algum tempo venho
notando que as Festas Regulamentares já não são as mesmas de outros tempos,
quando se procurava manter as finalidades e objetivos ideados pelos fundadores.
Outrora, observava-se que os confrades e consocias, como católicos praticantes,
cumpriam com fé e um certo rigor, suas obrigações para com a Sociedade de São Vicente de Paulo e, a
Sociedade por sua vez, retribuía desenvolvendo em nós o espírito prático da devoção, e isso
contribuía para que, cada vez mais, ela se tornava credora de maior estima
nossa. Isso muito estimulavam os confrades e as consocias a amar mais suas
Conferências, tornando-se assíduos e pontuais.
Apenas lembrando, a Assembleia Geral, também chamada de
Festa Regulamentar, é a reunião de confrades e consocias das Conferências de um
ou mais Conselhos Particulares, ou de outro Central ou, de um Conselho Metropolitano. O
primeiro Regulamento da Sociedade considerava como Assembleia Geral “toda
sessão mais solene em que, presentes membros ativos, honorários e benfeitores
da Conferência, se relatam os benefícios feitos e os resultados alcançados”. A
assembleia seria precedida da participação da Santa Missa e depois, das orações
em comum que muito concorria para o fervor da piedade. E para poder ganhar as Indulgências concedidas aos vicentinos, era necessário confessar, assistir a
Missa, comungar e participar da Assembleia Geral, conforme o Breve de 10 de
janeiro de 1845 do Papa Gregório XVI.
Temos notado que, ano após ano, o número de
participantes nas Festas Regulamentares tem diminuído, não chegando, na
atualidade, a 60%, isto na nossa área de atuação, o Conselho Central Sudeste de S. Paulo. Conversando com alguns vicentinos faltosos, as
justificativas e desculpas quase nunca satisfazem, demonstrando um vicentinismo
primário e indiferente. Entendo que em certas circunstâncias, surgem situações imperiosas e
imprevisíveis que justificam as ausências. Porém, apenas para constar, alguns sitam como motivo o dia, o horário e a duração do evento.
Ora, por se tratar de uma reunião periódica, precisamos
ser mais pacientes e condescendentes, pois é a oportunidade que temos, de tempos
em tempos, de estabelecer um encontro fraterno com os demais vicentinos, rever
velhos amigos e conhecer os novos participantes, para uma troca de ideias
durante o tradicional café vicentino, de ouvir as orientações dos Conselhos, e
de manifestar-se quando a palavra é franqueada.
Nessa altura, cabe aqui uma indagação: não será quê, ao
menos, parte da responsabilidade do acontecimento, cabe ao Conselho que a
promove? Será que esses eventos foram bem planejados, com uma pauta bem
executada, dando a Assembleia aquilo que ela deve ser, ou seja, uma FESTA. Na
época em que o diálogo é amplamente solicitado e divulgado, a sequência de
leitura espiritual, leitura de ata e discursos, se privilegia o monólogo.
Na verdade, a fraca participação dos vicentinos nas Festas Regulamenta-res (salvo alguma rara exceção), vem sendo observadas a longo
tempo; senão vejamos. Por ocasião da Assembleia Panamericana realizada em 1966 em São Paulo,
o então, Vice-Presidente Geral, confrade Georges Thaury, assim se manifestou a respeito:
“Em
nossas assembleias deve haver verdadeiras discussões... não simplesmente
informações convencionais. Os Conselhos Particulares devem fazer com que os
novos vicentinos participem de suas responsabilidades. Que os jovens nelas
tomem parte. Que os adultos não fiquem com todas as respostas. Haja verdadeiras
leituras espirituais, não necessariamente obras piedosas – que não se faça
dormir os confrades. Que a leitura não seja demasiadamente extensa. Poderia
reduzir-se a uma única frase seguida de um silêncio de meditação e logo a
recitação dos resultados da meditação. Deve haver maior fraternidade entre os
confrades”.
É claro que os nossos dirigentes já se aperceberam que
as Festas Regulamentares, vem perdendo aquele entusiasmo primitivo e que
precisam atualizar-se, quem sabe, com uma roupagem nova, uma proposta
inovadora, capaz de animar e atrair, não só as consocias e confrades veteranos,
assim como, jovens entusiastas, capazes de dar vida nova a já tão debilitada e
velha rotina.
MM
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