1º DOMNGO DO ADVENTO

Marcos 13,33 – 37

Ficai de sobreaviso, vigiai; porque não sabeis quando será o tempo. Será como um homem que, partindo de uma viagem, deixa a sua casa e delega sua autoridade aos seus servos, indicando o trabalho de cada um, e manda ao porteiro que vigie. Vigiai, pois, visto que não sabeis quando o senhor da casa voltará, se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que vindo de repente, não vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: vigiai!

Comentário

Já é hora de acordar! Eis o apelo de Jesus no Evangelho que inaugura este tempo do Advento. Uma nova aurora surge no horizonte da humanidade, trazendo a esperança de um novo tempo de um mundo renovado pela força do Evangelho. Neste tempo de graça, somos convocados a sair do torpor de uma prática religiosa inócua, a acordar do sono dos nossos projetos pessoais vazios e egoístas. Despertos e vigilantes, somos convidados a abraçar o projeto de Deus que vem ao nosso encontro, na espera fecunda do Tempo do Advento, temos a chance de reanimarmos em nós e os compromissos assumidos em favor da construção do Reino, reavivando as forças adormecidas, para a construção de uma humanidade nova, livre das trevas do sofrimento, da marginalização e da morte.

Frei Sandro Roberto da Costa, OFM - Petrópolis/RJ

2º DOMINGO DO ADVENTO

Marcos 1,1 – 8

Conforme está escrito no Profeta Isaias: Eis que envio meu anjo diante de ti: Ele preparará teu caminho. Uma voz clama no deserto: Traçai o caminho do Senhor, aplainai suas veredas (Mt 3,1); Is 40,3). João Batista apareceu no deserto e pregava um batismo de conversão para a remissão dos pecados. E saiam para ir ter com ele toda a Judéia, toda Jerusalém, confessando os seus pecados. João andava vestido de pelo de carneiro e trazia um cinto de couro em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel Sivestre. Ele pôs-se a proclamar: “depois de mim vem outro mais poderoso do que eu, ante o qual não sou digno de me prostrar para desatar-lhe a correia do calçado. Eu vos batizei com água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo”.

Comentário

“Preparai o caminho do Senhor, aplainai as suas veredas”. Clamando pelo deserto, João Batista nos indica que procurar viver conforme a Boa-Nova que Jesus nos trouxe não se trata, simplesmente, de viver dentro de um sistema religioso com certas práticas que nos identificam com tais. Talvez ele queira nos indicar que a fé, antes de tudo é um percurso, uma caminhada, onde podemos encontrar momentos fáceis e difíceis, dúvidas e interrogações, avanços e retrocessos, entusiasmo e disposição, mas também cansaço e fadiga. No entanto, o mais importante é que nunca deixemos de caminhar, pois o caminho se faz caminhando. Boa caminhada de Advento e preparação!

Frei Diego Atalino de Melo

sábado, 28 de setembro de 2013

3. LEIA E REFLITA COM MADRE TEREZA






LEIA E REFLITA

Muitas vezes as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insertas.

Perdoe-as assim mesmo.

Se você é gentil, as pessoas podem acusa-lo de egoísta, interesseiro.

Seja gentil, assim mesmo.

Se você é um vencedor, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros.

Vença assim mesmo.

Se você é honesto e franco, as pessoas podem engana-lo.

Seja honesto assim mesmo.

O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra.

Construa assim mesmo.

Se você tem paz, é feliz, as pessoas podem sentir inveja.

Seja feliz assim mesmo.

Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante.

Dê o melhor de você assim mesmo.

Veja você que no final das contas é entre você e Deus.

Nunca foi entre você e as outras pessoas.



                                                          Santa Tereza de Calcutá











terça-feira, 24 de setembro de 2013

1. O SANTO VICENTE



  
O SANTO VICENTE


TREZENTOS anos atrás, naquela França terrivelmente convulsionada pela ambição dos príncipes e pelas guerras de religião, o jovem Vicente de Paulo achou o seu campo de batalha. Grandes eram a miséria, o sofrimento, a ignorância do povo. Essa ignorância, especialmente em matéria de fé, foi o que primeiro impressionou o Padre de-Paul. Era ele então preceptor na casa nobre de Gondi, quando iniciou uma espécie nova de missões - que se poderiam chamar de missões suburbanas. Nada de embarcar para terras de Ásia e África - bastava andar uma légua e encontraria gentes tão distantes de Deus quanto os pagãos amarelos ou negros. Ensino de catecismo, prédicas singelas - e dessas pequenas missões nasceu a grande congregação missionária dos Lazaristas, que se espalharam mais tarde pelo mundo todo. em 27 de setembro de 1660, morria em Paris um ancião. Camponês de nascimento, pastor na sua infância, prisioneiro de piratas e cativo de um alquimista árabe nos seus vinte anos, padre, postulante em Roma, confidente de S. Francisco de Sales e Santa Joana de Chantal, discípulo do Cardeal de Bérulle, preceptor daquele que foi depois o demoníaco e aventureiro Cardeal de Retz, esmoler da Rainha Margot, confessor in extremis de Luiz XIII, diretor espiritual de Ana dÁustria (diz-se que foi ele o celebrante do falado casamento secreto da Rainha com Mazarino), esmoler-geral das galeras do Rei, intermediário de paz nas lutas da Fronda, fundador das congregações dos Lazaristas e das Irmãs de Caridade - chamou-se em vida Vincent-de-Paul. É o nosso São Vicente de Paulo. Mas, nos altares onde subiu, não é representado junto a reis nem rainhas - mas como um padre velho que abriga sob a capa duas crianças desvalidas. Pois o que fez um santo do camponês de-Paul, não foi a convivência dos grandes - foi a sua heroica virtude da caridade.

Depois o cura de-Paul voltou os seus olhos para os problemas de mendicância e para os enfermos desamparados. Inventou então as sociedades das Senhoras de Caridade - damas da sociedade, fidalgas e burguesas (entre elas contou Maria de Gonzaga que depois foi Rainha da Polônia), que deveriam pessoalmente ir levar recursos e assistência aos necessitados. Quase todas as grandes damas do tempo formaram ao seu lado; mas apesar de tão altas protetoras, cujos recursos materiais e políticos garantiam a extensão e sobrevivência da obra, o santo verificou que a caridade das duquesas e princesas padecem de um vício básico: o próprio fato de continuarem as Senhoras de Caridade a serem grandes damas. Chocou-o profundamente saber, por exemplo, que as ilustres congregadas, nas suas visitas aos pobres, não se baixavam a levar pessoalmente as esmolas de virtualhas e roupas: mandavam em seu lugar as criadas. E S. Vicente não queria uma caridade por procuração, mas caridade direta, de mão para mão, uma caridade corpo-a-corpo, se o ouso dizer. A ferida que se lava e se cura, a cama suja que se troca, a fome a que se acode cozinhando na própria cabana do pobrezinho a sopa e o mingau.


Foi dessa necessidade que nasceu a grande revolução vicentina. Um novo tipo de comunidade religiosa, cuja direção foi entregue à famosa Mille Le Gras, ou seja, a nossa Luiza de Marillac. Até então a vocação religiosa feminina só conhecia um caminho: a contemplação e o claustro. S. Vicente descobriu uma fórmula inédita: nada de freiras emparedadas em conventos, cuidando apenas da sua alma. As suas seriam militantes, praticando a caridade com as próprias mãos. "...que elas não tenham ordinariamente por mosteiro senão as casas dos doentes; por cela, um quarto de aluguel; por capela, a igreja da paróquia; por claustro, as ruas da cidade e as salas dos hospitais; por clausura, a obediência; por grades, o temor de Deus; por véu, a santa modéstia." É essa a regra básica das Irmãs de Caridade, ou filhas de S.Vicente. Donzelas de virtude intocada, criadas na abastança, fidalgas, burguesas e filhas do povo - em toda parte seriam recrutadas. S.Vicente lhes acenava com uma vocação diferente, que na época quase chegou a causar escândalo. Não as vestia de freiras, e o trajo que ainda hoje usam as Irmãs de Caridade, é a roupa comum às mulheres do povo naquele tempo: - por sobre o camisolão de linho branco, saia e casaco de lã grosseira, um grande avental; à cabeça a touca engomada, como abrigo e como recato.

Há, na santidade de Vicente de Paulo um elemento que o aproxima especialmente de nós, no nosso século tumultuoso. É a sua condição de ativista, de homem atuante, de operário de Deus, que enfrenta o mal pegando-o pelos chifres, em vez de apenas o exorcizar. Com a sua energia de camponês, o seu bom senso popular, fez da caridade uma tarefa do corpo, além de uma exaltação da alma. S. Vicente é um santo que a gente entende, e, como o entende, ama-o melhor que aos outros, os que sobem às altas esferas da doutrina e do misticismo. S. Vicente, contemporâneo de Richelieu e de Luiz XIV, soube ensinar a um mundo ofuscado por esses dois que foram o alfa e o ômega do Grande Século, que além da grandeza política, além do orgulho nacional, além do poder e da pompa de Rei, existe uma glória maior, mais duradoura: a glória humilde de servir, de enxugar lágrimas e sarar dores.

Trezentos anos se passaram. De Richelieu e Luiz, o Sol, que resta? Pedras mortas, páginas de livros. Mas a obra de Vicente de Paulo está aí, viva, palpitante, eterna, maior ainda que em vida do santo, multiplicada muitas vezes. Não há lugar perdido no Mundo, na Europa, na Ásia, na África, na América ou na Oceania, que não apareça nos mapas da caridade como parte de uma província Vicentina. Hospitais, orfanatos, escolas, asilos - qualquer forma de caridade elas revestem.

E já temos como certo, quando começarem as viagens interplanetárias, assim que se criarem as primeiras colônias terrestres em Marte, na Lua, na Alfa do Centauro - onde quer que se fixe o homem pelos céus além, logo há de aparecer por lá uma corneta branca de Irmã de Caridade, a fundar um hospital para aborígines siderais, a alimentar e assistir orfãozinhos e desvalidos do planeta novo....
Autoria: Rachel de Queiroz
Publicado na revista O Cruzeiro de 24 de setembro de 1960



Rachel de Queiroz em três momentos de sua vida.







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O Sa

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

1. PAPA FRANCISCO OFERECE O BATISMO

O Papa telefona à mulher italiana que desistiu de abortar e se oferece para batizar o seu bebê
Autor: Bíblia Católica | Postado em: Santa Sé 324


ROMA, 06 Set. 13 / 04:20 pm (ACI).- O Papa Francisco telefonou à italiana Anna Romano (35), uma mulher que considerou abortar o seu filho e enviou uma carta ao Papa contando a sua história. O Santo Padre respondeu-lhe com um telefonema e disse para ela que o cristão não perde a esperança e que, se ela não encontrar outro sacerdote, ele mesmo batizará o seu bebê quando nascer.
Anna escreveu em junho uma carta ao Pontífice contando que estava grávida, e que tinha sido abandonada pelo seu namorado depois que ele lhe revelou que já era casado e que tinha um filho e não ia se responsabilizar por outro bebê. Este homem lhe sugeriu abortar.
Na terça-feira passada por volta das quatro da tarde, Anna que atualmente mora e trabalha em Arezzo (Itália), recebeu um telefonema de um número desconhecido de Roma. Ao atender “fiquei sem palavras”, disse.
O jornal italiano Corriere della Sera, publicou no dia 5 de setembro, que a ligação foi breve e emotiva e que Anna ao princípio pensou que fosse uma brincadeira, mas quando o Papa lhe disse que tinha lido a sua carta, não duvidou porque apenas os seus pais e a sua melhor amiga sabiam da carta.
“Disse para ele que queria batizar o meu filho, mas tinha medo, porque sou mãe solteira e já divorciada uma vez, e me disse que se não encontrasse um padre para o batismo, ele mesmo tinha pensado em batizar o meu pequeno”, relatou Anna.
“Aquela ligação de poucos minutos mudou a minha vida. O Papa me disse que sou corajosa e forte por ter decidido ter o bebê, mesmo depois de seu pai ter me abandonado… -e ressaltou que o Santo Padre- prometeu-me que o batizará pessoalmente”.
Anna leva agora a promessa do Pontífice “no coração, não sei se terá o tempo de batizar o meu bebê que nascerá em primeiro de abril e se for homem o chamarei Francisco. O que sim sei, é que me fez feliz, me deu força”.
Assinalou que quando o pai de seu bebê lhe disse que abortasse, ela pensou em fazê-lo porque “estava sozinha e infeliz”, mas “agora só a ideia (de abortar) me dá calafrios”.
Adicionou que conta sua história “porque quero que seja exemplo para tantas mulheres que se sentem longe da Igreja, só porque encontraram o homem errado, são divorciadas ou porque encontraram homens que não são dignos de serem pais”.
Anna nunca imaginou o que aconteceria com aquela carta dirigida a “Sua Santidade Francisco, Cidade do Vaticano”, agora escreverá novamente ao Santo Padre para dizer que já conta com a ajuda de sua família para continuar com a gravidez.


“Aquela ligação de poucos minutos mudou a minha vida. O Papa me disse que sou corajosa e forte por ter decidido ter o bebê, mesmo depois de seu pai ter me abandonado… -e ressaltou que o Santo Padre- prometeu-me que o batizará pessoalmente”.
Anna leva agora a promessa do Pontífice “no coração, não sei se terá o tempo de batizar o meu bebê que nascerá em primeiro de abril e se for homem o chamarei Francisco. O que sim sei, é que me fez feliz, me deu força”.
Assinalou que quando o pai de seu bebê lhe disse que abortasse, ela pensou em fazê-lo porque “estava sozinha e infeliz”, mas “agora só a ideia (de abortar) me dá calafrios”.


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

1. O PÃO QUE DESCEU DO CÉU



O PÃO QUE DESCEU DO CÉU

E disse Jesus:

Eu sou o pão descido do céu, alimento e essência da vida de todo o homem, por isso, todo aquele que vem de coração aberto a mim não terá, nem sentirá mais fome de paz e alegria, porque eu o alimentarei. 

E todo aquele que se entregar a mim com uma atitude sincera de amor, fé e confiança, não terá mais sede em seus corações, porque eu o saciarei.

Eu sou o pão pelo qual as suas vidas necessitam.

Eu sou alimento que desceu do céu, enviado, justamente, para não morrer todo aquele que dele comer.

Eu sou não o pão material que vocês comem e tornam a sentir fome, mas o pão vivo, que tem vida em si mesmo, e é capaz de preencher e realizar as vidas vazias, que estão sem razão e sentido de viver. Por isso desci do céu, pois somente do Pai, que está no céu, poderia vir a solução, que sou Eu.

Não se preocupem em viver em função do pão que perece, pondo suas mentes, corações e vontade totalmente voltados para a vida material. A essência da vida do homem não é a satisfação do homem exterior, mas sim do homem interior. Por isso, trabalhem, busquem e se voltem para o pão que dura a vida eterna, que sou Eu. Vocês estão com fome e sede de paz, alegria, carne e vida, porque estão sem Mim, que sou o Pão da Vida.

Quem comer desse pão viverá eternamente. Passará de uma vida vazia e sem sentido, que é a morte interior, para a vida plena, que é a vida comigo, que sou Eu. E vocês vão viver sempre. Até a morte do corpo, que não é nada, não poderá destruir a Vida que estará dentro de vocês. A morte do corpo será apenas uma passagem para a plenitude da vida eterna que, aquele que me aceitou, iniciou aqui na terra, mas a completará no céu.

Entreguei meu corpo e sangue na cruz como oferta e sacrifício para expiar e reparar os pecados de todos os homens. Através de mim, poderão ter vida e vida em abundância.

Como eu vos amo muito, quis deixar este gesto presente por todos os dias até minha Vinda. Quis torná-lo visível aos vossos olhos, quando o pão e o vinho se tornam meu corpo e meu sangue. O mesmo corpo e sangue que entreguei naquele dia para a salvação de todos, é o mesmo que entrego na Eucaristia. O mesmo gesto de amor realizado naquele dia se renova todos os dias na Santa Missa. Por isso eu digo a vocês: o pão que hei de dar é minha carne para a salvação do mundo.

Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos.

Quem como a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e Eu nele.

Oh! Se também tu, ao menos nesse dia que te é dado, conhecer Aquele que te pode trazer a Paz! (Lucas 19,42).
                                                                       James

(Transcrito do Informativo Kairós de 11/1999). 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

2. ORAÇÃO PARA DEPOIS DA COMUNHÃO



Oração Para Depois da Comunhão
    
  
Ficai conosco, Senhor, porque Vossa presença nos é necessária para não Vos esquecer. Bem sabeis quão facilmente Vos abandonamos... 
   
Ficai conosco, Senhor, porque somos fracos e precisamos de Vossa fortaleza para não cair tantas vezes. 

Ficai conosco, Senhor, porque sois nossa vida e sem Vós nós esmorecemos no fervor.
    
Ficai conosco, Senhor, porque sois nossa luz e sem Vós nos achamos em trevas.

Ficai conosco, Senhor, para nos mostrardes Vossa vontade.

Ficai conosco, Senhor, para ouçamos a Vossa voz e seguir-Vos.

Ficai conosco, Senhor, porque desejamos amar-Vos muito e estar sempre em Vossa companhia.

Ficai conosco, Senhor, se quereis que nós Vos sejamos fiéis.

Ficai conosco, Jesus, porque nossa alma, conquanto seja pobrezinha, todavia quer ser para Vós um habitáculo de consolação, um ninho de amor.

Fique, Jesus, conosco, que entardece e o dia se vai... Isto é, a vida passa... a morte se avizinha, aproxima-se o juízo, a eternidade... e é necessário redobrar nossas forças para não desfalecermos no caminho e para tal precisamos de Vós.

Entardece e vem a morte! Inquietam-se as trevas, as tentações, a aridez, as cruzes, as penas, e oh! Como precisamos de Vós, meu Jesus, nesta noite de exílio!

Fique, Jesus, conosco, pois precisamos de Vós nesta noite da vida e dos perigos. Fazei que nós Vos conheçamos como Vos conheceram os discípulos ao partir o pão... isto é, que a união Eucarística seja luz que dissipa as trevas, a força que nos sustenta e a única felicidade do nosso coração.

Ficai conosco, Senhor, porque ao chegar a morte, queremos estar unidos a Vós, senão pela Santa Comunhão, ao menos pela graça e pelo amor.

Fique, Jesus, conosco, não Vos pedimos Vossa divina consolação, pois não a merecemos, mas o dom de Vossa Santíssima presença, ó sim, Vos pedimos.

Ficai, Senhor, conosco! Buscamos somente a Vós, o Vosso amor, a Vossa graça, a Vossa vontade, o Vosso Espírito, porque Vos amamos e não pedimos recompensa alguma senão aumento de amor. Amor sólido, prático. Amar-Vos com perfeição por toda a eternidade. Assim Seja.

domingo, 15 de setembro de 2013

1. FREDERICO OZANAM E A MISSÃO ACADÊMICA ENTRE OS INTELECTUAIS


FREDERICO OZANAM E A MISSÃO ACADÊMICA ENTRE OS INTELECTUAIS (*)

É extraordinário o fato como Frederico Ozanam, em sua curta existência, conseguiu constituir e nos legar uma vasta obra. Como mestre foi apologista, historiador e sociólogo. Teve como intuito e fim primeiro, dedicar toda a sua atividade intelectual à causa da religião, a causa de Jesus e de sua Igreja, glorificando o Senhor a todo instante. Sua palavra é sempre um alimento indispensável:

“(...) Ser mártir, é sacrificar a sua vida: ou de um só golpe como o holocausto, ou lentamente, como os perfumes que dia e noite se vão exalando sobre o altar. Ser mártir, dar ao céu tudo o que dele se recebeu, os bens, o sangue, toda a nossa alma. Esta oferta a temos nas mãos; este sacrifício nos o podemos fazer. Só temos que escolher os altares onde devemos realiza-lo. A que divindade irá ser oferecida a nossa juventude e os anos que se lhe seguirem, a que templo nos dirigiremos: aos pés do ídolo do egoísmo, ou ao santuário de Deus e da humanidade?”(¹)

        Jovem ainda, Frederico Ozanam era decidido e sabia querer. Firme nas atitudes, seus objetivos eram atingidos com excepcional tenacidade, principalmente os recursos intelectuais, que necessitou para vencer os inúmeros obstáculos que encontrou em seu caminho. No plano intelectual era bem informado e atualizado.

        Frederico Ozanam constituiu-se em defensor da Igreja devido aos ataques que sofria por considerarem-na destituída dos valores dos primeiros tempos da cristandade e que já não possuía a ação benéfica em prol da humanidade. Em outras palavras, ela não seria mais necessária, pois novas doutrinas e pensamentos surgiram, confundindo o povo, principalmente a juventude incauta.

        Uma dessas falsas doutrinas foi o "São Simonismo", criação do conde Enrique de São Simão, espécie de nova religião que acentuava o social e que pretendia implantar novo cristianismo no mundo, corrompendo as classes intelectuais da França.

        Já em 1830, em Lyon, Frederico Ozanam, no jornal “O Precursor”, em duas notas, contestara a filosofia do conde de São Simão que seus adeptos pregavam nas escolas. Posteriormente, em maio de 1831, aos 16 anos, sob a orientação do Pe. Noirot, Frederico Ozanam publica em “l’AbeilleFrançaise” um admirável estudo sobre o “São Simonismo”, o qual foi, também, publicado em forma de brochura denominada “Reflexões sobre a Doutrina de Saint-Simon”. A obra do conde de São Simão morreu no nascedouro.

        Essa publicação despertou a atenção de Lamartine, o qual, por carta enviada a Frederico Ozanam, demonstrou o prazer da leitura e fez um lisonjeiro elogio à obra. Alfonso de Lamartine, poeta, romancista, historiador e político francês, foi um dos personagens que mais angariou prestígio no seu tempo. Mais tarde Frederico Ozanam faria segura amizade com Lamartine, que o admirava. A admiração era recíproca.

A época é romântica e libertina e é de bom-tom ser anticlerical. Grandes escritores, compositores estão em ação: Balzac, Victor Hugo, Lamartine, George Sand, Musset, Chopin, Liszt, Berlioz, entre outros.

Como mestre, foi Frederico Ozanam um professor extraordinário e de dedicação extrema. E seu amigo J. J. Ampére²)  a ele se referiu: “Preparações laboriosas, pesquisas de opiniões nos textos, ciência acumulada com grandes esforços, e mais improvisação brilhante e colorida, tal era o ensino de Frederico Ozanam. É raro reunir no mesmo grau os dois méritos do professor, o fundo e a forma, o saber e a eloquência. Ele preparava as suas lições como um beneditino e as proferia como um orador: duplo e ingente trabalho que acabou por consumir as suas energias vitais".

O confrade Prof. Paulo Sawaya assim escreveu sobre Frederico Ozanam:"Todo o magistério universitário de Ozanam é uma lição contínua, ininterrupta de magnífico apostolado cristão. Sábio, pesquisa criteriosamente e em profundidade a verdade histórica. Suas aulas eram verdadeiras pregações. Professor, foi um exemplo vivo do mestre católico, que sabia conviver com os colegas e aproximar-se dos discípulos, os quais não se contentavam em ouvi-lo nas aulas magistrais, mas acompanhavam-no até sua residência, atravessando o Jardim de Luxemburgo, esclarecendo dúvidas, distribuindo conselhos, formando consciências. Nós que pertencemos ao magistério não podemos ter melhor exemplo! Fazê-lo conhecido dos nossos jovens estudantes é nosso dever de católicos, de vicentinos e de professores”.³)

Como historiador fez Frederico Ozanam a apologia do cristianismo e muitas vezes esse fato acontecia durante suas aulas. Certa manhã foi fixada na Faculdade um convite à sua aula com a indicação de “curso de teologia”. Frederico Ozanam sorriu e só ao término da aula, quando desceu da cátedra, assim se manifestou ao autor anônimo: "Senhores, não tenho a honra de ser um teólogo, mas tenho a felicidade de ser cristão, de crer, com a ambição de por toda minha alma, todo meu coração e todas as minhas forças a serviço da verdade".³)

Frederico Ozanam desde a mocidade frequentava reuniões onde adquiria formação e conhecimentos humanísticos que mais tarde lhe proporcionariam renome no mundo todo. Lê muito, estuda muito e com muita perseverança, por isso sua percepção clarividente da modernidade, sua autêntica erudição, sua moderação e sua tolerância farão dele um precursor que, apesar da brevidade de sua carreira, saberá despertar seus contemporâneos para um catolicismo compromissado e liberal” ⁴)

Em carta a Falconnet de 05/01/1833 esclarece-o de como está usando o seu tempo: "Três coisas constituem o objeto de meus estudos: a jurisprudência, as ciências morais e alguns conhecimentos do mundo, olhados do ponto de vista cristão. Neste momento, três meios nos são dados pela Providência para nos exercitar-nos nesta tríplice carreira. São as Conferências de Direito, as de História e as reuniões na casa de Montalembert. Todos os domingos Montalembert promove serões para jovens e para isso convida renomados intelectuais: Coux, dÁult du Mesnil, Mickiewicz, célebre poeta lituano, Félix de Mérode, Saint-Beuve e Victor Hugo são sucessivamente convidados para essa reunião".

Frederico Ozanam sente-se feliz em participar destas reuniões. Pode discutir sobre literatura, história, sobre os interesses das classes pobres, sobre o progresso da civilização. Isso motiva o desejo de reunir seus amigos para um catolicismo de ação. Uma ideia vem tomando forma e conteúdo em sua mente: sonha com uma grande associação que teria por finalidade principal agrupar jovens católicos. Ainda sobre este assunto, em carta de 21/07/1834 irá dizer à Falconnet: “Quanto desejaria que todos os jovens de espírito e coração se unissem em torno de alguma obra de caridade, organizando-se em todo o país uma ampla associação generosa para alívio das classes populares...”.

Outra personalidade importante desse tempo foi o visconde François René de Chateaubriand, famoso escritor e político francês. Sua obra-mestra “o Gênio do Cristianismo”, é uma apologia da religião. Frederico Ozanam considerava Chateaubriand como o apologista leigo mais eloquente do século dezenove, porque dele era a glória de haver sido o primeiro em proclamar e exaltar a obra social da religião católica. Foi um dos ídolos de Frederico Ozanam.

Com seus companheiros mais próximos funda a Sociedade de São Vicente de Paulo em 1833 e apesar das muitas obrigações é fiel à Conferência de Caridade e visita regularmente os pobres. No plano religioso Frederico Ozanam continua seu apostolado e reza muito. Diariamente frequenta uma igreja, nem que seja por breves momentos. Em uma de suas cartas dissera que "num século cheio de ceticismo, Deus deu-me a graça de nascer na fé". Sentia a necessidade de atacar de frente a onda enorme de incredulidade que havia invadido as escolas superiores. As Conferências de História era um começo, mas necessitava de algo mais contundente. Com ardor sonha com o apostolado através do púlpito. E porque não o púlpito da Notre-Dame?
 
Das amizades de Frederico Ozanam, uma foi de suma importância para ambos: Padre Enrique Lacordaire.

Frederico Ozanam conhecia-o da leitura de seus artigos no periódico "l'Avenir", "porém, conhecia também sua atuação em defesa da liberdade da Igreja e do ensino, através das conferências que dera no Colégio Stanislas, e confiou no zelo apostólico daquele jovem sacerdote, apesar de tudo quanto contra ele se dizia nos círculos eclesiásticos ".⁴)

No começo de janeiro de 1833, Frederico Ozanam decidiu-se por visitar Lacordaire, que nessa época tinha 31 anos de idade, enquanto Frederico Ozanam iria completar 20. Desse encontro nasce uma sólida amizade que os ligará para sempre e que influenciaria Frederico Ozanam ao longo de sua vida. E é Lacordaire que Frederico Ozanam sonha pregando no púlpito de Notre-Dame. Depois de mais de dois anos de constantes pedidos, insistências e abaixo-assinado junto ao Arcebispo de Paris, Frederico Ozanam e alguns outros companheiros conseguem instituir, em 8 de março de 1835, as conferências apologéticas proferidas pelo Pe. Lacordaire, na catedral de Notre-Dame.

Este espaço foi pequeno, mesmo para o mínimo que se poderia dizer sobre Frederico Ozanam e sua atuação como professor e junto aos intelectuais de seu tempo, seus escritos e trabalhos elaborados com amor, carinho e como verdadeiro apóstolo que se dá pela salvação das almas até o martírio.    
                                                                                                        *Artigo publicado na revista Voz de Ozanam nº 2 de março-abril/2010).               
                                                      
1.“Frederico Ozanam”, obra de 1944 de Alberto Figueiras Gomes,
pg.58. – Carta a Curnier de 23/02/1835.
2. Ampère, Jean Jacques – Prefácio da “Cartas de Frederico Ozanam,
1º vol. – 4ª. Edição francesa.
3. “Ozanam e a Sociedade de São Vicente de Paulo” – 1978 – Prof.
    Paulo Sawaya.
4. “Ozanam, Um Sábio Entre os Pobres” – Madeleine desRivières–
pg.29

5. “Ozanam e Seus Contemporâneos” – A.R.Carranza).