CURSO BÁSICO DE FORMAÇÃO VICENTINA
VÍDEO AULA Nº 14
ASSISTIDOS
Apresentação
FREDERICO
OZANAM AMAVA TODOS OS EXCLUÍDOS
Desde sua juventude, tomou consciência de que não era suficiente falar da caridade e da missão da Igreja no mundo: isto devia traduzir-se por um engajamento efetivo dos cristãos nos serviço dos pobres.
Reencontrava, assim, a intuição de São Vicente de Paulo: “amemos a Deus, mas que seja à custa do suor dos nossos rostos”. (S. Vicente de Paulo, XI-40). “Para manifestá-la concretamente na idade de seus vinte anos, com um grupo de amigos, criou as conferências de São Vicente de Paulo, cujo objetivo era a ajuda aos mais pobres, dentro do espírito de serviço e de partilha”.
Papa João Paulo II
(Trecho de sua homilia na cerimônia de Beatificação de Ozanam – 22/8/1997).
“Deveríamos cair aos seus pés e dizer como o apóstolo: vocês são nossos
mestres e seremos seus servos; vocês são para nós as imagens sagradas deste Deus que não enxergamos, e, não sabendo ama-Lo de outro jeito, nós O amamos em suas pessoas”.
Frederico Ozanam
Assista o vídeo abaixo
Quem é ou devem ser os assistidos?
Qual o nosso papel com relação a eles?
Antes de a atendermos aos objetivos dos
questionamentos acima, vejamos o que se entende por Caridade e por Pobre.
CARIDADE: Aprendemos pelo catecismo que são três
as virtudes teologais: FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE, e que a Caridade é a única que
não desaparecerá no fim dos séculos. Aprendemos mais a distinguir as virtudes
teologais das virtudes cardeais. As primeiras, dom gratuito de Deus, vindas do
alto, em linha vertical, estabelecendo o nosso relacionamento com Deus e, as
segundas, adquiridas pelo homem, com esforço próprio, favorecido pela graça,
estabelecendo, em linha horizontal, o bom relacionamento com os seus semelhantes
e com toda a criatura, produzindo a paz que é fruto da justiça. A justiça, a
prudência, a fortaleza e a temperança são virtudes cardeais.
Para muita gente e, infelizmente, a maioria,
“caridade” quer dizer simplesmente dar esmolas, ter dó dos infelizes,
compadecer-se dos que sofrem, atender quando possível, os nossos irmãos
necessitados e outras coisas mais.
Todo esse cortejo de miséria atrás da palavra
caridade não pode deixar, sem dúvida, de modificar-lhe o sentido, apresentando-lhe
um aspecto muito desfavorável, bastante tétrico, que induz, por associação de
ideias, a não gostar de ouvir falar de caridade como algo agourento.
É, portanto, indispensável que tenhamos um
conhecimento exato do que é caridade, no seu sentido legítimo e cristão,
aliado a um ardente desejo de que ela inspire todos os nossos atos a fim de que
possamos restabelecer o prestígio da Caridade, com “C” maiúsculo, entre os
homens.
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O apóstolo São Paulo, na sua primeira carta aos
Coríntios, fornece-nos os traços que compõem a verdadeira fisionomia da
Caridade Cristã: (1Cor, 13).
“Ainda que eu falasse a língua dos
homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como um bronze que soa, ou como
um címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse
todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de
transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que
distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse
meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria! A caridade
é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa.
Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se
irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a
verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais
acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da
ciência findará. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita.
Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. Quando eu era
criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança.
Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança. Hoje vemos como por
um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte;
mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido. Por ora subsistem a fé,
a esperança e a caridade – as três. Porém a maior delas é a caridade.”
Aí temos um retrato da caridade cristã.
O Padre J. L. Lebret, em seu livro “Dimensões
da Caridade”, falando sobre a natureza da caridade disse que ela “torna o homem
capaz de um gesto infinito em si mesmo. Mas há vários graus nesse gesto, desde
a caridade insipiente, até a caridade unificadora. A resposta da alma a Deus
pode ser mais ou menos vigorosos, seu movimento mais ou menos intenso, seu dom
mais ou menos completo. Enquanto o homem está na terra, a sua caridade pode
crescer e não há, objetivamente, limite para esse crescimento”. (...) “A
caridade é um dom gratuito de Deus”.” Se Ele a concede aos batizados e aos
homens de boa vontade, que o procuram sem ter recebido a mensagem, reserva-se,
entretanto, a faculdade de intensificar mais ou menos seu crescimento. Aqueles
que a possuíram podem perdê-la ao preferirem uma criatura a Deus; aqueles que a
possuem podem deixar que se entorpecesse; sem a destruir, praticam-na no mínimo
necessário para que não se extinga de todo. Mas, aqueles que atentos aos
impulsos do Espírito Santo em suas almas, procuram fielmente conformar-se com a
totalidade de suas exigências, são levados a realizar grandes obras por Deus e
pela humanidade”.
É com humildade que reconhecemos que
muito pouco sabemos a respeito da caridade, como, também, sabemos que
não se ama aquilo que não se conhece. Procurando conhecer melhor o que é
realmente caridade, ficamos sabendo que a caridade é um dom de Deus e que não
floresce sem a castidade. Sabemos que a caridade é tudo aquilo que São Paulo
expõe no capítulo 13 da 1ª carta aos Corintios. E para compreendermos melhor a
caridade, teremos que saber o que vem a ser castidade, chamada virtude
angélica.
Aquilo que a princípio acreditávamos ser muito simples, conhecer a
caridade, talvez não baste a nossa curta existência para convencermo-nos de que
a caridade é um mistério fundamentado na própria divindade, porque Deus é
caridade, no dizer de São João, conforme sua 1ª epístola, cap.4, 8. Resta-nos,
porém o conforto daquelas palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Eu te bendigo
Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e
entendidos e as revelastes aos pequeninos”. (Mt 11,25). Se nos colocarmos no número dos pequeninos, é
certo que estas coisas nos serão reveladas.
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O POBRE – Vamos falar sobre o Pobre e na defesa dos interesses dele, falaremos
sobre a miséria. A respeito desse
assunto, o Rev. Padre Lebret assim se manifestou: “O combate contra a miséria impõe um compromisso sem reservas. Não somos
chamados a combater todas as formas de miséria. Ninguém pode enfrentar todas as
frentes. Cada um tem seu campo de batalha, conforme os dons que recebeu, a sua
personalidade e a intensidade do seu amor. O essencial é não perder tempo em
retroceder e ficar procurando caminhos indefinitos e sem decisão de escolha.
Deus conduz aqueles que O amam e, um dia, lhes propõe determinado setor de
trabalho. Nem sempre será aquele de sua preferência. Provavelmente será algum
campo em que faltam trabalhadores ou algum extremamente necessário e que
ninguém se dispõe a trabalhar. Será esse. É uma aventura divina que começa. A
estrada a percorrer será desconhecida, terá que atravessar precipícios,
suportar tempestades, aceitar desafios e oposições. Frequentemente ficará
sozinho a sustentar, num esforço supremo, o edifício que ameaça ruir. Tudo
dependerá da fidelidade à promessa feita a Deus. Com muita fé, coragem e
decisão inabalável, verá que nada o impedirá, pois Deus estará presente. O
impulso que dá a alma e irresistível, o salto ao impossível é Lei. Todos os
obstáculos serão vencidos. Os que se opõem serão aliados. Novos amigos
surgirão. O sopro do amor a de se propagar. O amor vigoroso tem vitórias
imprevisíveis. Deus só nos coloca numa aventura para ensinar-nos a contar
unicamente com Ele; a amar, apesar de tudo, a superabundar de amor
incompreendido. As oposições não tem importância: é o começo da aceitação. A
voz de João clamou no deserto longo tempo, e era o prelúdio da ação do Senhor.
(Pe. Lebret – “Dimensões da Caridade” –pg.170).
OBJETIVOS
Saber como escolher os assistidos
Entender que o nosso trabalho não é
assistencialismo,
mas dar dignidade ao Pobre
O vicentino, de certo modo, já escolheu o seu caminho ao ingressar
numa Conferência, pretendendo dedicar um pouco daquele pouco tempo de que
dispõe, a serviço do Pobre. Se realmente pretende servir o Pobre e combater a
miséria, que traiçoeiramente ronda a pobreza deverá o nosso confrade, com a
devida atenção, procurar conhecer aqueles a quem pretendem servir e o campo
onde deverá ser travada a batalha contra a miséria, a fim de ser bem sucedido
nesta difícil empresa.
Conhecer o Pobre! Tarefa dificílima.
Poucos são os que realmente conseguem conhecer o Pobre e é tão
necessário que o conheçamos bem para bem servi-lo. As suas ordens serão
transmitidas por um processo desconhecido e só serão captadas por quem tiver o
coração devidamente regulado para atender os impulsos do amor fraterno que é a
mola propulsora de toda a nossa atividade e de todo o nosso zelo em busca do
verdadeiro bem daqueles a quem amamos.
QUEM SÃO OS ASSISTIDOS?
Visão do mundo:
OS POBRES
A voz de Deus, varando a noite do tempo,
chega, até nós através do escritor sagrado para advertir-nos das vaidades das
riquezas, falando-nos de uma dolorosa
miséria:
"Vi
uma dolorosa
miséria debaixo do sol: as riquezas que um possuidor guarda para sua
desgraça... nu saiu ele do ventre da sua mãe; tão nu como veio, nu sairá desta vida, e, pelo
seu trabalho, nada receberá que possa levar em suas mãos.
Sim, é uma dolorosa miséria que ele se vá assim como
veio; e que vantagem terá ele por ter trabalhado para o vento? Todos os seus
dias foram consumidos numa sombria dor, em extrema amargura, no sofrimento e na
irritação". (Ecl. - 5 - 12-14/16).
Sim, é uma dolorosa miséria,
verdadeiramente uma dolorosa miséria, miséria que muitas vezes é a causa de
tantas outras misérias, quando a cobiça desordenada de alguns, em acumulando
riquezas para a sua desgraça vem impedir que
muitos outros se beneficiem dos bens materiais que Deus colocou na terra para
servir a todos os homens, como filhos do
mesmo Pai.
Não é tarefa fácil conhecer o pobre e não é
tarefa fácil conhecer a miséria e por essa razão não é tarefa fácil saber quem é pobre e o que é miséria.
·
Visão do Evangelho: Herdeiros do Reino
As Sagradas Escrituras nos falam da
dolorosa miséria dos ricos que partem desta vida sem nada receber
pelo seu trabalho, que possa levar em suas mãos, e Nosso Senhor Jesus Cristo vem nos falar da incomensurável riqueza do pobre:"
·
Bem aventurados vós que sois
pobres, porque vosso é
o reino de Deus (Lc 6, 20)
·
Bem aventurados
os mansos porque possuirão a terra. (Mt 5, 5 )
Sabemos que nosso Pobre comum, aquele que julgamos conhecer, é de
ordinário, humilde, pacífico, aceita com resignação os seus sofrimentos; não
anda alardeando valentia, nem vociferando ameaças e por isso supomos que seja
realmente manso.
Se for verdade incontestável, pois foi a própria verdade, que é Cristo
Senhor Nosso quem no-lo disse, que o pobre de espírito é possuidor do Reino de
Deus e que os mansos possuirão a terra, este tipo de pobre nada mais é que o
felizardo possuidor de uma fabulosa e imperecível riqueza, dispondo de um
tesouro que os ladrões não conseguem roubar e nem as traças e a ferrugem
corroer, e foi pela palavra do mesmo Deus que ficamos sabendo que o nosso rico,
tão nu como saíra do ventre da sua mãe, tão nu sairá da vida pela porta da
morte, na mais triste indigência, nada levando em suas mãos pelos seus
trabalhos e pelos seus dias “consumidos numa sombria dor, em extrema amargura,
no sofrimento e na irritação...”
Não seria este o pobre
que procuramos?
Serão aqueles que
carecem de bens materiais para viver?
Que espécies de bens
materiais e qual a quantidade?
Para não andar às tontas a procura do Pobre, de dia ou de noite, em qualquer
lugar ou onde quer que esteja, o vicentino deverá recorrer ao seu Santo
Patrono, São Vicente de Paulo, aquele que tão bem conheceu o Pobre, servindo-o
até o derradeiro instante da sua vida, implorando a sua ajuda, a fim de que
possa encontrar o Pobre e ao mesmo tempo
lhe seja ensinada a maneira de bem servi-lo e lhe seja dada a perspicácia para
reconhecer as causas da miséria e a coragem para combatê-la na medida das suas
forças.
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