1º DOMNGO DO ADVENTO

Marcos 13,33 – 37

Ficai de sobreaviso, vigiai; porque não sabeis quando será o tempo. Será como um homem que, partindo de uma viagem, deixa a sua casa e delega sua autoridade aos seus servos, indicando o trabalho de cada um, e manda ao porteiro que vigie. Vigiai, pois, visto que não sabeis quando o senhor da casa voltará, se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que vindo de repente, não vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: vigiai!

Comentário

Já é hora de acordar! Eis o apelo de Jesus no Evangelho que inaugura este tempo do Advento. Uma nova aurora surge no horizonte da humanidade, trazendo a esperança de um novo tempo de um mundo renovado pela força do Evangelho. Neste tempo de graça, somos convocados a sair do torpor de uma prática religiosa inócua, a acordar do sono dos nossos projetos pessoais vazios e egoístas. Despertos e vigilantes, somos convidados a abraçar o projeto de Deus que vem ao nosso encontro, na espera fecunda do Tempo do Advento, temos a chance de reanimarmos em nós e os compromissos assumidos em favor da construção do Reino, reavivando as forças adormecidas, para a construção de uma humanidade nova, livre das trevas do sofrimento, da marginalização e da morte.

Frei Sandro Roberto da Costa, OFM - Petrópolis/RJ

2º DOMINGO DO ADVENTO

Marcos 1,1 – 8

Conforme está escrito no Profeta Isaias: Eis que envio meu anjo diante de ti: Ele preparará teu caminho. Uma voz clama no deserto: Traçai o caminho do Senhor, aplainai suas veredas (Mt 3,1); Is 40,3). João Batista apareceu no deserto e pregava um batismo de conversão para a remissão dos pecados. E saiam para ir ter com ele toda a Judéia, toda Jerusalém, confessando os seus pecados. João andava vestido de pelo de carneiro e trazia um cinto de couro em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel Sivestre. Ele pôs-se a proclamar: “depois de mim vem outro mais poderoso do que eu, ante o qual não sou digno de me prostrar para desatar-lhe a correia do calçado. Eu vos batizei com água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo”.

Comentário

“Preparai o caminho do Senhor, aplainai as suas veredas”. Clamando pelo deserto, João Batista nos indica que procurar viver conforme a Boa-Nova que Jesus nos trouxe não se trata, simplesmente, de viver dentro de um sistema religioso com certas práticas que nos identificam com tais. Talvez ele queira nos indicar que a fé, antes de tudo é um percurso, uma caminhada, onde podemos encontrar momentos fáceis e difíceis, dúvidas e interrogações, avanços e retrocessos, entusiasmo e disposição, mas também cansaço e fadiga. No entanto, o mais importante é que nunca deixemos de caminhar, pois o caminho se faz caminhando. Boa caminhada de Advento e preparação!

Frei Diego Atalino de Melo

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

ESTRUTURA E CARGOS DA SSVP - AULA 15





CURSO BÁSICO DE FORMAÇÃO VICENTINA


VÍDEO AULA Nº 15

ESTRUTURA E CARGOS NA SSVP


Apresentação






"Queridos irmãos e irmãs, deixemo-nos envolver pela misericórdia de    Deus; confiemos na Sua paciência, que sempre nos dá tempo. Tenhamos a coragem de voltar para a sua casa, de morar nas feridas do seu amor, deixando-nos amar por Ele;  de encontrar a sua misericórdia nos  sacramentos. Sentiremos a sua ternura, sentiremos o seu abraço e  poderemos  nós  também  ter  mais misericórdia, paciência, perdão,  amor".    

                                                               Papa Francisco         





A ordem da sociedade repousa sobre
duas virtudes: a justiça e caridade.      
          
No entanto, a justiça supõe já, muito amor!                
É preciso amar muito as pessoas para respeitar seus direitos que limitam nossos direitos e sua liberdade que diminui a nossa.

Então, a justiça tem limites, a caridade, porém, não tem”.

                                     Frederico Ozanam 




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Nos próximos minutos, nós gostaríamos de trocar um pouco de informações sobre a estrutura da Sociedade de São Vicente para que possamos conhecer um pouco da grandiosidade que ela representa em todo o mundo.

Mas afinal, por quê gastar tempo falando sobre uma coisa que parece tão burocrática como estrutura?
·        para conhecer as formalidades?
·        para conhecer os nomes dos presidentes de conselhos?
·        para aumentar a nossa cultura?
·        para termos uma aula sobre organização?

A importância de conhecer a estrutura da SSVP é entender que ser vicentino é também participar de uma comunidade mundial que tem o mesmo espírito: não é apenas frequentar uma Conferência!

ESTRUTURA DA SSVP – Objetivo
conhecer a universalidade da REDE DE CARIDADE que representa a SSVP

CONFERÊNCIA:  CÉLULA MATER

A Conferência é a célula da SSVP, quer dizer, é a menor unidade e a mais  importante. Sem ela, a  SSVP  não existe. É a partir da Conferência que tudo acontece na SSVP.                        
UM POUCO DE HISTÓRIA

A primeira Conferência, conforme já vimos, foi formada em 1833.
Logo, novas Conferências foram sendo formadas em Paris, inspiradas no ideal de Frederico Ozanam.

OS CONSELHOS

Era preciso formar um grupo de vicentinos que,  além do seu trabalho de Conferência, dedicasse tempo para coordenar todas as Conferências.
O quê este grupo de vicentinos deveria fazer?

·        Garantir que em todas as Conferências, o espírito primitivo da primeira Conferência fosse mantido.

·        Formar uma comunidade, quer dizer, fazer com que um grupo de conferências funcionasse como se fosse uma só, um só grupo de amigos vicentinos.

Frederico Ozanam e seus companheiros criaram então o Conselho de Paris, que era formado por vicentinos de várias Conferências que já tinham sido formadas. 
Mas a SSVP continuou crescendo para fora de Paris, da França e da Europa.

O SONHO DE FREDERICO OZANAM ESTAVA SE TORNANDO REALIDADE: UMA REDE MUNDIAL DE CARIDADE ESTAVA SE FORMANDO EM TORNO DOS IDEAIS PRIMITIVOS DA PRIMEIRA CONFERÊNCIA.

"Eu gostaria que o mundo inteiro
 fosse colocado  em uma rede de
caridade"
                                                                             Frederico Ozanam

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A EXPANSÃO DA SOCIEDADE

Novos Conselhos foram sendo formados em cada região, coordenando as novas Conferências que iam se formando. Todos os Conselhos sempre foram orientados pelo Conselho Geral Internacional, sediado em Paris.
Mas a Conferência continuou a ser a célula e a unidade mais importante da SSVP.

SE A CONFERÊNCIA VAI MAL, A SSVP VAI MAL




NO BRASIL, A SSVP CRESCEU DE FORMA MILAGROSA

HOJE, SÃO MAIS DE 250 MIL VICENTINOS, EM MAIS DE 
20 MIL CONFERÊNCIAS, EM 33 CONSELHOS METROPOLITANOS.



E, no Brasil, a SSVP é formada da seguinte forma:


Conferências

As mais de 20 mil conferências têm aumentado muito, especialmente nas pequenas comunidades. Elas dependem fundamentalmente de nós.

Um grupo de Conferências em uma região, formam um

    Conselho Particular

Os Conselhos Particulares são os principais responsáveis pelo funcionamento das conferências e fazem ligação com os Conselhos Centrais.
Vários Conselhos Particulares (mínimo 5)  em uma região formam um

     Conselho Central

Os Conselhos Centrais coordenam os Conselhos Particulares de uma região, em geral, de acordo com as dioceses, e fazem a ligação com os Conselhos Metropolitanos.
Vários Conselhos Centrais em uma região formam um

   Conselho Metropolitano

Os Conselhos Metropolitanos orientam os Conselhos Centrais e fazem a ligação com o Conselho Nacional do Brasil.

Vários Conselhos Metropolitanos em uma região formam o 

Conselho Nacional do Brasil

O Conselho Nacional do Brasil é a unidade de coordenação vicentina nacional. Cabe a ele, não só orientar os Conselhos Metropolitanos, como também ligar o Brasil aos mais de 140 países onde existe a SSVP, através do Conselho Geral Internacional de Paris.

Todos os Conselhos Nacionais formam o Conselho Geral Internacional

CONSELHO GERAL INTERNACIONAL

O Conselho Geral Internacional tem o objetivo de coordenar todos os Conselhos Nacionais.
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Cada conselho tem uma estrutura simples, formada por vicentinos que desejam assumir outras responsabilidades além do trabalho nas conferências.

Estrutura típica de um Conselho Particular
Diretoria:        Presidente
                       Vice-Presidente(s)
                       Secretário (s)
                       Tesoureiro (s)
                       Coordenador da Comissão de Jovens
Coordenador da Escola de Capacitação  Antônio Frederico Ozanam –ECAFO

Estrutura de um Conselho Central
                        Presidente
                        Vice-Presidente(s)
                        Secretário (s)
                        Tesoureiro (s)
                        Coordenador da Comissão de Jovens
 Coordenador da Escola de Capacitação Antônio  Frederico Ozanam - ECAFO
 Coordenador das Conferências de Crianças e  Adolescentes

Estrutura de um Conselho Metropolitano
                        Presidente
                        Vice-Presidente(s)
                        Secretário (s)
                        Tesoureiro (s)
                        Coordenador da Comissão de Jovens
                        Coordenador da ECAFO
Coordenador das Conferências de Crianças e  Adolescentes
 Coordenador do Departamento de Normatização    e Orientação – DENOR
 Coordenador do Departamento de Comunicação –  DECOM (Art. 89)  

Estrutura do Conselho Nacional do Brasil
                        Presidente
                        Vice-Presidente(s)
                        Vice-Presidentes Regionais
                        Secretário (s)
                        Tesoureiro (s)
 Coordenador da Comissão Nacional de Jovens
                        Coordenadores Regionais de Juventude
                        Coordenador Nacional da ECAFO
Coordenador Nacional das Conferências de  Crianças e Adolescentes
 Coordenador do Departamento de Normatização  e Orientação – DENOR
 Coordenador do Departamento de Comunicação –  DECOM  
 Coordenador do Comitê de Reconciliação     

ASSESSORIA ESPIRITUAL
O Regulamento da SSVP assim expõe em seu artigo 3º: “Salvaguardada sua identidade leiga e sua autonomia própria, a SSVP desenvolverá seu trabalho em colaboração e em sintonia com a Igreja Católica Apostólica Romana e, tanto quanto possível, buscará junto a ela a designação de um sacerdote, um religioso ou religiosa, um diácono ou pessoa qualificada para o serviço de Assessor Espiritual”.
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PARTICIPAÇÃO
Participar das atividades dos conselhos é uma a atitude do vicentino (a) que deseja eternizar a SSVP.
Os conselhos visam SERVIR as conferências e os vicentinos com o objetivo de formar a REDE DE CARIDADE que é a SSVP.
Se você quer eternizar esta REDE DE CARIDADE, utilize os seus dons e o seu tempo ajudando os conselhos e participando de suas atividades.

OS CARGOS NA SSVP
·       Não são condição de honraria, embora os que têm cargos devam se sentir honrados.
·       São instrumentos de SERVIÇO.
·       Devem agregar valor ao objetivo fundamental da SSVP, santificar seus membros através da caridade na pessoa do pobre.
·       Acreditamos firmemente que são escolha do Espírito Santo.

CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DOS QUE TÊM CARGOS
vEspírito de Serviço
v Dedicação de tempo
v Vocação missionária
v Espírito empreendedor
v Paciência e perseverança
v Vontade de dividir o trabalho
v Busca contínua de sucessores
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
“As coisas de Deus fazem-se por si mesmas”, dizia São Vicente. Foi exatamente isso que aconteceu com a SSVP, onde a organização administrativa, ao invés de ter sido pré-estruturada, foi se projetando das Conferências para o Conselho, isto é, da base para a cúpula, a medida que as necessidades iam exigindo. Daí o grande segredo do êxito da SSVP, nos mais de 180 anos de sua existência.

Direção das Unidades Vicentinas As unidades vicentinas, em todos os seus escalões, exigem uma Diretoria para coordenar seus trabalhos. À frente desta Diretoria está o Presidente, obrigatoriamente um vicentino, eleito em votação secreta.

Para bem dirigir um unidade Vicentina, seja ela qual for, não basta apenas ter inclinação administrativa ou possuir características de liderança; é necessário antes de tudo,conhecer profundamente a Regra da Sociedade de São Vicente de Paulo.

Obedecer fielmente à Regra e respeitar as diretrizes vindas dos órgãos superiores, além de ser uma prova de acatamento e fidelidade à vontade dos nossos fundadores são, também, a única maneira de garantir a existência e o progresso de nossa querida Sociedade. Portanto, cumprir a Regra é dever de todo vicentino, é uma prova de lealdade à sua vocação. Fazer cumpri-la é um dos deveres mais importantes dos presidentes das unidades vicentinas.

O cargo de Presidente, tanto como qualquer outro cargo dentro da SSVP, não deve ser considerado como honraria. Assim o confrade ou consocia não deve esperar por prerrogativas especiais ou por um tratamento diferenciado, pelo fato de ter sido eleito Presidente ou nomeado para exercer qualquer cargo de Diretoria.

Ao contrário, os confrades ou consocias investidos de tais cargos terão que arcar com encargos e responsabilidades bem maiores do que os normalmente atribuídos aos que não são dirigentes. A paga deste trabalho adicional será objeto de apreciação divina. É evidente que Deus não faltará com a sua promessa: cem por um e o reino do Céu aos que pratiquem, em Seu nome, obras de misericórdia.

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Boa aula.




































sábado, 10 de setembro de 2016

ASSISTIDOS - aula 14



CURSO BÁSICO DE FORMAÇÃO VICENTINA


VÍDEO AULA Nº 14

ASSISTIDOS


Apresentação




FREDERICO OZANAM AMAVA TODOS OS EXCLUÍDOS

Desde sua juventude, tomou consciência de que não era suficiente falar da caridade e da missão da Igreja no mundo: isto devia traduzir-se por um engajamento efetivo dos cristãos nos serviço dos pobres.
Reencontrava, assim, a intuição de São Vicente de Paulo: “amemos a Deus, mas que seja à custa do suor dos nossos rostos”. (S. Vicente de Paulo, XI-40). “Para manifestá-la concretamente na idade de seus vinte anos, com um grupo de amigos, criou as conferências de São Vicente de Paulo, cujo objetivo era a ajuda aos mais pobres, dentro do espírito de serviço e de partilha”.
                                Papa João Paulo II
(Trecho de sua homilia na cerimônia de Beatificação de Ozanam – 22/8/1997).


“Deveríamos cair aos seus pés e dizer como o  apóstolo:  vocês  são  nossos 
mestres e seremos seus servos; vocês são para nós as imagens sagradas deste Deus  que  não  enxergamos,  e,  não sabendo ama-Lo de outro jeito, nós O amamos em suas pessoas”.
                                
                                   Frederico Ozanam



Assista o vídeo abaixo




Quem é ou devem ser os assistidos?
Qual o nosso papel com relação a eles?

Antes de a atendermos aos objetivos dos questionamentos acima, vejamos o que se entende por Caridade e por Pobre.

CARIDADE: Aprendemos pelo catecismo que são três as virtudes teologais: FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE, e que a Caridade é a única que não desaparecerá no fim dos séculos. Aprendemos mais a distinguir as virtudes teologais das virtudes cardeais. As primeiras, dom gratuito de Deus, vindas do alto, em linha vertical, estabelecendo o nosso relacionamento com Deus e, as segundas, adquiridas pelo homem, com esforço próprio, favorecido pela graça, estabelecendo, em linha horizontal, o bom relacionamento com os seus semelhantes e com toda a criatura, produzindo a paz que é fruto da justiça. A justiça, a prudência, a fortaleza e a temperança são virtudes cardeais.

Para muita gente e, infelizmente, a maioria, “caridade” quer dizer simplesmente dar esmolas, ter dó dos infelizes, compadecer-se dos que sofrem, atender quando possível, os nossos irmãos necessitados e outras coisas mais.

Todo esse cortejo de miséria atrás da palavra caridade não pode deixar, sem dúvida, de modificar-lhe o sentido, apresentando-lhe um aspecto muito desfavorável, bastante tétrico, que induz, por associação de ideias, a não gostar de ouvir falar de caridade como algo agourento.

É, portanto, indispensável que tenhamos um conhecimento exato do que é caridade, no seu sentido legítimo e cristão, aliado a um ardente desejo de que ela inspire todos os nossos atos a fim de que possamos restabelecer o prestígio da Caridade, com “C” maiúsculo, entre os homens.

Quer saber mais? Clique abaixo.



O apóstolo São Paulo, na sua primeira carta aos Coríntios, fornece-nos os traços que compõem a verdadeira fisionomia da Caridade Cristã: (1Cor, 13).
       Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como um bronze que soa, ou como um címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria! A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita. Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança. Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido. Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Porém a maior delas é a caridade.”
Aí temos um retrato da caridade cristã.  

O Padre J. L. Lebret, em seu livro “Dimensões da Caridade”, falando sobre a natureza da caridade disse que ela “torna o homem capaz de um gesto infinito em si mesmo. Mas há vários graus nesse gesto, desde a caridade insipiente, até a caridade unificadora. A resposta da alma a Deus pode ser mais ou menos vigorosos, seu movimento mais ou menos intenso, seu dom mais ou menos completo. Enquanto o homem está na terra, a sua caridade pode crescer e não há, objetivamente, limite para esse crescimento”. (...) “A caridade é um dom gratuito de Deus”.” Se Ele a concede aos batizados e aos homens de boa vontade, que o procuram sem ter recebido a mensagem, reserva-se, entretanto, a faculdade de intensificar mais ou menos seu crescimento. Aqueles que a possuíram podem perdê-la ao preferirem uma criatura a Deus; aqueles que a possuem podem deixar que se entorpecesse; sem a destruir, praticam-na no mínimo necessário para que não se extinga de todo. Mas, aqueles que atentos aos impulsos do Espírito Santo em suas almas, procuram fielmente conformar-se com a totalidade de suas exigências, são levados a realizar grandes obras por Deus e pela humanidade”.

É com humildade que reconhecemos que  muito pouco sabemos a respeito da caridade, como, também, sabemos que não se ama aquilo que não se conhece. Procurando conhecer melhor o que é realmente caridade, ficamos sabendo que a caridade é um dom de Deus e que não floresce sem a castidade. Sabemos que a caridade é tudo aquilo que São Paulo expõe no capítulo 13 da 1ª carta aos Corintios. E para compreendermos melhor a caridade, teremos que saber o que vem a ser castidade, chamada virtude angélica.
Aquilo que a princípio acreditávamos ser muito simples, conhecer a caridade, talvez não baste a nossa curta existência para convencermo-nos de que a caridade é um mistério fundamentado na própria divindade, porque Deus é caridade, no dizer de São João, conforme sua 1ª epístola, cap.4, 8. Resta-nos, porém o conforto daquelas palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Eu te bendigo Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos”. (Mt 11,25).  Se nos colocarmos no número dos pequeninos, é certo que estas coisas nos serão reveladas.



Quer saber mais? Clique abaixo.

O POBRE – Vamos falar sobre o Pobre e na defesa dos interesses dele, falaremos sobre a miséria.  A respeito desse assunto, o Rev. Padre Lebret assim se manifestou: O combate contra a miséria impõe um compromisso sem reservas. Não somos chamados a combater todas as formas de miséria. Ninguém pode enfrentar todas as frentes. Cada um tem seu campo de batalha, conforme os dons que recebeu, a sua personalidade e a intensidade do seu amor. O essencial é não perder tempo em retroceder e ficar procurando caminhos indefinitos e sem decisão de escolha. Deus conduz aqueles que O amam e, um dia, lhes propõe determinado setor de trabalho. Nem sempre será aquele de sua preferência. Provavelmente será algum campo em que faltam trabalhadores ou algum extremamente necessário e que ninguém se dispõe a trabalhar. Será esse. É uma aventura divina que começa. A estrada a percorrer será desconhecida, terá que atravessar precipícios, suportar tempestades, aceitar desafios e oposições. Frequentemente ficará sozinho a sustentar, num esforço supremo, o edifício que ameaça ruir. Tudo dependerá da fidelidade à promessa feita a Deus. Com muita fé, coragem e decisão inabalável, verá que nada o impedirá, pois Deus estará presente. O impulso que dá a alma e irresistível, o salto ao impossível é Lei. Todos os obstáculos serão vencidos. Os que se opõem serão aliados. Novos amigos surgirão. O sopro do amor a de se propagar. O amor vigoroso tem vitórias imprevisíveis. Deus só nos coloca numa aventura para ensinar-nos a contar unicamente com Ele; a amar, apesar de tudo, a superabundar de amor incompreendido. As oposições não tem importância: é o começo da aceitação. A voz de João clamou no deserto longo tempo, e era o prelúdio da ação do Senhor. (Pe. Lebret – “Dimensões da Caridade” –pg.170).

OBJETIVOS
         Saber como escolher os assistidos

     Entender que o nosso trabalho não é assistencialismo,
mas dar dignidade ao Pobre

O vicentino, de certo modo, já escolheu o seu caminho ao ingressar numa Conferência, pretendendo dedicar um pouco daquele pouco tempo de que dispõe, a serviço do Pobre. Se realmente pretende servir o Pobre e combater a miséria, que traiçoeiramente ronda a pobreza deverá o nosso confrade, com a devida atenção, procurar conhecer aqueles a quem pretendem servir e o campo onde deverá ser travada a batalha contra a miséria, a fim de ser bem sucedido nesta difícil empresa.  
Conhecer o Pobre! Tarefa dificílima.

Poucos são os que realmente conseguem conhecer o Pobre e é tão necessário que o conheçamos bem para bem servi-lo. As suas ordens serão transmitidas por um processo desconhecido e só serão captadas por quem tiver o coração devidamente regulado para atender os impulsos do amor fraterno que é a mola propulsora de toda a nossa atividade e de todo o nosso zelo em busca do verdadeiro bem daqueles a quem amamos.

QUEM SÃO OS ASSISTIDOS?
                
          Visão do mundo: OS POBRES
A voz de Deus, varando a noite do tempo, chega, até nós através do escritor sagrado para advertir-nos das vaidades das riquezas, falando-nos de uma dolorosa miséria:

"Vi uma dolorosa miséria debaixo do sol: as riquezas que um possuidor guarda para sua desgraça... nu saiu ele do ventre da sua mãe; tão nu como veio, nu sairá desta vida, e, pelo seu trabalho, nada receberá que possa levar em suas mãos. Sim, é uma dolorosa miséria que ele se vá assim como veio; e que vantagem terá ele por ter trabalhado para o vento? Todos os seus dias foram consumidos numa sombria dor, em extrema amargura, no sofrimento e na irritação". (Ecl. - 5 - 12-14/16).

Sim, é uma dolorosa miséria, verdadeiramente uma dolorosa miséria, miséria que muitas vezes é a causa de tantas outras misérias, quando a cobiça desordenada de alguns, em acumulando riquezas para a sua desgraça vem impedir que muitos outros se beneficiem dos bens materiais que Deus colocou na terra para servir a todos os homens, como filhos do mesmo Pai.

Não é tarefa fácil conhecer o pobre e não é tarefa fácil conhecer a miséria e por essa razão não é tarefa fácil saber quem é pobre e o que é miséria.

·        Visão do Evangelho: Herdeiros do Reino

As Sagradas Escrituras nos falam da dolorosa miséria dos ricos que partem desta vida sem nada receber pelo seu trabalho, que possa levar em suas mãos, e Nosso Senhor Jesus Cristo vem nos falar da incomensurável riqueza do pobre:"

·        Bem aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o reino de Deus (Lc 6, 20)

·        Bem aventurados os mansos porque possuirão a terra. (Mt 5,  5 )

Sabemos que nosso Pobre comum, aquele que julgamos conhecer, é de ordinário, humilde, pacífico, aceita com resignação os seus sofrimentos; não anda alardeando valentia, nem vociferando ameaças e por isso supomos que seja realmente manso.

Se for verdade incontestável, pois foi a própria verdade, que é Cristo Senhor Nosso quem no-lo disse, que o pobre de espírito é possuidor do Reino de Deus e que os mansos possuirão a terra, este tipo de pobre nada mais é que o felizardo possuidor de uma fabulosa e imperecível riqueza, dispondo de um tesouro que os ladrões não conseguem roubar e nem as traças e a ferrugem corroer, e foi pela palavra do mesmo Deus que ficamos sabendo que o nosso rico, tão nu como saíra do ventre da sua mãe, tão nu sairá da vida pela porta da morte, na mais triste indigência, nada levando em suas mãos pelos seus trabalhos e pelos seus dias “consumidos numa sombria dor, em extrema amargura, no sofrimento e na irritação...”

Não seria este o pobre que procuramos?
Serão aqueles que carecem de bens materiais para viver?
Que espécies de bens materiais e qual a quantidade?

Para não andar às tontas a procura do Pobre, de dia ou de noite, em qualquer lugar ou onde quer que esteja, o vicentino deverá recorrer ao seu Santo Patrono, São Vicente de Paulo, aquele que tão bem conheceu o Pobre, servindo-o até o derradeiro instante da sua vida, implorando a sua ajuda, a fim de que possa  encontrar o Pobre e ao mesmo tempo lhe seja ensinada a maneira de bem servi-lo e lhe seja dada a perspicácia para reconhecer as causas da miséria e a coragem para combatê-la na medida das suas forças.

Quer saber mais? Clique abaixo.