A
Educação Cristã
Caros amigos e irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo.
Antes de mais nada quero participar aos senhores, para que
depois não saiam daqui decepcionados, que vou apenas tecer algumas
considerações sobre a educação cristã, as quais não vão, em absoluto, esgotar o
assunto, ficando sem dúvida ainda muita coisa por ser focalizada; será talvez
antes uma meditação que farei junto aos senhores sobre a responsabilidade dos
pais cristãos.
Faço assim este aviso prévio porque, por ser eu filha de quem
sou, pode ser que estejam esperando alguma conferencista, com grandes rasgos de
oratória. Infelizmente não herdei esta qualidade de meus pais mas eles me
legaram, isto sim, coisa muito mais preciosa, coisa de que me orgulho e que
somente lhes poderei retribuir legando-a também aos meus filhos, e que Deus me
ajude neste mister: uma Educação Cristã.
E deixo aqui hoje, de público, o meu reconhecimento por este
legado inestimável a este querido Paizinho que aqui está e à minha santa
Mãezinha ... que aqui está também na pessoa dele; tanto ela está aqui como ele,
com ela, no seu leito de dor ...
Parece, a princípio, estranho alguém falar sobre a educação
cristã numa Conferência de São Vicente. Mas se o caso fosse de se falar sobre
Ozanam, os pobres ou São Vicente de Paulo, milhares de pessoas estariam mais
indicadas a tomar o meu lugar hoje.
Não, que neste assunto seja eu então muito competente mas, pelo
menos, é o mister de que me devo desincumbir, na situação presente, já que
tenho sete filhos pequenos e dos quais lhes posso trazer algum testemunho.
Por outro lado, há uma analogia entre a família, cristã e a
grande Família Vicentina. As grandes almas, voltadas ao próximo por amor de
Deus, devem necessariamente provir - salvo raras exceções, - de famílias onde
se ensina a caridade fraterna, onde o amor a Deus é cultivado desde o berço,
enfim, de famílias essencialmente cristãs como foi a de Ozanam.
De fato, nas famílias e, principalmente nas famílias numerosas,
as crianças fazem como que um estágio para a vida futura. Que melhor meio para
desenvolverem-se virtudes como a Justiça, a Obediência, a Temperança, a
Fortaleza? (e como é necessário desenvolver, principalmente nos meninos, esta
virtude da Fortaleza!)
Na família a criança precisa dividir seus brinquedos e suas guloseimas;
que melhor coisa para lhes incutir a ideia da prioridade do bem comum sobre o
individual?
Quando uma criança se entristece e reza por seu irmãozinho
doente, está preparando-se para mais tarde saber olhar ao redor e procurar sanar
os males do mundo, como o faz os beneméritos vicentinos.
Já que justifiquei, -
penso – convido-os agora a fazerem comigo esta meditação. Ela começa com um
trecho da “Casti Conubii” de Pio XI que diz assim:
“Os pais cristão compreenderão que não são destinados só a
propagar e conservar na terra o gênero humano e não só também a formar
quaisquer adoradores do verdadeiro Deus, mas a dar filhos à Igreja, a procriar
concidadãos dos santos e familiares de Deus, a fim de que o povo, dedicado ao
culto do nosso Deus e Salvador, cresça cada vez mais de dia para dia."
Quanto a esta última parte do trecho citado, tenho uma pequena
estatística a lhes dar: Se um casal cristão tiver apenas cinco filhos e estes,
por sua vez, casando-se derem origem a cinco cristãos cada um, e assim
sucessivamente, na décima geração teremos perto de dez milhões de cristãos. Se
partirmos de cinco famílias apenas, teremos 50 milhões de cristãos e supondo
que cada cristão converta apenas um seu semelhante, teremos CEM MILHÕES de
católicos integrais a formar um povo de Deus.
Portanto, nós poderemos modificar o mundo. Essa desculpa que se
ouve muito por aí: "É, muita coisa está errada mas quem sou eu para mudar
o mundo?” é uma argumentação falsa. Nós somos uma força em virtude da Comunhão
dos Santos, do Corpo Místico de Cristo. "Uma alma que se eleva, eleva o
mundo", já nos dizia o Pe. Demarais.
Mas voltemos à nossa meditação: Assim como não se pode dizer que
um soldado ganhou uma guerra somente porque realizou um ato de bravura, assim
não é com pôr no mundo uma ou mais crianças que se pode dizer que os pais cumpriram
sua missão; eles têm grande tarefa a realizar, trabalhar dia a dia para o bom
desenvolvimento desses pequenos seres, já no terreno físico, já no intelectual e,
sobretudo, no sobrenatural, que é o de que nos vamos ocupar agora.
A vida sobrenatural da graça não é outorgada à criança pela ação
direta dos pais, mas sim indiretamente, quando a levam para receber o Batismo.
Ficam desde então os pais, depositários de um "segredo" de Deus, pois
têm uma alma a zelar, uma alma que deverá crescer, desenvolvendo principalmente
as três virtudes teologais que lhe foram infusas. (Lembremo-nos da parábola dos
"talentos”). Mas de que modo poderão os pais influir neste crescimento?
Em primeiro lugar, não lhes sendo empecilho tornando-se
transparentes à ação de Deus, ou antes, canais que favorecem esta ação. Em
segundo lugar, sendo eles próprios modelos de vivência cristã.
De fato, não se pode, em sã consciência, educar uma criança
dizendo: "faça o que eu digo e não o que faço" porque a criança tem
uma tendência muito pronunciada para imitar o adulto; é uma verdadeira lei de
mimetismo que nela se processa. E aqui está a nossa
responsabilidade. Que modelo de adulto nós lhes oferecemos?
Quando Ozanam tornou-se pai da pequenina Maria escreveu assim a
seu amigo Foisset: "Não posso pensar nessa alma imperecível da qual terei
que dar contas, sem que me sinta compenetrado de meus deveres. Como poderei
dar-lhe lições, se não as pratico? Poderia Deus lançar mão de um meio mais
amável para instruir-me, para corrigir-me e me pôr no caminho do Céu?" (Cartas de
Frederico Ozanam, 2º vol., pgs. 59-60).
Lendo o Pe. Caffarel no seu livro "Propos sur l'amour et la
grace”, deparei com um artigo dedicado aos pais e no qual ele pergunta
abruptamente: "Pais! Vocês amam, verdadeiramente, seus filhos?" E
continua mais ou menos nestas palavras: "Estou a ver a estupefação, o
escândalo que esta minha pergunta está causando. É lógico que os pais amam seus
filhos, pois não fazem tudo por eles? Até parece que este amor foi o único que
não sofreu influência nefasta, de maneira alguma, do pecado original! Pois eu
não estou assim tão seguro desta afirmação e muitas vezes esse propalado amor nada
mais é que egoísmo."
De fato, muitas vezes os pais querem que seus filhos sejam
educados e façam uma boa figura porque seus nomes estão em jogo; amam neles o
prolongamento de si mesmos, esquecendo-se de que eles têm uma personalidade a
desabrochar, uma resposta precisa a dar a Deus quando ouvirem o Seu chamado.
Não lhes ensinaram, principalmente, a fazer bom uso de sua liberdade futura,
condicionando-a às leis de Deus.
Com efeito, observemos a conversa de adultos à mesa num domingo,
por exemplo: em primeiro lugar, critica-se o sermão do padre e suas atividades;
dali passa-se para o Bispo: não se está de acordo com suas ordens. O país?
Muito mal governado; as leis precisavam ser revogadas... E assim por diante. O princípio da Autoridade é
enxovalhado... e a criança ali está, olhos muito abertos, bebendo aquelas
"lições". Em sua mente se forma a ideia de que ser adulto é poder
dizer o que se pensa, é poder rebelar-se contra os princípios estabelecidos e
nisto consiste a LIBERDADE, tão ambicionada.
Como poderão pais assim espantar-se diante da rebeldia dos
adolescentes? Eles estão agindo com lógica. Nós é que estamos completamente
errados quando lhes dizemos: "Procurai antes o reino de Deus e tudo o mais
virá por acréscimo", ao mesmo tempo que empenhamos todos os nossos
esforços e nos preocupamos e fazemos violências para adquirir coisas materiais
- um lugar na política, um bom emprego, um casamento vantajoso para o filho, -
deixando que o "reino de Deus" é que venha por acréscimo.
As crianças são muito espertas e concluirão: tudo isto que nos
pregam é muito bonito, mas na ordem prática das coisas, o que vale é o reverso
da medalha.
... E tínhamos o exemplo de Cristo que ao ensinar seus
discípulos sempre dizia: "Não digo isto por Mim mas CUMPRO a vontade do
Pai que me enviou". De quantas mil maneiras proclamou Cristo a Sua
dependência do alto, Ele, o adulto por excelência ...
O Pe. Caffarel citava três exemplos tristes de adolescentes
transviados, provindos de famílias ditas cristãs - e nós, infelizmente,
teríamos tantos outros a juntar - e concluía afirmando que, se eles não tinham
imitado as virtudes cristãs daquelas famílias é que os exemplos contrários ali
teriam sido maiores e mais fortes ...
Tenho falado aqui no Pe. Caffarel e não sei se o conhecem ou já
ouviram falar no "seu" movimento. Ele é o fundador das Equipes de Nossa
Senhora, movimento de espiritualidade conjugal que visa a santificação da
família, num sistema de colaboração mútua entre casais, não só no terreno
espiritual como até no material.
Vejo, aliás, um paralelo muito chegado entre o Rvmo. Pe.
Caffarel e o grande Frederico Ozanam: ambos franceses, ambos fundando
movimentos a responder às necessidades do tempo, grandes idealistas e
batalhadores todos os dois, tendo ainda ambos consagrado suas realizações à
proteção de Maria Santíssima.
E, coisa mais interessante ainda: fui encontrar em Ozanam uma
frase que resume uma ideia explanada pelo Pe. Caffarel naquele artigo. Diz este
último que o meio familiar deve ser um ambiente próprio para que as grandes
virtudes teologais infundidas no Batismo cresçam e desenvolvam-se. Muito bem,
Ozanam, em sua carta a Falconnet, diz, falando das mães: "Benditas sejam
as nossas santas mães que foram as primeiras a nos ensinar esse caminho! (o do
céu) Quando, pequeninos ainda, nos levavam a CRER, a ESPERAR e AMAR, colocavam,
sem pensar, os degraus que galgaríamos para chegar até elas, agora que as
perdemos." (Op. cito pág. 237).
De fato, quando os pais respondem às dúvidas de seus filhos com
toda a veracidade; quando não dizem, em hipótese alguma, uma mentira a seus
filhos ... - e aqui, quanta meditação se tem a fazer! (não há nada que mais mal
faça às crianças que dizer-lhes mentira a todo e qualquer propósito!) - mas quando os pais são essencialmente
verdadeiros diante de seus filhos, estão preparando o terreno para que se desenvolva
dentro deles a grande virtude teologal da FÉ.
A virtude da ESPERANÇA será cultivada cada vez que o filho se
sinta de novo confiante depois de uma derrota, pelo auxilio que lhe prestarem
seus pais; cada vez que lhe for apontada a bondade de Deus nos acontecimentos
quotidianos; cada vez que se lhes abrirem os olhos para os desígnios insondáveis de Deus nas almas, para o Seu perdão, para a Sua misericórdia...
E a CARIDADE? De quantas mil maneiras se podem regar a semente
da caridade até que ela cresça pujante como um enorme carvalho, carvalho esse
que talvez venha, um dia a encobrir uma multidão de pecados... "Quem tem
caridade tem tudo e de nada valem ao homem todas as outras virtudes se não
tiver a Caridade", diz São Paulo.
E como estão certos os Vicentinos, e como estava certo Ozanam,
ao fundar este movimento todo dedicado à Caridade!
Mas eu dizia que de mil modos se pode levar as crianças a amar a
Deus e ao próximo por amor d'Ele: quando ela percebe e sente que é amada;
quando se lhe faz algum pequeno elogio por uma boa ação praticada; quando ela
descobre que o próprio castigo que lhe dão é para seu bem - e para isso o
próprio castigo deveria ser dado com Amor; em todas estas ocasiões a criança
cresce na Caridade.
O modo como tratamos a nossa empregada, - a pessoa de nossa
empregada - a maneira pela qual recebemos um pobre que nos bata à porta em horas
impróprias ... (será que vemos nele a pessoa de Cristo?); os comentários que fazemos
das atitudes alheias... Tudo isto são como espadas de dois gumes que podem ou
salvar ou matar a planta da Caridade na alma infantil ...
* * *
A criança, atingindo certa idade de compreensão, que não precisa
ser, necessariamente, a dos sete anos, deve-se fazê-la beber as graças na sua
própria fonte, isto é, deve-se fazê-la receber os sacramentos.
Lá em casa, nossos filhos têm feito sua Primeira Comunhão aos
quatro anos. Muitos acham idade um tanto prematura - e respeito esta opinião -
mas, a nosso ver, e não estamos sós, mas com São Pio X, nesta idade a criança
já pode preencher os dois requisitos indispensáveis à recepção do Sacramento, e
que são: SABER QUEM vai receber e QUERÊ-LO. Ora, quero crer que uma criança de
7 ou 8 anos poderá ter decorado mais fórmulas de orações que uma de 4 mas não
acrescentado muita coisa àqueles requisitos.
Quanto ao Sacramento do Crisma, no entanto, - e isto foi objeto
de estudos em nossa Equipe - pensamos que deva ser ministrado na adolescência
(para as meninas, aos 14-15 anos e para os meninos aos 17-18) porque é nesta
época que eles vão usar de sua liberdade, escolhendo então, por convicção e não
mais simples tradições, a religião de seus pais; e também porque é este o tempo
das tentações mais fortes, quando as almas necessitam de um jorro de graças e
dos sete dons do Espírito Santo, pois têm que enfrentar o mundo e "marchar
contra a maré, invertendo a ordem dos "valores" vigente.
Sim, nesta ocasião são necessárias muitas luzes e, portanto, é a
mais indicada para a recepção do Santo Crisma.
Uma coisa que aprendemos nas Equipes e que está surtindo muito
efeito lá em casa, é fazermos a oração todas as noites, em conjunto com as
crianças. O pai faz uma pequena introdução, com palavras próprias, agradecendo
o dia a Deus e pedindo por alguma intenção especial (um aniversariante, um
doente, um acidentado, etc.). Depois, damos a palavra a cada um de nossos
filhos e é interessante ver como sabem pedir as coisas, inclusive o pequenino
de 2 anos! As vezes temos vontade de rir pela inocência de seus pedidos... mas
quem sabe se Deus também não "se ri" de nossos pedidos, tão pueris a
Seus olhos?
Acompanhar o ano-litúrgico é outra coisa muito interessante a se
fazer, e pela qual as crianças se entusiasmam.
(Estou trazendo estes testemunhos aqui, não para me vangloriar
mas, com toda a simplicidade, oferecendo sugestões que poderão ser aproveitadas
e melhoradas, ocasionando alegrias também em outros lares).
Preparamos, por exemplo, o Natal passado, propondo às crianças
que fizessem pequenos sacrifícios e boas ações durante o Advento. Para
incentivá-las, dissemos-lhes que cada bola ou enfeite colorido da árvore de Natal
teria que significar alguma mortificação, alguma coisa de bom que fosse feita
por eles e por nós; e todas as noites, depois da oração, havia a sessão do
enfeite da árvore. Cada qual dizia o que tinha feito, e lá ia uma bola para o
galho. Demos também um sentido mais cristão à árvore, dizendo que o tronco era
Cristo e nós os raminhos que nós "enfeitávamos" para Ele. Nos últimos
dias precisamos estipular que cada bola significaria cinco sacrifícios, pois
nem lugar mais havia na árvore e nem mais dinheiro no bolso!
Na quaresma, estipulamos um sacrifício mais positivo e geral: a ORDEM
em casa, distribuindo tarefas bem determinadas para cada um. Foi uma beleza!
Nossa casa esteve mesmo um "brinco".
Na Páscoa houve um episódio muito interessante, que não me posso
furtar à tentação de narra-lo. Nosso filhinho de sete anos fez questão de ir à
Missa da meia noite conosco, no São Bento. Explicamos-lhe que na ocasião do
"Glória" é que se comemorava mesmo, de modo especial, a Ressurreição
do Senhor.
Ele estava todo excitado, os olhinhos muito vivos e atentos. Quando
o órgão irrompeu, na mais alta potência e todas as luzes se acenderam, os panos
roxos caíram e os sinos repicaram, ele, ficando de pé no banco, também gritou:
VIVA!. JESUS NASCEU DE NOVO!
No Pentecostes sorteamos entre os nossos sete filhos, os sete
dons do Espírito Santo ... e todos eles se lembravam do dom que lhes coubera o
ano anterior ... , exceção feita ao caçulinha.
Muitas outras coisas poderão ser feitas com as crianças para que
vivam conosco a Religião: comemorações do Batismo de cada um, dos onomásticos; aulas
de catecismo, em que se dê também a palavra a elas afim de que exponham suas dúvidas.
E este ponto é muito importante, não só pelo fato de se esclarecer as dúvidas,
como é óbvio, como pelo fato de a criança constatar, palpavelmente, que não há
contradição entre o que ela aprende no catecismo e o que acreditam seus pais.
Agora, um lar assim, deve ser aberto, tudo isso deve
transbordar, deve haver o contacto com outras famílias boas e deve também haver
uma influência nos meios não cristãos, tomadas que sejam as necessárias medidas
para que não haja uma influência reversa em nossos filhos.
Devemos mostrar às crianças a infelicidade dos outros, fazendo
seus coraçãozinhos se enternecerem; devemos fazê-las sofrer, sim sofrer, a
inquietação do mundo e fazê-las rezar pelos pecadores. Devemos fugir de ser
famílias enquistadas na sociedade ... Existe uma frase que não me canso de
repetir, mas cujo autor, infelizmente, esqueci:
"Nosso lar deve ser encarado em função da porta que se abre
e nunca em função do muro que o isola”.
E sobre este assunto encontrei em Ozanam, como não podia deixar
de encontrar, um trecho lapidar, constante de uma carta ao Revmo. Pe. Pendola: “Muitas
vezes falamos sobre a fraqueza, a frivolidade e a pequenez dos homens, mesmo
cristãos, entre a nobreza da França e da Itália. Estou convencido porém, de que
são assim porque algo lhes faltou à educação. Alguma coisa não lhes foi
ensinada, alguma coisa que apenas conhecem de nome, e que é preciso ter
contemplado o sofrimento alheio para aprender a suportá-lo quando um dia ele
surgir. Esta coisa é a dor, é a privação, a necessidade. É preciso que esses
jovens senhores saibam o que é a fome, a sede, a nudez de uma água-furtada. É
necessário que eles vejam esses miseráveis, essas crianças enfermas, crianças
em lágrimas. É preciso que as vejam e as amem. Ou essa visão fará pulsar seus
corações ou esta geração estará perdida." (op. cit. pág. 387).
Mas existe ainda uma coisa que os pais cristãos devem fazer por
seus filhos e que é a mais importante de todas e que, sem dúvida, estarão
estranhando que eu ainda não tenha mencionado.
Sim, é REZAR pelos filhos, e é rezar insistentemente por eles
porque às vezes, apesar de todos os esforços despendidos no cultivo dessas
almas, sementes de joio das más companhias são atiradas por mãos maldosas,
entre o trigo bom das virtudes. Então, teremos que rezar e fazer violência
junto a Deus para que não os deixe conspurcar na lama deste mundo.
Rezar por eles, fazer penitência por eles e, se necessário, MORRER
POR ELES como fez o Cristo.
Isto será AMAR OS FILHOS.
* * *
E aí está a meditação que lhes propus. É um programa para a vida
inteira e é um programa de heroísmo e de santidade. Mas é a nossa missão, e
temos que segui-la.
Nosso consolo é que temos uma auxiliadora, uma conselheira para
as horas difíceis, um elo entre o céu e a terra: Maria Santíssima.
Quando sentirmos que o barquinho de nossa vida soçobra diante
das águas tempestuosas das tentações e dos sofrimentos, peçamos o seu auxílio.
Ela saberá alcançar de seu Divino Filho, que estas águas malsãs se transformem
no vinho bom das graças divinas que fortificam a alma e alegram o coração. Amem.
PEROLA MELILLO DE
MAGALHÃES
15 de maio de 1959.