1º DOMNGO DO ADVENTO

Marcos 13,33 – 37

Ficai de sobreaviso, vigiai; porque não sabeis quando será o tempo. Será como um homem que, partindo de uma viagem, deixa a sua casa e delega sua autoridade aos seus servos, indicando o trabalho de cada um, e manda ao porteiro que vigie. Vigiai, pois, visto que não sabeis quando o senhor da casa voltará, se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que vindo de repente, não vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: vigiai!

Comentário

Já é hora de acordar! Eis o apelo de Jesus no Evangelho que inaugura este tempo do Advento. Uma nova aurora surge no horizonte da humanidade, trazendo a esperança de um novo tempo de um mundo renovado pela força do Evangelho. Neste tempo de graça, somos convocados a sair do torpor de uma prática religiosa inócua, a acordar do sono dos nossos projetos pessoais vazios e egoístas. Despertos e vigilantes, somos convidados a abraçar o projeto de Deus que vem ao nosso encontro, na espera fecunda do Tempo do Advento, temos a chance de reanimarmos em nós e os compromissos assumidos em favor da construção do Reino, reavivando as forças adormecidas, para a construção de uma humanidade nova, livre das trevas do sofrimento, da marginalização e da morte.

Frei Sandro Roberto da Costa, OFM - Petrópolis/RJ

2º DOMINGO DO ADVENTO

Marcos 1,1 – 8

Conforme está escrito no Profeta Isaias: Eis que envio meu anjo diante de ti: Ele preparará teu caminho. Uma voz clama no deserto: Traçai o caminho do Senhor, aplainai suas veredas (Mt 3,1); Is 40,3). João Batista apareceu no deserto e pregava um batismo de conversão para a remissão dos pecados. E saiam para ir ter com ele toda a Judéia, toda Jerusalém, confessando os seus pecados. João andava vestido de pelo de carneiro e trazia um cinto de couro em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel Sivestre. Ele pôs-se a proclamar: “depois de mim vem outro mais poderoso do que eu, ante o qual não sou digno de me prostrar para desatar-lhe a correia do calçado. Eu vos batizei com água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo”.

Comentário

“Preparai o caminho do Senhor, aplainai as suas veredas”. Clamando pelo deserto, João Batista nos indica que procurar viver conforme a Boa-Nova que Jesus nos trouxe não se trata, simplesmente, de viver dentro de um sistema religioso com certas práticas que nos identificam com tais. Talvez ele queira nos indicar que a fé, antes de tudo é um percurso, uma caminhada, onde podemos encontrar momentos fáceis e difíceis, dúvidas e interrogações, avanços e retrocessos, entusiasmo e disposição, mas também cansaço e fadiga. No entanto, o mais importante é que nunca deixemos de caminhar, pois o caminho se faz caminhando. Boa caminhada de Advento e preparação!

Frei Diego Atalino de Melo

quarta-feira, 21 de março de 2018

8. A IMACULADA CONCEIÇÃO E A SOCIEDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO









A IMACULADA CONCEIÇÃO E A SOCIEDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO


"O santo é um homem esculpido em bronze, mas em
bronze vivo; é um HOMEM, isto é, um Homem forte".
(OZANAM: Melanges, Saint Thomas de Cantorbery, p. 596). 



O primeiro cuidado dos fundadores da Sociedade de São Vicente de Paulo foi colocar o novo grêmio sob a proteção de Nossa Senhora. Jovens católicos fervorosos conscientes de sua responsabilidade, desde logo sentiram a necessidade do amparo da Virgem Santíssima, e sob o seu manto protetor foram abrigar a sua novel Sociedade. E tudo isto, note-se, fez-se com naturalidade, com o desejo sincero de, no novo apostolado, procurarem imitar as virtudes excelsas da excelsa Mãe de Deus.

A iniciativa partiu de OZANAM. Diz a história da Sociedade: "Quatro de Fevereiro de 1834 é uma data na vida da "Conferência de Caridade": é o dia de seu batismo. Desde sua fundação se colocara sob a proteção do grande santo que personifica a caridade e a humildade. Mas ela não fora além. Ora, nesse dia LE PREVOST em nome de vários confrades, manifestou o desejo de a Conferência se colocar de maneira mais íntima sob o patrocínio de SÃO VICENTE DE PAULO, que lhe fosse dirigida uma invocação no decorrer das orações, pronunciadas no início e fim das sessões, e. que sua festa fosse celebrada solenemente pela Conferência. Esta proposta foi acolhida com entusiasmo e, a partir desse dia, a "Conferência de Caridade" passou a denominar-se "CONFERÊNCIA DE SÃO VICENTE DE PAULO" . E continua a narrativa:

"OZANAM por sua vez, manifestou o desejo de a obra se pôr sob a proteção da SANTÍSSIMA VIRGEM, que a invocasse nas suas orações e escolhesse uma de suas festas para honra-La de maneira especial. Sua proposta foi adotada como a precedente, por unanimidade; acrescentou-se a Ave-Maria às orações de cada sessão e escolheu-se a festa da IMACULADA CONCEIÇÃO".

Deveria ser profunda a devoção de OZANAM pela IMACULADA CONCEIÇÃO!

Devoção firme, traduzia a firme vontade de, no trabalho vicentino que então ensaiava os primeiros passos, procurar imitar as virtudes da Virgem Mãe de Deus. E vemos logo que os primeiros confrades procuraram seguir o exemplo de sua Padroeira. Comprova-o a significativa passagem do Manual (Introdução, pg. 10-11), ao referir-se aos primórdios do novo sodalício: "Sabia-se, apenas que a esmola é imperioso dever para os cristãos, e que, se eles deixassem de ser misericordiosos, ficariam fora do Evangelho; também se sabia que, quando se cumpre o preceito da caridade, confiando a mãos inteligentes a distribuição das esmolas, são concedidas graças especiais a esta distribuição; rememoravam-se as exortações de Jesus Cristo a seus discípulos para que assistissem aos que sofrem, visitassem os doentes e consolassem os aflitos; e, pondo de lado, radicalmente, qualquer preocupação de ordem política, só se almejava absoluta conformação com as exortações, para ter direito as recompensas prometidas por Nosso Senhor. Isto era tudo o que procurava, tudo o que se pretendia; e assim foi durante muito tempo. "Se o sucesso mais tarde veio ultrapassar nossas esperanças, se a confiança pública veio aumentar um pouco o nosso tesouro, a princípio tão escasso, o nosso espírito fundamental, não obstante, manteve-se intato, e, antes de mais nada, fez de nós uma associação de cristãos, querendo ajudar os pobres, para conquistar os méritos atribuídos a estas obras pias, e desejosos de aliviar a miséria para por sua castidade sob a proteção da caridade ... " como viria dizer mais tarde o grande LACORDAIRE.

Eis o princípio que animava os primeiros confrades e que constituiu em todos os tempos o ponto fundamental da atividade vicentina. A primeira tarefa que se impunha, por assim dizer, era imitar a pureza da Virgem Imaculada, fazendo com que, por via do apostolado da caridade, os jovens vicentinos pudessem proteger sua castidade.

E não poderia ter sido outro o sentido da proposição de OZANAM! Inquieto com a onda de corrupção que lavrava em todos os setores da sociedade de seu tempo, especialmente no meio acadêmico que frequentava, refugiou-se sob o manto protetor de Maria Imaculada. E com o desenvolvimento e o progresso de seu fecundo apostolado, cada vez mais fez penetrar o espírito, a devoção à Nossa Senhora em sua querida Sociedade Vicentina.

Mais tarde, depois que conquistou a cátedra na Sorbona, durante sua viagem pelo país do Cid, teria oportunidade de entoar um hino magnífico à sua Virgem Maria. Ao passar por Burgos, detém-se  diante da famosa catedral e diz: 

"O Nossa Senhora de Burgos, que sois também Nossa Senhora de Pisa e de Milão, Nossa Senhora de Colônia e de Paris, de Amiens e de Chartres, rainha de todas as grandes cidades católicas, sim verdadeiramente, "vós sois bela e graciosa", Pulchra es et decora, já que o vosso pensamento apenas impregnou de graça e beleza essas obras dos homens. Os bárbaros haviam saído de suas florestas e esses incendiários de cidades pareciam feitos apenas para destruir. Vós os tornastes tão submissos que curvaram a cabeça sob as pedras, que se atrelaram às carroças pesadamente carregadas, que obedeceram aos patrões para vos construir igrejas. Vós os tornastes tão pacientes que não contaram os séculos para vos cinzelar soberbos pórticos, galerias e flechas. Vós os tornastes tão ousados que a altura de suas basílicas deixou longe os mais ambiciosos edifícios dos Romanos e ao mesmo tempo tão castos, que essas grandes criações arquitetônicas com sua multidão de estátuas não respiram senão a pureza  e  o  amor imaterial. Vencestes o orgulho desses Castelhanos que aborreciam o trabalho como imagem da servidão; desarmastes um grande número de mãos que não achavam a glória senão no sangue derramado; em vez de uma espada, destes-lhe uma trua e um cinzel e os retivestes durante trezentos anos nas vossas oficinas pacíficas. Ó Nossa Senhora! como Deus recompensou a humildade de sua serva! e em paga dessa pobre casa de Nazaré onde abrigastes seu Filho, que ricas moradas vos deu"!

Esse hino magnífico à Nossa Senhora comprova, evidentemente, a grande devoção e o imenso amor de OZANAM pela Mãe de Deus! Não é de admirar, pois, que logo no início de suas atividades vicentinas quereria  ele transfundir no novo organismo essa devoção que lhe era tão cara. E assim foi, a tradição mariana acha-se intimamente unida à vida vicentina. Poderíamos dizer, sem receio de erro, que uma das condições para a perseverança do confrade na sua Conferência é a sua devoção à Nossa Senhora, cujas virtudes ele deverá procurar imitar no seu apostolado de caridade.

                                                                                                       Cfd. Paulo Sawaya
                     



Artigo publicado na Circular Periódica do Conselho Metropolitano de São Paulo, por ocasião do 1º CENTENÁRIO DA PROCLAMAÇÃO DO DOGMA DA IMACULADA CONCEIÇÃO!
1854 - 1954

sexta-feira, 9 de março de 2018

7. A IMACULADA CONCEIÇÃO: OSTENSÓRIO VIVO DE JESUS







“Deus se serve de instrumentos fracos e frágeis para
executar grandes coisas. E' preciso ser chamado a uma
            missão providencial, e então os talentos e os defeitos            desaparecem para dar lugar à inspiração que os guia".
                                            
                                      Frederico Ozanam
     
                                (Carta a DE LA NOUE, de
                                 24 de Novembro de 1835).


A Imaculada Conceição: Ostensório Vivo de Jesus







O cristianismo se nos apresenta como uma pessoa, em cuja intimidade a Igreja nos faz entrar... Sabemos de antemão que nela encontraremos Cristo Jesus e a Virgem Santíssima, e mais, que Esta maternalmente nos leva Àquele como centro da nossa vida atual e futura, na glória do Sumo Bem!

Nossa Senhora em qualquer fase da sua existência magnífica, e a todo momento é sempre um ostensório, onde Nosso Senhor vive, na excelência de cada instante revelando aos nossos olhos Sua grandeza, como Filho de Deus, e Sua humildade como filho de pobre mulher, pelas suas virtudes desconhecida para muitos, mas engrandecida pela Imaculada Conceição, prerrogativa excelsa com que a Providência A doou.

"Quando não conhecemos o valor da pessoa, o mito se impõe como a personificação dinâmica dos fins que ultrapassam o indivíduo, como ponderou Zundel, havendo aí um começo ele altruísmo que importa respeitar.

Quando, entretanto, há um absoluto, a que conduz toda escala de valores, é descabido buscar no homem qualquer coisa fora da vida, que gravita em torno dele.

Se o Bem Supremo reside em nós, como objetivo de uma assimilação invisível, conforme a natureza do nosso pensamento, as atividades humanas encontram em nossa vida interior sua unidade, sua consciência.

Convém não esquecer, ensina o Doutor Angélico, que se muitos Santos tiveram a quantidade de graça para santificar sua alma, a superabundância dessas a Virgem Santíssima possuiu e deixou passar da alma para a carne, e de tal modo concebeu o Filho de Deus.

a Filho do Altíssimo não podia nascer nem do sangue, nem da carne nem da vontade, mas de profunda afluência da graça, como aconteceu na alma da   
Bem aventurada, e capaz de prodigalizar a quem teve a capacidade de fazer também filhos de Deus quantos o recebessem. 

O papel da mulher - conforme as leis que regiam Roma e Atenas, era menor, contando-se como membro acessório do seu esposo: pelo casamento ela entrava em outra família, mas sempre tendo o homem a primazia como chefe.

A mulher se revelou plenamente com a maternidade de Maria, vindo o homem que nasce do Espírito: e o amor de Deus ardia no coração da Virgem de maneira singular, como disse o Doutor Seráfico. E daí em diante mudou o lugar da mulher, que podemos dizer passou então a ser em Deus.

A subordinação funcional - que ainda existe sob a autoridade do pai, em família bem organizada - não infirma a autonomia da esposa e da mãe, o que Deus consagrou pedindo a Maria seu consentimento para o Mistério da Incarnação! Não mais é permitido ignorar que a mulher, com infinita dignidade, tem um destino individual e pertence à ordem eterna da qual o mundo visível é apenas um símbolo.

São Tomás, com as seguintes e expressivas palavras, com seu prestígio doutoral, disse: "o Mistério da Encarnação não se teria realizado se Deus - sem sair do estado no qual se acha eternamente - não se houvesse unido de modo novo à sua criatura: Ele uniu de outra forma a criatura ao seu Criador!"

Nosso Senhor é o Sacramento por excelência, a Eucaristia nos concede esta realidade substancial, dando à Igreja militante o sacramento dos sacramentos que é seu Chefe. A noção de Sacramento é a chave da teologia católica, e esta Realidade Divina nos transmite a irradiação da Santa Humanidade de Cristo e a pura luz da Sua excelsa pessoa, com as quais baixou do céu para a nossa eterna salvação.

Nossa Senhora que, anteriormente a esse acontecimento, já era total de Deus, embora ignorando a que plenitude seria conduzida, conforme a palavra do Salmo "ego dilecto meo"; Ela se ofereceu sem jamais supor, todavia, a aparição do Anjo, cujo "AVE" tanto a perturbou. Seria o Santuário dessa sagração, seria o começo de uma bela missão, seria a Luz de Cristo, vinda da Santa Face do seu adorado Filho agonizando na Cruz.

Maria nos concede Jesus, nos faz viver em Jesus, nos obtém todas as graças do seu e Nosso Senhor.

Sua influência nos fez conservar, na inteligência, o Mestre Supremo, nos faz sentir, na alma, a imensa magnanimidade, e abraçar, no coração, o seu amor da criatura que veio remir com o seu sofrimento até o seu Calvário.

A sua ação Cristocêntrica, como todo o seu ser faz refletir em nossos atos e resplender em nossa vida o Divino Redentor, suscitando em nossa personalidade a virtude, e nesta a perfeição, o que nos leva a, por seu intermédio, ver sempre na Imaculada Conceição um ostensório vivo de Jesus a abençoar seus filhos de maior predileção.

Terminando, registremos como nosso inesquecível Fundador fez brilhar sua devoção à Imaculada, colocando, sob seu manto protetor, as Conferências Vicentinas, e celebrando, entre as quatro grandes datas da Sociedade, o dia 8 de Dezembro - Festa da Conceição - dogma definido pela Igreja, em 1854, um ano após sua morte.

Na derradeira Festa da Assunção de sua vida, Ozanam disse, quando lhe faltou o carro para o levar à Igreja: "Quero que meu último passeio neste mundo, seja para visitar meu Deus e Sua Mãe."

A 8 de Setembro de 1853, no natalício de Nossa Senhora, Esta o chamou para a glória eterna do Onipotente Senhor!

E, neste alegre dia do Congresso da Padroeira do Brasil e neste festivo aniversário da Padroeira da nossa querida Sociedade Vicentina, juntos, peçamos seu abrasado amor no trabalho de salvação das almas, conforme Cristo nos   ensinou! 
                                         
                                                                  Cfd. Carlos Américo Barbosa de Oliveira
                                                Presidente do Conselho Superior do Brasil



Artigo publicado na Circular Periódica do Conselho Metropolitano de São Paulo, por ocasião do 1º CENTENÁRIO DA PROCLAMAÇÃO DO DOGMA DA IMACULADA CONCEIÇÃO!
1854 - 1954


segunda-feira, 5 de março de 2018

4. NOSSA SENHORA DE GUADALUPE


NOSSA SENHORA DE GUADALUPE



Em 1531 a Santíssima Virgem Maria, assim reza uma piedosa tradição no México – apareceu na colina de Tepeyac ao recém-batizado João Diego, piedoso e inculto indígena asteca, e comunicou-lhe seu desejo de ele se dirigir ao bispo com o pedido de, naquele local, construir uma igreja. O bispo, Dom João de Zumárraga prometeu sujeitar o ocorrido a um meticuloso exame, e retardou bastante a resposta definitiva.

Pela segunda vez a Santíssima Virgem apareceu a João Diego, renovando, e desta vez com insistência o seu pedido anteriormente feito. Aflito e entre lágrimas o pobre homem novamente se apresentou ao Prelado e suplicou, fosse atendida a insinuação da Mãe de Deus. Exigiu então o Bispo que, como prova da veracidade do seu acerto, trouxesse um sinal convincente.

Pela terceira vez a Santíssima Virgem se comunicou a João Diego, não mais na colina de Tepeyac, mas no meio do caminho à Capital, aonde este se dirigia à procura de um sacerdote para ir junto à cabeceira de um tio seu, prestes a morrer. Isto foi num inverno e num lugar inóspito e árido. Maria Santíssima assegurou-o do restabelecimento do enfermo. João Diego, em atitude de profunda devoção, estendeu aos pés da Santíssima Virgem Maria seu manto, e este, imediatamente se encheram de belíssimas rosas. “É este o sinal, disse-lhe Maria Santíssima, que darei a quem tal pediu. Leva estas rosas ao Senhor Bispo”.
A ordem foi cumprida alguns dias mais tarde, retornando João Diego levando uma porção das chamadas “rosas de Castilla”, que não podiam florescer naquela estação do ano (mês de dezembro) e que ele afirmava terem sido entregues pela própria Virgem Maria, a fim de que as mostrasse ao Bispo. E no momento em que o piedoso índio espalhou as flores diante do Bispo, milagrosamente apareceu sobre o tecido do rústico manto uma linda pintura de Nossa Senhora, reprodução fiel da primeira aparição na colina de Tepeyac.

O fato causou grande estupefação, e as centenas acorreram os fiéis ao palácio episcopal para verem as rosas e a imagem. Esta foi respeitosamente guardada na residência episcopal, e mais tarde em triunfo levada à grandiosa igreja que se construiu na colina indicada pela Santíssima Virgem. Isso foi narrado na língua náhualt no século 16.

Foi tão grande a devoção dos índios astecas e tantas peregrinações para render culto à imagem, que o evento foi até mencionado por Bernal Diaz Del Castillo em sua magna crônica da conquista de Nova Espanha.

Desde então Guadalupe é o grande santuário nacional do México, visitado continuamente pelas multidões de fiéis que a Maria Santíssima recorre em todas as suas necessidades. A devoção a Nossa Senhora de Guadalupe se estendeu sobre toda a América Latina, e numerosas são as igrejas que trazem o seu nome. Com os católicos do México devemo-nos unir em oração, à sua e nossa excelsa Padroeira invocando, para que nos proteja e nos defenda contra as maquinações do bolchevismo, que do México conseguiu formar centro de sua nefasta propaganda.

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Nossa Senhora fala por imagens de modo claro e simples!


Um devoto desejando conhecer melhor a simbologia do quadro de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina, solicitou ao Pe. Rômulo Cândido, C.Ss.R. que escrevesse  na Revista de Aparecida à respeito e, também sua ligação com Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Escreveu o Pe. Rômulo:

"Pesquisamos uma bibliografia muito rica a respeito, para tentar transmitir, de modo bem resumido algumas ligações teológicas e simbólicas entre Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora de Guadalupe: 

1- Em Guadalupe, a Mãe de Jesus se manifesta a um índio, pessoa humilde. Os índios eram desprezados, como raça inferior. Nossa Senhora fala ao índio, não fala ao Governador, nem aos soberbos conquistadores. Em Aparecida, ela se revela a três pescadores, também gente humilde. Esse é o costume de Nossa Senhora. Em Fátima, em Lourdes, em La Sallette, aparece a crianças analfabetas. 

2- Ela tem as mãos postas, em Guadalupe, em Aparecida, em Lourdes, em Fátima. É Rainha e Mãe que intercede por seus filhos. Como Rainha seu poder é grande diante de Deus. Ela não vem para ser ADORADA. Não é uma divindade. Vem para  rezar por nós.

3. Em Guadalupe, três séculos antes da declaração do dogma da Imaculada Conceição, Nossa Senhora declara ao índio seu nome "COATLAXOPE" (=Guadalupe), que significa ''Aquela que esmagou a serpente". Em Lourdes e Aparecida Ela também é venerada com esse título "Imaculada Conceição". 
Deus tinha declarado no paraíso à serpente: "Porei inimizade entre ti e a mulher". 

4- O manto de Nossa Senhora de Guadalupe é ornado com 48 estrelas, mostrando diversas constelações simbólicas. Os brasileiros colocaram no manto de Nossa Senhora Aparecida a sua bandeira, com as estrelas que formam também as constelações mais significativas: a constelação do CRUZEIRO, bem em cima da constelação do ESCORPIÃO. É a Mulher do Gênesis esmagando a SERPENTE. 

5- Em Guadalupe, Ela se mostra na colina de Tepeyac, ornada de flores. No Brasil colocamos o seu Santuário no alto de uma colina, denominada Morro dos Coqueiros. O novo Santuário possui centenas de coqueiros, acenando e saudando continuamente para sua Rainha. 

6- Nossa Senhora de Guadalupe assumiu a cor bronzeada do índio, cor desprezada pelos conquistadores espanhóis. No Brasil, Ela toma a cor morena do escravo, humilhado e maltratado pelos escravagistas. Em Aparecida, um dos primeiros milagres de Nossa Senhora foi a favor de um escravo. Rompeu as correntes que o prendiam e deu-lhe a liberdade. 

Poderíamos multiplicar as alusões simbólicas das duas imagens. Estas são suficientes para mostrar como a Mãe de Deus sabe falar por símbolos: sol, estrelas, flores, pássaros, colina, peixes, correnteza de um rio, mãos postas, cor da pele. 

Faça bom proveito desses símbolos. Veja como Nossa Senhora fala por imagens de modo claro e simples. Os índios vinham aos milhares ver a imagem de Guadalupe, e ficavam maravilhados com a mensagem, assim como em Aparecida, para milhões de brasileiros. 

Nossa Senhora fala por imagens  de modo claro e simples! 

Pe. Rômulo Cândido, C.Ss.R. 




A Imagem milagrosa de Nossa Senhora de Guadalupe
A ciência não consegue explicar os sinais milagrosos da imagem de Nossa Senhora que apareceu no manto rústico do índio asteca San Juan Diego, em 1531. Experiências científicas realizadas indicam tratar-se de fenômeno inexplicável à luz das leis da natureza.

Nenhum pintor conseguiria efetuar tal imagem. Nossa Senhora apareceu ao índio e disse a ele que pedisse ao primeiro bispo do México, Dom Juan de Zumárraga, para construir uma capela no lugar denominado Cerro de Tepeyac. O Bispo pediu ao índio que lhe levasse uma prova convincente de que dizia a verdade. Alguns dias mais tarde, retornou Juan Diego levando uma porção das chamadas "rosas de Castilla" que não podiam florescer naquela estação do ano (mês de dezembro) e que ele afirmava terem sido entregues pela própria Virgem, a fim de que as mostrasse ao Bispo.

O jovem trazia as flores na túnica de juta e quando as entregou ao Bispo, milagrosamente a imagem da Virgem ficou estampada no seu rústico manto. Isso foi narrado em língua náhualt no século 16.

Foi tão grande a devoção dos índios astecas e tantas peregrinações para render culto à imagem, que o evento foi até mencionado por Bernal Diaz del Castillo em sua magna crônica da conquista de Nova Espanha.

Os exames científicos realizados por especialistas na imagem de Guadalupe chamam a atenção para vários fatos: a especial conservação do rude tecido. Durante séculos, esteve exposto, sem maiores cuidados, aos rigores do calor, da poeira e da umidade, e, todavia, sua tessitura não se desfibrou, nem tampouco desvaneceu a admirável policromia. O tecido com fibra de ayate se decompõe por putrefação aos 20 anos. A túnica de 1531 já dura mais de 480 anos sem se rasgar nem decompor, e é imune à umidade e à poeira.

A peça foi analisada pelo cientista alemão e prêmio Nobel de Química, Richard Kuhn, que concluiu: Os corantes da imagem "não pertencem ao reino vegetal, nem ao mineral e nem ao animal".

O Doutor Callagan, da equipe científica da NASA, e o professor Jody B. Smith, catedrático de Filosofia da Ciência na Pensacolla College submeteram a imagem guadalupana à análise fotográfica com raios infravermelhos. As suas conclusões foram as seguintes: é inexplicável, à luz dos conhecimentos humanos, que os corantes impregnem fibra tão inadequada e nela se conservem. Não há esboços prévios, a imagem foi pintada diretamente. Não há pinceladas. A técnica empregada é desconhecida na história da pintura.

O famoso oculista hispano-francês, Torija Lauvoignet, e o Dr. Aste Tonsmann, que capta as imagens da Terra transmitidas no espaço pelos satélites, fizeram a digitalização da imagem em 1980, e encontraram na íris do olho da imagem a cena exata do índio entregando as rosas ao Bispo, o mesmo episódio relatado em náhualt por um anônimo escritor indígena e editado em náhualt e em espanhol por Lasso de la Veja, em 1649.
                                                                                   FELIPE AQUINO

Felipe Aquino é professor de Física e Matemática, autor de mais de 70 livros e apresentador dos programas "Escola da Fé" e" Pergunte e Responderemos; na TV Canção Nova, e "No Coração da Igreja; na Rádio Canção Nova.