1º DOMNGO DO ADVENTO

Marcos 13,33 – 37

Ficai de sobreaviso, vigiai; porque não sabeis quando será o tempo. Será como um homem que, partindo de uma viagem, deixa a sua casa e delega sua autoridade aos seus servos, indicando o trabalho de cada um, e manda ao porteiro que vigie. Vigiai, pois, visto que não sabeis quando o senhor da casa voltará, se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que vindo de repente, não vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: vigiai!

Comentário

Já é hora de acordar! Eis o apelo de Jesus no Evangelho que inaugura este tempo do Advento. Uma nova aurora surge no horizonte da humanidade, trazendo a esperança de um novo tempo de um mundo renovado pela força do Evangelho. Neste tempo de graça, somos convocados a sair do torpor de uma prática religiosa inócua, a acordar do sono dos nossos projetos pessoais vazios e egoístas. Despertos e vigilantes, somos convidados a abraçar o projeto de Deus que vem ao nosso encontro, na espera fecunda do Tempo do Advento, temos a chance de reanimarmos em nós e os compromissos assumidos em favor da construção do Reino, reavivando as forças adormecidas, para a construção de uma humanidade nova, livre das trevas do sofrimento, da marginalização e da morte.

Frei Sandro Roberto da Costa, OFM - Petrópolis/RJ

2º DOMINGO DO ADVENTO

Marcos 1,1 – 8

Conforme está escrito no Profeta Isaias: Eis que envio meu anjo diante de ti: Ele preparará teu caminho. Uma voz clama no deserto: Traçai o caminho do Senhor, aplainai suas veredas (Mt 3,1); Is 40,3). João Batista apareceu no deserto e pregava um batismo de conversão para a remissão dos pecados. E saiam para ir ter com ele toda a Judéia, toda Jerusalém, confessando os seus pecados. João andava vestido de pelo de carneiro e trazia um cinto de couro em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel Sivestre. Ele pôs-se a proclamar: “depois de mim vem outro mais poderoso do que eu, ante o qual não sou digno de me prostrar para desatar-lhe a correia do calçado. Eu vos batizei com água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo”.

Comentário

“Preparai o caminho do Senhor, aplainai as suas veredas”. Clamando pelo deserto, João Batista nos indica que procurar viver conforme a Boa-Nova que Jesus nos trouxe não se trata, simplesmente, de viver dentro de um sistema religioso com certas práticas que nos identificam com tais. Talvez ele queira nos indicar que a fé, antes de tudo é um percurso, uma caminhada, onde podemos encontrar momentos fáceis e difíceis, dúvidas e interrogações, avanços e retrocessos, entusiasmo e disposição, mas também cansaço e fadiga. No entanto, o mais importante é que nunca deixemos de caminhar, pois o caminho se faz caminhando. Boa caminhada de Advento e preparação!

Frei Diego Atalino de Melo

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

5. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA HIERARQUIA DA SSVP








PRINCÍPIOS BÁSICOS DA HIERARQUIA DA 
SOCIEDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO 


                  1. Disciplina na Sociedade de São Vicente de Paulo
                      2. Ambição e Vaidade
                      3. Humildade e Caridade
                      4. Desinteresse e Omissão
                      5. Unidade

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 1. A DISCIPLINA NA SOCIEDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO 

        Ao abordarmos este importante assunto, cumpre-nos em primeiro lugar relembrar as origens da nossa Sociedade. 
       
       Participando das Conferências de História que se realizavam no escritó- rio do professor e jornalista Emanuel José Bailly, Frederico Ozanam e seus companheiros verificaram que não era bastante conhecer a história para defender a Igreja católica, rudemente atacada pelos mestres universitários da Sorbonne. O agnosticismo reinante, promotor dos ataques contra a Igreja foi a causa principal que induziu os jovens estudantes a formarem uma barreira, opondo-se fortemente aos ataques dos mestres anticlericais. Concluíram, também, que era preciso viver o que Nosso Senhor Jesus Cristo ensinara. Daí surgiu a Conferência de Caridade e no seu desdobramento a SSVP tal como está hoje hierarquicamente estruturada administrativamente no Brasil: 

      1. Confederação Internacional da Sociedade de São Vicente de Paulo,      
          gerida e representada pelo Conselho Geral Internacional; 

      2. Conselho Nacional do Brasil, de âmbito nacional; 

      3. Conselhos Metropolitanos, de âmbito regional; 

      4. Conselhos Centrais, de âmbito de parte de uma região; 

      5. Conselhos Particulares, de âmbito de uma zona geográfica;

      6. Conferências, de âmbito local. 


       O órgão supremo e democrático da Confederação é constituído pela As-sembleia Ordinária ou Extraordinária do Conselho Geral, que é presidida pelo Presidente Geral. 

      O Conselho Nacional do Brasil, membro de direito da Confederação Inter-nacional da SSVP, a representa em todo o território nacional perante as auto-dades eclesiásticas, civis e militares. Tem como atribuição principal disciplinar as atividades caritativas e assistenciais das Unidades Vicentinas, para atingir os objetivos institucionais da SSVP no Brasil, conforme o artigo 103 da Regra da Sociedade. 

      Aos Conselhos Metropolitanos compete, na sua área de atuação unir,  a-
nimar e coordenar as atividades vicentinas, estando a serviço das Conferên-cias, dos Conselhos Particulares, Centrais e das Obras Unidas e Especiais de sua área, devendo sempre incentivá-las na prática da caridade, adotando as medidas necessárias ao seu bom funcionamento, conforme o artigo 99 da Regra da Sociedade. 

     Aos Conselhos Centrais compete, na área de sua atuação unir, animar e coordenar as atividades vicentinas, estando a serviço das Conferências, dos Conselhos Particulares, e das Obras Unidas e Especiais de sua área, devendo sempre incentivá-las na prática da caridade, conforme o artigo 96 da Regra da Sociedade. 

     Aos Conselhos Particulares compete, na área de sua atuação unir, animar e coordenar as atividades vicentinas, estando a serviço das Conferências e das Obras Unidas e Especiais, devendo sempre incentivá-las na prática da caridade, conforme o artigo 93 da Regra da Sociedade. 

    As Conferências estão vinculadas aos Conselhos Particulares e reúnem católicos militantes, em caráter voluntário e organizadas em grupos unidos pelo espírito de comunidade, independentes de cor, sexo, classe, idade e nacionalidade, com a finalidade específica do exercício do apostolado da caridade evangélica, através de visitas domiciliares, como principal motivo de santificação de seus membros. 

1.1 A REGRA DA SOCIEDADE


     Para o perfeito funcionamento dessa associação, nas suas diversas unida-des, elaborou-se uma REGRA, disciplinando a sua ação, o seu modo de agir, gerando deveres e obrigações exigindo de seus membros o cumprimento de suas normas. O compromisso vicentino deve ser um ato voluntário, sério e responsável. O encontro com o Pobre, é calcado na fraternidade que conforta e enriquece o trabalho apostólico, dependendo, principalmente, da observância de uma disciplina exemplar. A ruptura dessa disciplina implica no enfraquecimento do organismo social. 

      A inobservância da REGRA conduz à indisciplina,  com as suas consequên-cias. Atos de indisciplina na observância de regras, são comuns na vida coti-diana, bastando citar o que ocorre na área do transito de veículos onde, a cada instante, se verificam imprudentes transgressões, pondo em risco bens patrimoniais e preciosas vidas, não obstante as sanções impostas pela Lei, punindo os infratores. 


     Na nossa modesta SSVP, o primeiro ato de indisciplina vem da impontua-lidade. A pontualidade do horário é um ponto importante a ser considerado. A constante entrada e saída de confrades e consocias, perturba a sequência dos trabalhos da reunião.Vale a pena relembrar aqui o pequeno trecho que se encontra no volume "Escola de Caridade Ozanam", página 31, traduzido e adaptado pela Diocese de Anápolis (Goiás) e revisto, atualizado e comentado pelo confrade Paulo Sawaya: "Oh! como nos desgostamos do indivíduo que nunca é pontual. Todavia, nós mesmos podemos desenvolver este hábito tão impopular. Temos todo o desejo de estar pontualmente ali, mas não resistimos à xicara extra de café, ou a um rápido olhar pelo jornal. Notamos um bom programa na TV e a primeira coisa que percebemos e que estamos atrasados de novo. Sem o regime da pontualidade é difícil mesmo, ser eficiente. Com o controle decisivo da pontualidade e devoção rigorosa aos princípios, podemos tornar-nos aquela mesma pessoa que nós, e os outros, admiramos”. É portanto necessário que os confrades e consocias cheguem um pouco antes da hora de começar a reunião, para que todos possam participar das orações iniciais e compartilhar dos comentários da leitura espiritual - as fontes que alimentam a espiritualidade da reunião.



1.2 FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO

      São, na realidade, duas características que se completam. Em primeiro lugar, e principalmente, a Conferência cuida e com esmero da formação do confrade e dos socorridos. A leitura meditada da Regra já propicia ao vicentino recém-admitido na Conferência, o início de uma boa formação. Importa, portanto, que todos os vicentinos conheçam a REGRA da Sociedade, que lhe indicará as dimensões de seus deveres, das responsabilidades e diretrizes para o comportamento de um cristão face aos compromissos assumidos com a hierarquia e, de modo especial, com os assistidos. 


      Mensageiros de Cristo, os vicentinos procurarão pelo exercício da caridade o aperfeiçoamento indispensável para a sua própria santificação e a santifica-ção do próximo. E quem são os seus próximos? Em primeiro lugar sua própria família, depois os irmãos com quem convive na Conferência e em toda a Soci-edade, seus superiores, seus subordinados. Como se vê, a SSVP é abrangente com uma finalidade bem determinada. 

      Naturalmente, à medida que frequentam as reuniões da Conferência e dos Conselhos, os Confrades e Consocias vão sendo informados dos pontos princi-pais do movimento vicentino e daí, a necessidade  de  se  propiciar  reuniões mais abrangentes e esclarecedoras, que evite a rotina, que registre as dife-rentes iniciativas tomadas pelos dirigentes e, também, para se tentar, se possível, uma ação uniforme e produtiva, na área de cada Conselho. As assembleias gerais, distritais, regionais e, as festas regulamentares serão importantes para se transmitir as informações que todos os Confrades e Consocias deverão receber. 


      Diz a Regra da Confederação no item 3.7 que "Os vicentinos jovens per-mitem a Sociedade conservar permanentemente um espírito jovem. Voltados para o futuro, eles lançam um novo olhar sobre o mundo e muitas vezes vêem para além das aparências. A Sociedade tem cuidado permanente de formar Conferências de Jovens e de favorecer o seu acolhimento em todas as Conferências".    

      Particular cuidado deverá ser dispensado às reuniões de jovens, pelo seu ardor característico, pelas inúmeras iniciativas que pretendem tomar, para não deixarem de observar o quanto preceitua a Regra.Inúmeras serão as recomen-
dações que deverão ser feitas, mas é de bom alvitre limita-las, observando sua possibilidade de execução.

      É comum se notar nas Assembleias e Congressos a quantidade exagerada de medidas que são aprovadas em plenário, propostas estas aprovadas pelas direções de Conselhos, sem a devida ponderação necessária e sem condições de executá-las. Vale aqui a recomendação de São Francisco de Sales: "Pouco, mas bem". Não se deve esquecer, mas ter sempre presente que as alegrias, as esperanças, as tristezas, as angústias e depressões dos homens e mulhe-res de hoje, sobretudo dos Pobres e dos que sofrem, foram as alegrias, as esperanças, as tristezas, as angustias e depressões dos discípulos de Frede-rico Ozanam. 


       A SSVP é constituída de fiéis que, reunidos em Cristo, procuram trans-mitir a sua mensagem de amor e de paz. De amor a Deus e ao próximo, seu mandamento máximo, que resume toda a Lei. 

2. AMBIÇÃO E VAIDADE 

      Quem não se mira diante de um espelho? 
     
      O que vê refletido? 

      A imagem pode agradar ou desagradar à Ambição e a Vaidade... 

      A Vaidade e a Ambição não podem se sobrepor ao equilíbrio, ao bom senso e à prudência. Vaidade e Ambição... quem não as tem? 

     Quem não almeja por dias melhores em um futuro próximo? 


      Na Sociedade de São Vicente de Paulo, o vicentino deseja, acima de tudo, que a sua Conferência caminhe bem, que no seu Conselho haja união; que tu-do funcione corretamente. Aspira por Obras Unidas ou Especiais bem entrosa-das com os Conselhos a que pertencem, obedecendo e respeitando o Regula-mento. Ambiciona por um maior número de vicentinos; por um pronto atendi-mento aos necessitados; por uma maior espiritualidade de seus membros e se envaidece quando tudo corre bem. 

       Esta ambição e vaidade não desagradam a Deus. Porém, quando o cha-mado de Deus é aceito, quando se é escolhido para pertencer a Sociedade de São Vicente de Paulo, a humildade deve ser constante na vida vicentina. 


      Ao ingressar na Sociedade de São Vicente de Paulo, o vicentino tem que palmilhar passo a passo a trilha de Frederico Ozanam. A hierarquia, deve ser mantida e respeitada para o bom funcionamento da Sociedade. Quando o Confrade ou a Consocia ambiciona cargos para usá-los com autoritarismo, com vaidade, vai mal. De mal a pior. A vaidade e a ambição embrutecem o homem, distanciando-o de seus semelhantes. Ambição e vaidade constituem violências contra o próximo, contra o irmão. O poder passa a seduzi-lo, tornando-o indiferente aos problemas do dia a dia do vicentino.

      Sabemos que só o AMOR constrói, e ele é a vida, a união e a alma do vi-centino. Tudo o que se faz, ditado pelo pulsar da caridade e da fraternidade produz a paz, fortalece o ânimo e a vontade de prosseguir, mesmo sabendo ser árdua a caminhada e longo o percurso. O amor une. Dá-nos capacidade de enxergar e diferenciar o BEM do MAL. Quando a vaidade se aloja em nossa alma, quando nos julgamos maiores e melhores do que os outros, porque um cargo nos foi confiado, perdemos a razão de ser das coisas, tornando-nos embrutecidos e tudo reflete em glórias à ambição. 


      São pessoas despreparadas para ocuparem qualquer cargo dentro da Soci-edade de São Vicente de Paulo pois a ambição e a vaidade as invalidam. Os cargos, na Sociedade, são incumbências de muita responsabilidade e nunca de honrarias. Quando existem Obras Unidas e Especiais, de grande porte, vincu-ladas a um Conselho, o perigo de envolvimento da ambição e da vaidade torna-se maior pela facilidade em enredar o incauto vicentino que busca, nos cargos administrativos, o poder de mando e as vantagens adicionais que aumentam o seu prestigio social. 

      Para se evitar o perigo de envolvimento acima apontado é necessário se-guir o exemplo de São Vicente de Paulo, aliando oração à ação invocando as luzes do Divino Espírito Santo em fazendo despontar verdadeiros lideres, vi-centinos dignos, plenos dos dons de Deus, a fim de que possam ocupar cargos de liderança, lutando não só pelos necessitados, mas pela Sociedade, procu-rando acatar com humildade as instruções e orientações de seus superiores hierárquicos. Não se pode escolher novo Presidente de Conferência ou Conse-lho Particular, Central, Metropolitano ou Superior, sem conhecê-la bem, sem antes lhe auscultar as pulsações. O médico quando se defronta com o paci-ente vai examiná-lo, procurar conhecer o seu organismo para então medicá-lo.  
      Na Sociedade de São Vicente de Paulo, todo vicentino é um guardião fiel e dedicado de seus companheiros, cabendo a cada um, zelar pelo bem da So-ciedade e de sua Conferência. Como? Se todo vicentino conhecer bem a RE-GRA e aplicá-la, a caminhada será sem tropeços. Haverá força para se sobre-por às dificuldades e remover as pedras que porventura surjam no seu cami-nho. A Fé deve ser grande e o amor a Deus maior.

      Vamos lutar para banir da Sociedade a ambição e a vaidade, para que ela cresça em material humano e em espiritualidade, para que vejamos em cada vicentino, o irmão, o filho amado de Deus, seja ele um soldado raso ou um presidente. Que os cargos que porventura venham a ocupar, não os distanci-em dos seus irmãos. Através da oração e com a ajuda do Espírito Santo en-contraremos líderes à altura da Sociedade para orientar e guiar os vicentinos na estrada luminosa que leva até Deus. 


      A Sociedade de São Vicente de Paulo, como um grande edifício, patrimô-nio que herdamos de Frederico Ozanam, cresce verticalmente rumo aos céus. Cada pedra de seu alicerce e tijolos de igual tamanho, sem arestas, formam uma fortaleza, simbolizando a união, a força, a amizade, a fraternidade, a caridade e o amor entre os vicentinos que seguem o Regulamento e respeitam sua hierarquia. AMBIÇÃO e VAIDADE são ervas daminhas e não devem cres-cer entre nós. 



3. HUMILDADE E CARIDADE


      Muito se tem escrito e falado sobre a caridade e a humildade, virtudes fundamentais que caracterizam o verdadeiro vicentino. É comum ver-se nas cartas, atas e escritas, no final, na assinatura: - "o humilde confrade Fulano de tal" - presidente deste Conselho ou desta Conferência. Muitas vezes, em nome da humildade, deixa-se de aceitar cargos, e, logicamente, os encargos dele decorrentes. 

      No nosso modesto entender, a humildade não é mais do que o reconheci-mento das nossas reais possibilidades e limitações. Cada pessoa deve enten-der o seu próprio íntimo - (e se nem ao menos procurar entende-lo, jamais po-derá entender o do próximo) e de certa maneira pode avaliar as suas capaci-dades. Assim, quem tem ojeriza de manifestar-se oralmente em público jama-is poderá aceitar o encargo de fazer um discurso ou proferir uma palestra; quem não tem a mínima habilidade ou gosto por linhas de costura, jamais po-derá trabalhar neste setor; quem não tem paciência no trato com idosos, ja-mais se arvore cuidar dos mesmos, e assim por diante. Diz o popular ditado: ''Não passe o sapateiro além dos sapatos”. 
     
      Eis aí uma grande verdade e é neste ponto que prevalece a virtude da HUMILDADE. É necessário o reconhecimento das próprias limitações. Muitas vezes, movido por um certo sentimento de vaidade pessoal, o indivíduo é le-vado a aceitar tarefas para as quais não está realmente preparado. A humil-dade, porém, fará com que ele se mire no seu verdadeiro espelho interior, que projetará apenas aquilo que existe dentro de si, sem enfeites ou aumentos. 
Então, com simplicidade, aceitará ou rejeitará o trabalho que lhe é proposto fazer. A humildade, não deverá ser um pretexto para a recusa de cargos. 


      Outro aspecto da humildade nos revela que esta virtude deve ser pratica-da de tal maneira que os dons pessoais sejam exercidos discretamente de modo natural, sem manifestar desejo de sobressair, sem inferiorizar os menos dotados. Sempre haverá pessoas melhores aquinhoadas do que outras. Na pa-rábola dos talentos Jesus não explica porque o patrão deu mais a uns do que a outros. 

      À luz do Evangelho o vicentino deve ser colocado no alto para iluminar ao seu redor, demonstrando, por seu intermédio, o brilho e a glória do Pai. A luz que despertar a atenção somente para a sua fonte geradora, a lâmpada, sim-plesmente ofuscará, e não cumprirá a sua finalidade. Tudo no mundo tem sua limitação. O poder do Estado esbarra na Constituição, que é a lei maior. A natureza segue as suas próprias leis, numa sequência metódica e interminável de dias e noites, das fases da lua e das estações do ano. Uma vez subvertida a ordem estará gerado o caos. 

       Assim, também na Sociedade de São Vicente de Paulo, existe a sua hie-rarquia, fixando-se cada qual dentro da sua esfera de ação num harmonioso conjunto. Para isto existe a REGRA, que constitui a sua Carta Magna. Uma vez obedecida a Regra, com simplicidade e submissão, dentro do conceito de hu-mildade acima exposto, não haverá dificuldade para o seu pleno e eficaz funcionamento, sempre em proveito: primeiramente do vicentino, secundando, do Pobre. 

      Aparece então, a CARIDADE, como objetivo, pois esta virtude teologal não é apenas para ser conhecida e estudada, e sim, muito mais, para ser vivida em plenitude pelo verdadeiro cristão. O apóstolo São Paulo, na sua primeira carta aos Coríntios, no capítulo 13, revela-nos os traços que compõe a fisionomia da CARIDADE, dom gratuito de Deus, que não conseguimos com o nosso próprio esforço mas vivendo em estado de graça, confiantes na misericórdia divina. 

      A CARIDADE valoriza as virtudes cardeais elevando-as para Deus tais co-mo a paciência, a bondade, o desprendimento, a modéstia, a calma, a justiça, a verdade, a magnanimidade, e tantas outras que estabelecem o nosso bom relacionamento com os homens no sentido horizontal. Tudo isto reunido, re-sultará numa só palavra - AMOR - dom supremo e único, que nos acompanhará até a Vida Eterna, incorporando-nos na vida Divina, pois Deus é AMOR no di-zer de São João (Cap. 4, v.8). 

        Encerrando as nossas simples considerações, podemos concluir: o vicen-tino (de qualquer escalão), obedecendo a hierarquia e procurando praticar a Caridade, estará sempre de acordo com a sua vocação de serviço, realizando o ideal proposto, e dotando o mundo e a Sociedade de São Vicente de Paulo daquela parcela única e indispensável que só ele pode oferecer. Assim, como uma grande máquina, cuja força geradora é o Amor, e lubrificada constante-mente pela humildade, a hierarquia será mantida natural e plenamente, cumprindo o que sonhou o nosso fundador. 


4. DESINTERESSE E OMISSÃO 

      O desinteresse, de um modo geral é o início da perda da de fé: no ideal que professa, na Providência Divina, na possibilidade de se alcançar o bem que deseja. É o início, em se tratando do vicentino, pois ele se desinteres-sando pela sua obra, vai mal, devendo se preocupar, pois o desinteresse o afastará do objetivo que pretende alcançar, segundo o espírito da SSVP, que é a sua própria santificação através do exercício da caridade fraterna e organi-zada. Estará, voluntariamente, menosprezando a graça que recebeu. Na nossa REGRA encontramos o seguinte esclarecimento: "O engajamento vicentino não é, de modo algum, voto constrangedor, pois nada e mais livre. Mas é um ato sério”. E esta seriedade nos deve preocupar. O desinteressado está a um passo da omissão e esta é geralmente consciente e constrangedora. 

      Já na omissão observamos que, por exemplo, na confissão comunitária, quando nos preparamos para participar dignamente do Santo Sacrifício da Missa, relacionamos a natureza de ações pecaminosas: "por pensamentos e palavras, atos e omissões” sem atentarmos devidamente para a natureza e circunstâncias destes últimos, designados como omissões, que consiste na ação de se omitir, de deixar de fazer, PRETERIÇÃO, esquecimento voluntário ou não. 

      Deixar de fazer o bem pode constituir uma omissão grave."Deixar de fazer o mal não constitui uma omissão mas um bem". O vicentino que se omite no desempenho das suas obrigações, impostas pela REGRA e pela sua condição de servo dos Pobres, se desgoverna, afasta-se do seu rumo. O exame dos problemas que possam implicar em desleixo ou omissão deve ser uma preocupação constante do grupo que se reúne numa Conferência vicentina. 

      Não podemos resolver todos os problemas gerados pela injustiça social, ou desordem moral, mas não podemos afastar todos eles da nossa orbita, atentos que devemos estar para as obras de misericórdia: dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, visitar os enfermos, os encarcerados etc. etc. , objeto do desvelo das nossas Conferências. Abençoado aquele que foi escolhido para esta missão e a cumpre fielmente. 


5. U N I D A D E 


      Disse alguém, que a verdadeira liberdade baseia-se no cumprimento das leis e das regras, principalmente, se os seus objetivos são o bem comum. Foi assim desde as nossas raízes. A desobediência do homem quebrou o vínculo de unidade entre o Criador e a criatura, restaurada por Jesus Cristo no misté-rio da Encarnação, Vida, Morte e Ressurreição; de forma definitiva. Antes da vinda de Jesus, muitas vezes e de várias maneiras o Senhor comunicou-se com os homens, tentando alianças para manter o povo unido através de pes-soas como Moisés, David, os Profetas etc. 


      Os Dez Mandamentos recebidos de Deus no Monte Sinai, por Moisés, ti-nham por objetivo conduzir todo o povo de Deus, no Antigo e no Novo Testa-mento, à unidade, à fraternidade, à paz e à justiça, frutos do Amor de um Deus que quer partilhar conosco a sua glória e felicidade. O não cumprimento desta lei, dos ensinamentos dos profetas e posteriormente da "Boa Nova a-nunciada por Jesus", trouxeram consequências desastrosas para a humanida-de, devido ao egoísmo que permaneceu na maioria dos homens. Até hoje a humanidade sofre pela transgressão e desobediência à Lei de Deus, a Lei das Leis.

      Assim também acontece no plano humano com a nação que deseja o bem estar de seus cidadãos. No caso do nosso país, ele é regido por uma lei maior entre as demais, chamada Constituição: a Carta Magna. É dela que saem as outras leis que ajudam a manter a unidade nacional, a ordem e o progresso, através do desenvolvimento político, jurídico, econômico e social. Se esta Constituição, esta lei maior da nação não for obedecida por um e por todos, a unidade nacional estará prejudicada e, em consequência, a desunião e a de-sordem estarão decretadas e o futuro do país estará incerto. 


      O retorno à unidade, irmã gêmea da fraternidade, é tarefa das mais difí-ceis. Causa, quase sempre àqueles que lutam por ela, desilusões, rupturas, sofrimentos e dores. E na nossa Sociedade de São Vicente de Paulo como é vivida a unidade? O que a Regra nos propõe para que permaneçamos unidos? 

      Como foi dito acima, a verdadeira liberdade está apoiada no cumprimento das leis e das Regras. Logicamente, Leis e Regras ver-dadeiras, justas, segui-das por pessoas que procuram penetrá-la, entendê-la e vivê-la. Assim é com a Lei de Deus. Assim é com a Constituição de uma nação e assim deverá ser com a Regra da nossa Sociedade, cujos princípios fundamentais têm como espinha dorsal a Espiritualidade Vicentina, baseada na oração, na meditação da Sagrada Escritura, na fidelidade aos ensinamentos da Igreja, testemunhan-do Jesus Cristo, no seu relacionamento, nos diversos aspectos da vida cotidi-ana, principalmente com os mais desprovidos. Esta vivência nos aproxima pa-ra o cumprimento da Lei de Deus, quanto mais nos aprofundamos no conheci-mento da nossa Regra. 

      O apóstolo São Paulo, compara a Igreja, Corpo Místico de Cristo, a um corpo humano, onde Cristo é a cabeça e nós somos os membros. Todos os membros estão sujeitos à cabeça; exercem funções diferentes, porém todos de igual dignidade. Todos os membros juntos e a cabeça formam a unidade do corpo, como Cristo quer. Que sejamos um n’Ele. "Pai fazei que eles sejam um em mim, como eu sou um em Vós”. A unidade portanto tem base no próprio Deus, nas três pessoas da Trindade: - o Pai, o Filho e o Espírito Santo. 

      A proposta da nossa Regra no seu conjunto é a união Fraternal, porque foi inspirada na Lei de Deus e por ser uma Instituição Cristã, Católica, apesar das diferenças pessoais como católicos e cidadãos brasileiros, no nosso caso. Um é do Norte, outro do Sul. Um nasceu na zona rural, outro na zona urbana. Este é economicamente rico. Aquele é casado, este solteiro, o outro viúvo. Um é industrial e outro é assalariado ou mesmo desempregado. E vai por aí afora. 

      Entretanto, quanta riqueza, quantas experiências um pode passar para o outro, mas apesar das diferenças étnicas, sociais ou econômicas próprias da humanidade, somos todos vicentinos; porque somos católicos, porque fomos batizados, porque cremos em Deus nas três pessoas, cremos na Igreja, na Ressurreição e na vida eterna. Estes são alguns dos muitos pontos comuns que nos unem por isso somos todos irmãos, somos vicentinos. 
 LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO!

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

1. 1ª ASSEMBLEIA NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO DA MEDALHA MILAGROSA



                                                       Nossa Senhora das Graças


ASSOCIAÇÃO DA MEDALHA MILAGROSA

A primeira Assembleia Nacional da Associação da Medalha Milagrosa (AMM) realizou-se nos dias 29 e 30 de abril e 1º de maio de 2011, nas dependências da Assistência Vicentina de Vila Mascote de São Paulo-SP., e abrigou trinta e três participantes de cinco estados brasileiros, compostos de religiosos, religiosas e leigos (as). 

O objetivo primordial da Assembleia foi de organizar e regulamentar as atividades das Associações da Medalha Milagrosa no Brasil, nos moldes do Regulamento existente em âmbito internacional.

Sob o comando do Pe. Mizaél Donizetti Poggioli, diversos atos se realizaram no sábado e domingo, como palestras, exposições e orações. Na noite do sábado, um momento especial marcou a Assembleia com a realização da Novena em honra da Virgem Imaculada da Medalha Milagrosa, que contou, ainda, com a presença de membros da Associação da Medalha Milagrosa da paróquia de São Vicente de Paulo do bairro Moinho Velho desta Capital de São Paulo. Uma equipe de coordenação nacional foi estabelecida, ficando como responsáveis o Pe. Mizaél Donizetti Poggioli e a Srta. Nívea Cardoso dos Santos, e a sede estabelecida na Rua da Consolação, 374,2° andar, São Paulo-SP.

Como surgiu a Medalha Milagrosa


Sabe-se que Nossa Senhora apareceu a uma jovem francesa nos idos de 1830. É, mais uma vez, Deus realizando uma de suas maravilhosas obras. Serve-se da humildade ou de uma humilde jovem religiosa, Irmã Catarina Labouré, para dar um golpe de misericórdia contra o materialismo filosófico reinante, na França principalmente, e em diversos países. 

Mas, vejamos alguns fatos que antecederam esse acontecimento. 
Catarina Labouré nasceu em Fain, pequena aldeia próxima de Moutiérs-Saint-Jean, na região da Cote D'Or, na França, no dia 2 de maio de 1806, sendo Catarina a nona de uma prole de dezessete criaturas que sua mãe concebera e dera a luz. Onze vingaram. Seus pais eram de classe média camponesa e oriunda de famílias abastadas da região. Chamavam-se Pedro Labouré e Luísa Madalena Goutard. O registro de nascimento foi lavrado naquela mesma tarde e assinado por seu pai e sua mãe, além do oficial e testemunhas. No dia seguinte realizou-se o batizado, onde recebeu o nome de Catarina, ao qual foi acrescentado o sobrenome de Zoé, em homenagem à santa celebrada pelo Martirológio a dois de maio. Embora nos registros não constasse o nome, foi ela sempre chamada pelos seus familiares e mesmo pela maioria dos habitantes de Fain, pelo nome de Zoé, o qual abandonaria após ingressar na vida religiosa.

Até aos nove anos viveu Catarina no aconchego de sua família, sob o carinho de sua mãe, até que esta veio a falecer em outubro de 1815. Perdia assim Catarina a orientação e educação de uma mãe mestra e carinhosa. Ficaria a partir daí, devendo a Deus e a Nossa Senhora a conservação de sua inocência e pureza de costumes. 
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Nesse tempo, sentindo-se desamparada, dirigiu-se a urna imagem de Nossa Senhora que havia em sua casa e com unção lhe disse: "Agora, querida Senhora, quero que seja minha mãe"! Catarina não saberia, mas a Virgem Santíssima levou isso a sério

Depois de algum tempo, seu pai decide envia-la, juntamente com sua irmã mais nova, Maria Antonieta, carinhosamente chamada por todos de Tonine, para a residência de uma tia de nome Margarida, em São Remy, próximo a Faín, onde permaneceu por dois anos. 

Em 1818 voltam ao lar paterno, provavelmente porque a filha Maria Luísa, a segunda dos filhos na ordem de nascimento, havia ingressado na Casa das Irmãs de Caridade, em Paris. Catarina está agora com doze anos e era nessa idade que as meninas se iniciavam nas tarefas domésticas. Sua irmã Tonine tinha dez anos. Assim, solicitadas por seu pai passam a ajudar a criada da casa nos mais variados serviços, com prazer e diligência. 

Como não havia aulas de catecismo em Fain naquele tempo, somente as missas dominicais, iam a pé, na Matriz de Moutiêrs-Saint-Jean, aproximadamente a três quilômetros de distância, onde todos os domingos havia um curso de doutrina cristã. Suas preces na Igreja eram fervorosas, e Catarina, causava admiração em quem a observava. O que mais chamava atenção do povo da pequena comunidade era a forma pela qual Catarina se mantinha  visivelmente enlevada, como se não estivesse ali  ao lado de todos,quando se ajoelhava ante o altar da Virgem Santíssima para orar. Então, parecia transportada a lugares distantes, inatingíveis. 

Em janeiro de 1819, com treze anos, Catarina fez sua primeira comunhão. Naquele radioso e comovente dia Catarina revela a sua irmã Tonine: "Hoje decidi tomar uma resolução. Eu também vou entrar para o convento".

Um dia, Catarina acordou de repente e confusa. Tivera um sonho curioso e belo. Assistia a Missa e ao final, o Padre celebrante lhe diz: "Segue-me" e lhe anuncia que Deus lhe reservara uma missão especial na terra. Não se esqueceria mais das feições daquele Padre. E, um dia, teria a satisfação de identificá-lo.

Tendo sua irmã Tonine completado vinte anos, Catarina julgou que podia transferir-lhe as responsabilidades da casa e assim realizar o seu sonho de ingressar numa Congregação religiosa. Vencendo sua timidez, dirigiu-se ao pai dizendo-lhe: "Senhor meu pai, bem sabeis que tenho recusado todas as propostas de casamento que me foram feitas." "É, papai, porque eu decidi entrar numa Congregação religiosa .. ".  Pedro Labouré ficou perplexo. Não. Não permitiria que aquela filha também o deixasse. "Não dou meu consentimento, disse ele a Catarina". E continuou: "A família Labouré já deu ao convento uma filha. Duas, enquanto eu viver, não o permitirei".

O tempo foi passando e seu pai pensava diferente e não sentia nenhum constrangimento em afastar sua filha de Deus. E, para fazê-la mudar de ideia, em fins de 1828 a encaminha ao seu filho Carlos (o oitavo dos filhos) que em Paris possuía um restaurante, de frequência pouco recomendável onde Catarina deve ter passado alguns dos piores dias de sua vida. Tempos depois, Carlos vendo o sofrimento e angustia de sua irmã, a encaminha ao seu irmão Huberto, o mais velho dos irmãos, que era oficial militar e cuja esposa, Madame Joana Goutard era diretora de um colégio onde as famílias nobres da região educavam suas filhas. 

Foi, pois, para um ambiente destes que Catarina se transferiu em fins de 1829. Assim, em pouco tempo, sua digna cunhada, apreciando seus modos e seu caráter, providencia uma professora que a ensina a ler e escrever.


Meses depois, Catarina visita o sanatório mantido pelas Filhas da Caridade e no parlatório vê um quadro e reconhece a pessoa que havia visto em sonho. Pergunta à Irmã que a atendia quem era a pessoa do quadro e a Irmã responde: “Oh! E o nosso Pai, São Vicente de Paulo, minha filha!”.  Catarina sentiu-se arrebatada e uma imensa paz deu-lhe uma serena tranquilidade, e ali percebeu qual era o destino de sua vocação. Sentiu-se confortada de todas as amarguras passadas. Decidiu o caminho a seguir na vida. Iria ser religiosa. Havia, porém, três problemas a solucionar: o consentimento do pai, o enxoval necessário e o dote a ser pago.

Expondo essas dificuldades à sua cunhada, Joana Goutard, esta resolveu dar solução aos problemas, usando de seu prestígio e posição que ostentava na sociedade parisiense. Escreveu ao seu sogro e dele obteve o consentimento desejado. Ainda, Madame Goutard assumiu o enxoval e o dote a ser pago, e que, para a época, era um valor considerável. E assim, acompanhada de sua bondosa cunhada, Catarina, no dia 22 de janeiro de 1830, ingressou na Companhia das Filhas de Caridade. Terminado os meses de postulantado, Catarina foi transferida em 21 de abril de 1830 para a casa matriz e também seminário da comunidade em Paris, localizada na Rua Du Bac, 140, onde recebeu o hábito escuro das noviças.

Em 25 do mesmo mês, domingo do Bom Pastor, Catarina participou com centenas de Irmãs de Caridade da Solene Transladação das Relíquias de São Vicente de Paulo da Casa Matriz das Filhas da Caridade para a Capela dos Lazaristas, na Rua du Sevres. Catarina participou das imponentes cerimônias que se realizaram durante nove dias e foi durante a novena que ela em êxtase viu, em dias diferentes, o coração de São Vicente de Paulo mudar de cor, com significados diversos. Quase em todo o tempo do noviciado ela recebeu graças que a deixavam perplexa, quando nas celebrações da Missa, na consagração e elevação da hóstia, via Jesus.

Mas tarde, a pedido do Pe.Aladel, seu confessor, Catarina registrou esses acontecimentos, principalmente as aparições de Nossa Senhora, que ela relata desta forma, o que lhe aconteceu na noite de 18 para 19 de julho de 1830; "Tínhamos recebido um pedacinho da sobrepeliz de São Vicente de Paulo».

Insensivelmente cortei um pequenino bocado do pano e engoli-o". "Senti uma felicidade muito grande e roguei a São Vicente que me alcançasse a graça de ver a Virgem Santíssima". "Fui deitar-me com o pressentimento de que nessa noite eu me avistaria com minha boa Mãe". "Então adormeci e fui despertada 
por uma voz que me chamava: Irmã Catarina, Irmã Catarina". "Afastei a cortina e vi um menino de quatro a cinco anos que me chamava". "Vinde à capela, a Santíssima Virgem vos espera, disse-me ele". "Guiada pelo menino, logo chegamos à capela, onde o menino fez com que eu tomasse um lugar diante do altar, e depois de breve espera, ele anunciou: Eis a Santíssima Virgem"! Ei-la"! "A Mãe de Deus surgiu e dirigiu-se para uma cadeira próxima aos degraus do altar. "Grande foi minha alegria quando vi a boa Mãe". "Atirei-me nos degraus do altar e apoiei minhas mãos no joelho de Nossa Senhora e consegui, apesar de muito emocionada, balbuciar: este é o momento mais feliz de minha vida"! 

Muitas coisas foram ditas à Irmã Catarina durante a aparição, cujo diálogo durou cerca de duas horas. Deste longo colóquio entre Nossa Senhora e Irmã Catarina houve uma parte especial, o qual ela se lembraria, nos mínimos detalhes, por toda sua vida: "Minha filha, Deus te encarregará de uma grande missão". "Isso te atormentará e fará sofrer, mas se tiveres confiança e te inspirares em orações, tudo vencerás". "Os tempos são maus". "Virão desgraças sobre a França". "O trono será derrubado". "O mundo será revolvido por desgraças imensas, porém Deus e São Vicente estarão convosco e, nessa ocasião eu mesma vos ajudarei, concedendo-vos minhas graças". "Virá um momento em que tudo parecerá perdido, mas eu vos ajudarei". "Não será, porém, a mesma coisa com as outras comunidades". "O clero de Paris contará muitas vítimas, o senhor Arcebispo perecerá". "A Cruz será desprezada, o sangue correrá nas ruas, todo o mundo mergulhará na tristeza". 

Referindo-se a Comunidade das Irmãs, assim observou Nossa Senhora: "Eu gosto de derramar minhas graças sobre a Comunidade". "Amo-a com ternura". "Ela, porém, me faz sofrer com os grandes abusos que nela se cometem". "A Regra não é observada, a regularidade não é perfeita". "Há grande relaxamento". "Comunica isto para quem está encarregado de tua direção espiritual". "Embora ele não seja o Superior, ele será, contudo, incumbido de fazer com que todas estas coisas se cumpram". "Dize-lhe em meu nome, que se proíbam as más leituras e a perda de tempo com visitas". "Logo que a observância da Regra voltar a ser praticada, uma outra Congregação virá se reunir à tua". "Não é conforme o costume, mas eu muito amo esta Congregação". "Dize-lhe, pois, que a receba". "Deus abençoará a união das duas Comunidades e haverá grande paz".

Conforme seu relato, Irmã Catarina disse não se lembrar de quanto tempo ficou junto à Virgem. Disse que sabia apenas que, quando Ela se foi, notou que alguma coisa, algo se afastava, como uma nuvem, em direção da tribuna, pelo mesmo caminho de onde havia vindo. Notou que o menino continuava onde o havia deixado. Voltaram para o dormitório onde as luzes continuavam acesas e com ele caminhando a sua esquerda. Eram duas horas da madrugada. Mas, durante o resto da noite, não conseguiu dormir e nem se esforçou para isso. 

Irmã Catarina revelou todos os fatos e acontecimentos, em confissão, ao Pe. Aladel, que julgara a humilde camponesa fantasiosa, proibindo-a de "pensar em tais coisas". Porém, Irmã Catarina, depois de cumprir rigorosamente as ordens que recebera de sua santíssima Mãe, aguardava ansiosamente que lhe fosse revelada a missão que ela deveria executar. De outra parte, os acontecimentos previstos, próximos e futuros, aconteceram realmente, deixando o Pe. Aladel confuso diante da exatidão dos fatos, como o de 27 de julho quanto o Rei Carlos X foi deposto do trono da França.

Mas, Irmã Catarina, não precisou esperar muito tempo. No dia 27 de novembro de 1830, quando estava orando na capela, ouviu um ruído semelhante àquele que precedera a primeira aparição. Eram cinco horas e meia da tarde e ela olhou para o local de onde vinha o ruído e, maravilhada percebeu que chegara o grande momento. Ali estava, na altura de um quadro de São José, a Virgem Santíssima toda de "branco-aurora", com mangas cumpridas e um véu branco que descia até a parte inferior de suas vestes. Seus pés apoiavam-se na metade de um globo. Segurava outro globo na mão e tinha os olhos voltados para o céu.

Posteriormente, quando foi solicitada, Irmã Catarina disse que não se atreveria a descrever a puríssima beleza do rosto da Virgem Santíssima, que por sinal, afirmou estar bastante visível. Outra coisa que lhe chamou a atenção foi que Maria Santíssima trazia nós dedos vários anéis com belíssimas pedras, das quais partiam raios de luz de indescritível brilho, que iam aumentando à medida que desciam, confundindo em extraordinária claridade os pés da Virgem.

Saindo do êxtase em que se encontrava, Irmã Catarina percebeu que Nossa Senhora lhe falava. Assim ela descreveu esse momento: "A Virgem Santíssima fez-me compreender quanto lhe são agradáveis às orações daqueles que a invocam, e quanto Ela é generosa em conceder o que lhe pedem". E disse-me: "Estes raios simbolizam as graças que derramo sobre as pessoas que me as pedem". Aproximava-se o ponto culminante da aparição: a Virgem não só ia instruir Irmã Catarina sobre a missão que lhe estava reservada, como transmitir aos homens e mulheres uma das mais encantadoras preces que nos foi dada conhecer; prece essa que em muito iria contribuir para a proclamação do Dogma da Imaculada Conceição.

De repente, formou-se em torno da Virgem Maria, um quadro de forma oval, com inscrição, em ouro, nítida e destacada, das seguintes palavras: "Oh! Maria concebida sem pecado, rogai por nos que recorremos a vós". Enquanto Irmã Catarina contemplava a cena embevecida, uma voz ordenou-lhe: "Fazei cunhar uma medalha conforme este modelo. As pessoas que a trouxerem ao pescoço receberão muitas graças". “As graças serão abundantes para os que a trouxerem com inteira confiança”.  Depois, Irmã Catarina pode ver o outro lado da medalha, cujo reverso deveria ter, a seguinte formação: um M encimado por uma cruz, tendo na parte inferior dois corações, um coroado de espinhos e o outro traspassado por uma espada. Doze estrelas completavam a composição, circundando os elementos da parte descrita.

Na verdade, o culto a Nossa Senhora das Graças acabara de ser sugerido como meio garantido para a obtenção das mais difíceis graças. Em outro dia durante sua meditação quando pensava sobre amedalha, Irmã Catarina ouviu uma voz que lhe esclareceu:  "O M e os dois corações dizem bastante". Depois dessas manifestações de Nossa Senhora, Irmã Catarina transbordava de alegria e consolação, sem, porém, deixar a ninguém perceber na sua costumeira modéstia e simplicidade. A terceira aparição deu-se alguns dias após, no mesmo horário e depois da meditação. Percebeu o mesmo ruído de sedas da aparição anterior e vinha de próximo ao sacrário, ao mesmo tempo em que, uma voz lhe dizia interiormente: "Esses raios simbolizam as graças que a Virgem obtém para os que as imploram»! De outra feita foi lhe dito: "Vinde ao pé deste altar; aqui as graças serão concedidas aos grandes e aos pequenos". A verdade era que a Santíssima Virgem buscava por ao alcance dos homens e mulheres o poder que possuía junto ao seu divino Filho como Medianeira de Todas as Graças.

Quando em janeiro de 1831 recebeu o hábito e a "corneta”, espécie de véu em forma de chapéu, ainda continuava a ser tida como obscura até em questões de devoção. Se não se contasse, ninguém jamais  acreditaria facilmente que aquela jovem freira fora escolhida para tão relevante missão. O próprio Padre Aladel, apesar de ter comprovado a veracidade de várias previsões que Irmã Catarina havia lhe contado, assim mesmo, quando ela lhe falava de suas visões, repreendia-a severamente, humilhando-a em várias ocasiões. Também, não se deve pensar que o Padre Aladel dormia tranquilamente. O germe da dúvida também o atormentava. Dizia ele: "Como poderia uma camponesa simplória e ignorante inventar uma oração extraordinariamente bela como essa que ela tanto me repete: "O' Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós". "Além disso, não acredito que sua imaginação pudesse fantasiar metade das coisas que me tem narrado".

Porém, Irmã Catarina foi transferida para servir na cozinha do Asilo Enghien, destinada a abrigar a velhice desamparada. Desse modo teve que deixar aquele lugar tão significativo para ela. Mas Irmã Catarina de tempo em tempo iria a Casa-Mãe para receber orientação espiritual de seu confessor, Padre Aladel. Irmã Catarina chegou ao Asilo Enghien em  5 de fevereiro de 1831, ali permanecendo por todo o resto de sua vida.

Se a Irmã Catarina teve o privilégio das visões, coube ao Pe. Aladel ser o executor das ordens emanadas de Nossa Senhora. Urna dessas ordens fora a de fundar e dirigir uma associação de moças para a qual a Virgem lhe concederia muitas graças e indulgências. Fora, também, incumbido de fazer com que a Regra da Congregação das Filhas da Caridade fosse cumprida fielmente. E, tinha, ainda, a missão mais importante, a de fazer com que a medalha fosse cunhada.


Após a terceira das grandes aparições, Nossa Senhora afirmara a Irmã Catarina que não a veria mais. Apenas ouviria uma voz durante as orações, voz esta que sempre se manifestava para lhe dizer do descontentamento da Santíssima Virgem pela demora em tomarem providências afim de que fosse cunhada a Medalha que Ela solicitara. Por sua vez, Irmã Catarina queixava-se que o Pe. Aladel não lhe dava a atenção devida, julgando-a mentirosa. Nessas ocasiões, a voz interior encorajava-a a prosseguir firme na solicitação junto ao Pe. Aladel, pois mais cedo ou mais tarde acabaria atendendo aos pedidos de Nossa Senhora.

No começo de 1832, Pe. Aladel vencendo seus preconceitos e dúvidas dirigiu-se ao Arcebispo de Paris, Dom de Quelen, a quem fez um minucioso relato de tudo que Irmã Catarina havia lhe contado. Quando saiu do palácio episcopal, o Pe. Aladel levava consigo a autorização de Dom Quelen para cunhar a medalha. Apesar de vários contratempos e aos múltiplos afazeres que tinha, Pe. Aladel no fim do mês de junho conseguiu que vinte mil medalhas fossem cunhadas, exatamente como o modelo descrito por Irmã Catarina, que teve o prazer de ser a primeira a receber a medalhinha, e, satisfeitíssima, com entusiasmo e veneração, simplesmente disse: "Resta propaga-la”. Aliás, foi de Dom de Quelen a responsabilidade pela grande propagação, tomando a Medalha conhecida em todo o mundo. Já em 1836, só o gravador da primeira série de medalhas, cunhara nada menos que dois milhões de exemplares e que a inscrição "O' Maria Concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós", fora gravada em cinco idiomas diferentes. Grandes quantidades passaram a ser produzidas em diversos países, tornando-se impossível saber a quantidade de medalhas cunhadas.

Até essa época Pe. Aladel não se preocupara em dar a conhecer àquela privilegiada que tivera as visões que redundaram na cunhagem das Medalhas. Quando o Pe. Aladel tentou convence-la de que uma breve entrevista com Dom de Quelen seria feita o mais discretamente possível, Irmã Catarina negou-se a comparecer na presença do Arcebispo ou recebe-lo no convento. E dizia com simplicidade ao Pe. Aladel: "A Santíssima Virgem mandou que eu falasse somente ao senhor". Ademais, o Pe. Aladel, só dez anos depois da primeira aparição, cumpriu o desejo de Nossa Senhora e fundou o primeiro grupo de Filhas de Maria, grupo esse que cresceu e se multiplicou no mundo todo. E Irmã Catarina não teve qualquer ligação com a Associação, vivendo calma e discretamente no Asilo de Enghien. Mas, enchia-se de satisfação quando tomava conhecimento dos progressos de tudo o que contribuía, cada vez mais, para o engrandecimento do nome da Imaculada Conceição e de todas as maravilhas alcançadas por intermédio da sua tão amada Nossa Senhora das Graças. 

Nosso Senhor Jesus Cristo mais uma vez mostrou ao mundo que "Quem se humilha será exaltado", concedendo a um a rude camponesa, cuja cultura fora objeto das maiores humilhações, mas que soube na sua simplicidade consagrar-se a vida inteira à Caridade, à piedade, à fé e à virtude, levar ao conhecimento da humanidade que Deus concedera à Maria Santíssima o poder de ser a Medianeira de Todas as Graças. No início de 1876, Irmã Catarina Labouré teve o prenúncio de sua morte. Em setembro e outubro permaneceu acamada a maioria dos dias, com acessos de tosse e asma. Em novembro, milagrosamente foi a Rue du Bac fazer o retiro anual naquela sua querida capela das aparições. E, em 31 de dezembro recebeu os últimos sacramentos e após várias síncopes veio a falecer, aos 70 anos. Em 2 de dezembro de 1907 recebeu o título de Venerável e aos 28 de maio de 1933 foi beatificada por Pio XI. Todavia, como glória suprema, foi solenemente canonizada pelo Papa Pio XlI em 27 de julho de 1947.


terça-feira, 5 de agosto de 2014

16. AÇÃO DE GRAÇAS DEPOIS DA MISSA (II)








Ação de graças depois da Missa(2)


     ALMA DE CRISTO     

Alma de Cristo, santificai-me.
Corpo de Cristo, salvai-me.
Sangue de Cristo, inebriai-me.
Água do lado de Cristo, lavai-me.
Paixão de Cristo, confortai-me.
Ó bom Jesus, ouvi-me.

Dentro de vossas chagas, escondei-me.
Não permitais que me separe de vós.
Do espírito maligno, defendei-me.
Na hora da morte, chamai-me 

e mandai-me ir para vós,
para que, com vossos Santos vos louve
por todos os séculos dos séculos.
Amém
.




OFERECIMENTO DE SI MESMO

RecebeiSenhor, minha liberdadinteira. 

Recebei minha memória,minha intelinci
toda a minhvontade

Tudo que tenho opossuo devómveio;
tudo vodevolvo entrego sem reserv
para que a vossvontade tudo governe

Dai-me somente vosso amor e vossa graç
nadmaivos popois já serei bastante rico.


Oração a Jesus Cristo Crucíficado 

Eis-me aqui, ó bom e dulcíssimo Jesus!



De joelhos prostrado em vossa divina presençe, 

com todo fervor de minha alma, eu vos rogo e 
suplico, que vos digneis gravar no meu coração os 
mais vivos sentimentos de fé, esperança e caridade
com o verdadeiro arrependimento de meus pecado
e firme propósito de emenda.

Isso vos peço e ao mesmo tempo, que considero 
comigo mesmo e, com vivo afeto e dor, contemplo 
em meu interior as vossas cinco chagastendo
diante dos olhoaquilo que o profeta Davi já 
vos fazia dizer, ó bom Jesus:Traspassaram minhas 
mãos e meus pés, e contaram todos os meus ossos. 

(Salmo 21, 17-18).