Santa
Teresa de Calcutá
Biografia de
Madre Teresa de Calcutá
Madre Teresa de Calcutá (1910-1997) foi uma missionária
católica macedônia, famosa por seu trabalho de ajuda às populações carentes do
Terceiro Mundo. Logo cedo descobriu sua vocação religiosa. Com dezoito anos
entrou para a Casa das Irmãs de Nossa Senhora do Loreto. Criou a Congregação
Missionárias da Caridade. Dedicou toda sua vida aos pobres. Em 1979 recebeu o
Prêmio Nobel da Paz. Foi Beatificada pela igreja católica em 2003 e canonizada
em 2016.
Infância e Juventude
Agnes Gonxha Bojaxhiu, conhecida como Madre Teresa de
Calcutá, nasceu em Skopje, na Macedônia,
no Sudeste da Europa, no dia 26 de agosto de 1910. Foi educada numa escola
pública da atual Croácia. Ingressou na Congregação Mariana. Com o consentimento
dos pais, no dia 29 de Setembro de 1928, entrou para a Casa das Irmãs de Nossa
Senhora de Loreto, em Dublin, Irlanda. O seu sonho era ir para a Índia, onde
faria um trabalho missionário com os pobres. Em 24 de maio de 1931, fez votos
de pobreza, castidade e obediência, recebendo o nome de Teresa.
Da Irlanda, Irmã Teresa partiu para Índia. Foi enviada para
Darjeeling, local onde as Irmãs de Loreto possuíam um colégio. De Darjeeling a
Irmã Teresa foi para "Calcutá" onde passa a ensinar História e
Geografia no Colégio de Santa Maria, da Congregação de Nossa Senhora do
Loreto.. Mais tarde foi nomeada diretora.
Em setembro de 1946 durante uma viagem de trem, ouviu um
chamado interior que a fez decidir abandonar o noviciado e se dedicar aos
necessitados. Depois de apresentar seu plano, recebeu a autorização do Papa Pio
XII, no dia 12 de Abril de 1948. Embora deixando a congregação de Nossa Senhora
de Loreto, a Irmã Teresa continuava religiosa sob a obediência do arcebispo de
Calcutá. Só em 08 de Agosto de 1948 ela deixou o colégio de Santa Maria.
Madre Teresa dirigiu-se para Patna, para fazer um breve
curso de enfermagem. Em 21 de dezembro obtém a nacionalidade indiana. Data em
que a irmã reuniu um grupo de cinco crianças, num bairro pobre e começou a dar
aula. Pouco a pouco, o grupo foi aumentando. Dez dias depois eram cerca de
cinquenta crianças. Tendo abandonado o hábito da Congregação de Loreto, a Irmã
Teresa usava um sari branco (roupa indiana), debruado de azul e colocava no
ombro uma pequena cruz. Ia de abrigo em abrigo levando, mais que donativos,
palavras amigas e as mãos sempre prestáveis para qualquer trabalho.
Congregação Missionárias da Caridade
Em 19 de março de 1949, as vocações começaram a surgir entre
as suas antigas alunas do colégio. A primeira foi Shubashini. Filha de uma rica
família, disposta a colocar sua vida ao serviço dos pobres. Outras voluntárias
foram se juntando ao trabalho missionário. Mais tarde chamadas de
"Missionárias da Caridade". Em 1949, a constituição da irmandade,
começou a ser redigida.
A Congregação de Madre Teresa, foi aprovada pela Santa Sé em
07 de outubro de 1950. Em agosto de 1952, é aberto o lar infantil Sishi Bavan
(Casa da Esperança) e inaugurado o "Lar para Moribundos", em
Kalighat, auxiliando pobres, doentes e famintos. A partir dessa data, a sua
Congregação começa a expandir-se pela Índia e por várias partes do mundo. Em
1963, em reconhecimento a seu apostolado, o governo indiano concede-lhe a
medalha "Senhor do Lótus".
Madre Teresa de Calcutá recebe o Prêmio Nobel da Paz, em
outubro de 1979. Nesse mesmo ano, João Paulo II recebe a Madre, em audiência
privada e a nomeia "embaixadora" do Papa em todas as nações. Muitas
universidades lhe conferiram o título "Honoris Causa". Em 1980,
recebe a ordem "Distinguished Public Service Award" nos EUA. Em 1983,
estando em Roma, sofre o primeiro grave ataque do coração. Tinha 73 anos.
Em setembro de 1985, é reeleita Superiora das Missionárias
da Caridade. Nesse mesmo ano, recebe do Presidente Reagan, na Casa Branca, a
Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração do país. Em agosto
de 1987, vai à União Soviética e é condecorada com a Medalha de ouro do Comitê
Soviético da Paz. Em agosto de 1989, realiza um dos seus sonhos, abrir uma casa
na sua Albânia, sua terra natal. Em setembro de 1989, sofre o seu segundo
ataque do coração e recebe um marca-passo. Em 1990, pede ao Papa para ser
substituída no seu cargo, mas volta a ser reeleita por mais seis anos, até
1996.
Madre Teresa de Calcutá faleceu no dia 05 de setembro de
1997, depois de sofrer uma parada cardíaca. Seu corpo foi transladado ao
Estádio Netaji, onde o cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano,
celebrou a Missa de corpo presente. O mesmo veículo que, em 1948, transportara
o corpo do Mahatma Gandhi foi utilizado para realizar o cortejo fúnebre da
"Mãe dos pobres". Em 19 de outubro de 2003 Madre Teresa de Calcutá é
beatificada pelo Papa João Paulo II. No dia 4 de setembro de 2016 foi
canonizada, pelo Papa Francisco.
Frases da Madre Teresa de Calcutá
"Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença
sem se sentir melhor e mais feliz."
"É fácil amar os que estão longe, mas nem sempre é
fácil amar os que vivem ao nosso lado."
"Temos que ir a procura das pessoas, porque podem ter fome
de pão ou de amizade."
"Quem julga as pessoas não tem tempo para
amá-las."
"Enquanto estiver vivo, sinta-se vivo."
Leia abaixo, ainda, sobre Santa Teresa de Calcutá.
Testemunho
"Com os pobres da cidade, ela
embarcou
numa das mais notáveis aventuras espirituais e humanas deste século"
(Dominique Lapierre, autor de "Cidade
da Esperança")
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27 agosto de 1910: nasce Agnes Gonxha Bojaxhiu de pais albaneses, em Skopje, na antiga Sérvia.
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1928:
torna-se religiosa aos 18 anos na Congregação das Irmãs de Loreto na Irlanda, assumindo o nome de Teresa. Foi enviada
para o noviciado na Índia onde será professora num colégio.
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Setembro de 1946: aos 36 anos, deixa a congregação religiosa por causa de um "chamado divino" .
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Em 1949: funda o Instituto das Irmãs Missionárias da Caridade para dedicar-se, segundo suas próprias palavras, aos "mais pobres entre os mais pobres".
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1979: recebe o Prêmio Nobel da Paz .
·
A partir de 1949
até sua morte em 5 de setembro de 1997,
visita países, funda casas de acolhida para doentes, aidéticos, crianças abandonadas e moribundos.
A maior aventura espiritual e
humana deste século
A repercussão, no mundo inteiro, da morte de madre Teresa, os pedidos de beatificação dessa mulher que já foi declarada santa pelo clamor do povo, não somente pelos católicos como pelos hindus e os muçulmanos da Índia e de
outras parte do mundo, são o testemunho e a resposta ao desafio que essa mulher, frágil no corpo mas gigantesca no espírito, anunciou a todos os marginalizados desse mundo: "Estamos aqui, amamos vocês, não tenham medo".
E pouco importa se há quem a acuse de fazer um assistenci- lismo antiquado em vez de cobrar dos governos políticas e reformas sociais: ela era o exemplo vivo de como se vive a solidariedade não somente humana mas também cristã entre os homens. Acima de teorias e tratados sociais, ela se justificava: "Os pobres devem ser amados porque foram criados pela mão de Deus"; "O amor para ser verdadeiro tem de doer. Não basta dar o supérfluo a quem necessita, é preciso dar até que isso nos machuque".
Essa participação pessoal e até física no sofrimento não está certamente dentro dos modernos padrões da técnica assistencial, mas expressa a força do testemunho e o espírito de madre Teresa e das irmãs que quiseram acrescentar, quando iniciaram o novo instituto, além dos três votos tradicionais de pobreza, castidade e obediência, a obrigação de compartilhar da precariedade de vida dos mais marginalizados. Na regra do instituto, o quarto voto assim está expresso: "Colocar-se, inteiramente e de todo coração, à livre disposição dos outros". Numa carta, madre Teresa contou que, diante do chamado imperioso de Cristo, através dos pobres de Calcutá, ela "teve que abandonar o conforto do convento, abrir mão de tudo e seguir Jesus. Servi-lo por meio dos mais pobres de seus pobres".
Na prática, o serviço foi dedicar-se totalmente ao cuidado dos doentes, dos moribundos nas favelas, à educação das crianças de rua, à presença entre os mendigos e à acolhida dos abandonados. Mas não é fácil praticar a caridade.
No começo, madre Teresa foi acusada pelos hindus ortodo- xos de querer recolher os moribundos abandonados nas calçadas de Calcutá para convertê-los, na última hora, ao cristianismo. Foi
hostilizada quando, após ter recebido um terreno
perto de um templo hindu, começou a recolher doentes terminais ali. Chegaram a
apedrejar uma ambulância que trazia tais doentes, mas ela, teimosa no seu
projeto, conseguiu desfazer todos os mal-entendidos com sua dedicação pessoal,
seus abraços e carinhos aos doentes até os casos mais dramáticos, corroídos
pelos males e, pior ainda, pelo abandono.
Um
brâmane, deixado na calçada porque tinha cólera, a quem madre Teresa pegou nos
braços, dispensando todos os cuidados até curá-lo, dizia: "Por muitos anos
adorei uma Kali feita de pedra, hoje venero uma Kali feita de carne".Foram
esses milagres de amor que reverteram a situação de hostilidade, fazendo com
que os cidadãos de Calcutá começassem a tomá-la sob sua proteção. Com isso,
começou a interminável afluência de doentes, mas também de colaboradores que
vinham de vários países e de todas as religiões.
Em
45 anos de trabalho, calcula-se que, somente nas obras em Calcutá, passaram
mais de 100 mil doentes, famintos, órfãos, aidéticos e todos receberam o abraço
e o carinho de madre Teresa, de suas irmãs e seus colaboradores.
Seu
espírito de caridade e serviço expandiu sua congregação que, atualmente, conta
com quase 5 mil irmãs, 500 irmãos, mais de 4 milhões de leigas e leigos
colaboradores, em mais de 500 casas espalhadas por 124 países.* A única mágoa
que madre Teresa levou para o túmulo foi a de não ter podido abrir uma casa na China
comunista. No Brasil, a congregação chegou em 1979 e já conta com uma dezena de
casas.
(* Os números acima são de novembro de 1997).
Entre
as campanhas pelas quais madre Teresa lutou, nem sempre entendida no seu imenso amor à
humanidade e a todo ser que a inspirava, destacou-se a luta contra o aborto. Ao
receber o Prêmio Nobel, em Oslo, em 1979, e no discurso na ONU, o tema foi o
mesmo: "Temos medo da guerra nuclear e dessa nova enfermidade que chamamos
de AIDS, mas matar crianças inocentes não nos assusta". "O aborto é
pior do que a fome, pior do que a guerra". Essa firme posição contra o
aborto certamente contrastava num país que, com uma população de quase um
bilhão de pessoas, isto é, um quinto da população mundial, fazia campanhas para
a esterilização em massa da população masculina e feminina, distribuindo
gratuitamente rádios de pilha para quem se submetesse à operação. Mas os santos
veem as coisas em outras perspectivas e qualquer vida, para eles, é sempre
vida.
Conta
o cineasta Franco Zeffirelli que, ao acompanhar madre Teresa para um filme, num
lixão onde eram jogados detritos e até mesmo a escória humana, a religiosa viu
um bebê semimorto, ainda com o cordão umbilical, coberto de sangue e sujeira.
Ela precipitou-se sobre a criança, praticou a respiração boca a boca,
descuidando dos conselhos dos prudentes presentes:
"Madre,
esta criança já está morta". "Não - protestou madre Teresa - está
viva e quem está vivo é nosso próximo, é Deus". Aos primeiros sinais de
vida da criança, ela, apertando-a no colo, gritava: "Está salva, está
salva!" e levou-a para sua casa.
O
papa João Paulo II, ao receber a notícia de sua morte, pronunciou: "Madre
Teresa, foi uma mulher que deixou sua marca na história deste século”. “Era um
luminoso exemplo de como o amor de Deus pode ser transformado em amor pelo
próximo".
"Enquanto
os outros discutiam sobre a injustiça, madre Teresa dobrava-se sobre os que
sofriam", afirmava o Cardeal Sodano, representante do papa, ao descrever a
força íntima de sua obra, durante a missa do enterro em Calcutá.
A
canonização de madre Teresa, embora já oficialmente pedida por algumas
autoridades eclesiástica e pelo povo, demorará ainda algum tempo por causa da
prudência que a Igreja reserva a tais casos, mas a sensibilidade do povo já a
declarou santa. Isso já aconteceu com os grandes santos que compartilharam a
vida sofrida do povo, como são Francisco de Assis, por exemplo.
Rexhep
Meldani, presidente da Albânia, país de origem de madre Teresa, recentemente
saído da mais dura ditadura comunista, declarou que "madre Teresa foi um
símbolo de bondade universal e a maior cidadã do mundo. Nesses tempos difíceis
para o nosso povo albanês, seu nome e exemplo eram necessários como símbolo em
que altos valores de tolerância e de solidariedade humana encontram
abrigo".
Para um não católico, o reconhecimento assume um valor de grande
testemunho dos ideais que madre Teresa viveu nesses conturbados tempos de
intolerância racial, étnica e religiosa.
(Artigo publicado na
revista MUNDO
E MISSÃO de NOVEMBRO/ DEZEMBRO de 1997)
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A POBREZA EM CALCUTÁ
Calcutá é a capital do Estado de Bengala ocidental, Índia.
População: 4.500.000 habitantes em seus limites municipais.
Em sua região metropolitana possui 14.112.000 de habitantes em 2011
sendo que cerca de três milhões vivem em favelas ou nas ruas. Mortalidade infantil: 25/1000.
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A Canonização de Madre Teresa de Calcutá
Madre Teresa foi canonizada pelo Papa Francisco em missa para
100 mil fiéis na Praça de São Pedro, em Roma. A cura milagrosa de um brasileiro, fez a Igreja decidir
pela canonização. Madre Teresa é uma das figuras católicas mais conhecidas no
mundo.
A Igreja Católica tem uma nova santa. Neste
domingo, 4 DE SETEMBRO DE 2016, no Vaticano, Madre Teresa de Calcutá foi canonizada pelo Papa
Francisco. O momento era muito esperado por católicos do mundo todo. Cerca de
120 mil pessoas acompanharam a cerimônia, realizada na Praça São Pedro
Na homilia, o Papa Francisco disse que é difícil chamar
Teresa de santa, porque ela é tão próxima da população, que vai continuar a ser
chamada de mãe, de Madre Teresa.
Na Praça São Pedro estavam presentes 13 chefes de Estado e
de governo, freiras da congregação fundada por Madre Teresa de Calcutá, 1500
sem-teto de toda a Itália, e uma multidão de fiéis do mundo todo.
Quem também esteve presente foi Marcílio Haddad Andrino,
junto com a esposa Fernanda e os filhos Mariana e Murilo. Em 2008, Marcílio foi
diagnosticado com oito infecções no cérebro e hidrocefalia e, como ele não
respondeu aos tratamentos, os médicos decidiram operá-lo. Mas no dia da
cirurgia, ele acordou sem dor e não precisou do procedimento - a esposa dele
tinha pedido a intervenção de Madre Teresa. Esse foi o segundo milagre
atribuído à religiosa. O primeiro teria sido recebido por Monica Besra, uma
indiana que foi curada de um câncer no abdômen.
O caminho para a canonização de Madre Teresa foi aberto pelo
Papa João Paulo II, dois anos após a morte dela, em vez dos usuais cinco anos.
Filha de pais albaneses, Madre Teresa nasceu em 1910 na região onde é, atualmente,
a Macedônia. Tornou-se freira aos 16 anos e aos 19 mudou-se para a Índia. Em
1950, Madre Teresa fundou em Calcutá a Ordem Missionárias da Caridade. Morreu
vítima de um infarto em 1997, aos 87 anos. A imagem deixada por ela foi de uma
mulher que dedicou a vida aos pobres.
“Sem Deus somos demasiado
pobres para ajudar os pobres”
O relato de um padre que se encontrou com a Madre Teresa de
Calcutá. Lembro-me das palavras fortes e avassaladoras que a Madre
Teresa dirigiu a um jovem sacerdote Angelo Comastri, que é hoje Cardeal
arcipreste da Basílica de São Pedro, em Roma. No seu livro ‘Dio scrive dritto’,
diz coisas magníficas. Eis o relato desse encontro impressionante com a santa,
que transcrevo com grande emoção:
Telefonei para a casa-mãe das Irmãs Missionárias da
Caridade, para marcar um encontro com a Madre Teresa de Calcutá, mas a resposta
foi categórica:
– Não é possível encontrar-se com a Madre, por causa dos
compromissos que ela já tem.
Ainda assim, fui até lá. A irmã que me abriu a porta
perguntou-me educadamente:
– O que deseja?
– Gostaria apenas de me encontrar durante uns instantes com
a Madre Teresa.
Surpreendida, a irmã respondeu:
– Lamento, não é possível…
Não arredei pé, dando a entender à irmã que não me iria
embora sem ver a Madre Teresa. A irmã afastou-se e voltou na companhia da
Madre… Tive um sobressalto e fiquei sem palavras.
A Madre levou-me a sentar numa pequena sala perto da capela.
Entretanto, recompus-me um pouco e consegui dizer:
– Madre, sou um padre muito novo; estou a dar os primeiros
passos. Vim pedir-lhe que me acompanhe com a sua oração.
A Madre olhou para mim com doçura e ternura e depois, sorrindo,
respondeu:
– Rezo sempre pelos sacerdotes. Rezarei também por ti.
Depois deu-me uma medalha de “Maria Imaculada”; colocou-a na
minha mão e disse:
– Durante quanto tempo rezas, por dia?
Fiquei espantado, um pouco embaraçado. Depois, procurando
lembrar-me, respondi:
– Madre, celebro todos os dias a Santa Missa, e rezo todos
os dias o breviário; sabe, na nossa época, é uma prova heroica [corria o ano de
1969]! Também rezo todos os dias o terço e faço-o de boa vontade, porque
aprendi a fazê-lo com a minha mãe.
A Madre Teresa apertou com as suas mãos rugosas o terço que
trazia sempre consigo. Depois, fixando em mim os seus olhos cheios de luz e de
amor, disse-me:
– Isso não chega, meu filho! Não chega, porque o amor não
pode limitar-se ao mínimo indispensável; o amor exige o máximo!
Não compreendi logo aquelas palavras da Madre Teresa e, como
que para me justificar, repliquei:
– Madre, estava à espera que me perguntasse que atos de
caridade faço.
De repente, o rosto da Madre tornou-se muito sério e ela
disse com voz firme:
– Achas que eu conseguiria praticar a caridade se não
pedisse todos os dias a Jesus que enchesse o meu coração com o seu amor? Achas
que poderia percorrer as ruas à procura dos pobres se Jesus não comunicasse à
minha alma o fogo da sua caridade?
Senti-me então muito pequenino… E olhei para a Madre Teresa
com admiração profunda e o desejo sincero de entrar no mistério da sua alma tão
cheia de presença de Deus. Destacando cada palavra, ela acrescentou:
– Lê atentamente o Evangelho, e verás que Jesus, pela
oração, também sacrificava a caridade. E sabes por quê? Para nos ensinar que,
sem Deus, somos demasiado pobres para ajudar os pobres!
Nessa altura, víamos tantos sacerdotes e religiosos a
abandonarem a oração para mergulharem – como eles diziam – no domínio social.
As palavras da Madre Teresa pareceram-me um raio de sol e repeti lentamente cá
dentro: Sem Deus somos demasiado pobres para ajudar os pobres!
(Cardeal Sarah in “A Força do Silêncio”. Via Senza Pagare)
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Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!