1º DOMNGO DO ADVENTO

Marcos 13,33 – 37

Ficai de sobreaviso, vigiai; porque não sabeis quando será o tempo. Será como um homem que, partindo de uma viagem, deixa a sua casa e delega sua autoridade aos seus servos, indicando o trabalho de cada um, e manda ao porteiro que vigie. Vigiai, pois, visto que não sabeis quando o senhor da casa voltará, se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que vindo de repente, não vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: vigiai!

Comentário

Já é hora de acordar! Eis o apelo de Jesus no Evangelho que inaugura este tempo do Advento. Uma nova aurora surge no horizonte da humanidade, trazendo a esperança de um novo tempo de um mundo renovado pela força do Evangelho. Neste tempo de graça, somos convocados a sair do torpor de uma prática religiosa inócua, a acordar do sono dos nossos projetos pessoais vazios e egoístas. Despertos e vigilantes, somos convidados a abraçar o projeto de Deus que vem ao nosso encontro, na espera fecunda do Tempo do Advento, temos a chance de reanimarmos em nós e os compromissos assumidos em favor da construção do Reino, reavivando as forças adormecidas, para a construção de uma humanidade nova, livre das trevas do sofrimento, da marginalização e da morte.

Frei Sandro Roberto da Costa, OFM - Petrópolis/RJ

2º DOMINGO DO ADVENTO

Marcos 1,1 – 8

Conforme está escrito no Profeta Isaias: Eis que envio meu anjo diante de ti: Ele preparará teu caminho. Uma voz clama no deserto: Traçai o caminho do Senhor, aplainai suas veredas (Mt 3,1); Is 40,3). João Batista apareceu no deserto e pregava um batismo de conversão para a remissão dos pecados. E saiam para ir ter com ele toda a Judéia, toda Jerusalém, confessando os seus pecados. João andava vestido de pelo de carneiro e trazia um cinto de couro em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel Sivestre. Ele pôs-se a proclamar: “depois de mim vem outro mais poderoso do que eu, ante o qual não sou digno de me prostrar para desatar-lhe a correia do calçado. Eu vos batizei com água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo”.

Comentário

“Preparai o caminho do Senhor, aplainai as suas veredas”. Clamando pelo deserto, João Batista nos indica que procurar viver conforme a Boa-Nova que Jesus nos trouxe não se trata, simplesmente, de viver dentro de um sistema religioso com certas práticas que nos identificam com tais. Talvez ele queira nos indicar que a fé, antes de tudo é um percurso, uma caminhada, onde podemos encontrar momentos fáceis e difíceis, dúvidas e interrogações, avanços e retrocessos, entusiasmo e disposição, mas também cansaço e fadiga. No entanto, o mais importante é que nunca deixemos de caminhar, pois o caminho se faz caminhando. Boa caminhada de Advento e preparação!

Frei Diego Atalino de Melo

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

15. MARIO DE ANDRADE, CATÓLICO E VICENTINO

                                         




MARIO DE ANDRADE, CATÓLICO E VICENTINO





A bibliografia de Mário de Andrade, coroada pelos sucessivos volumes de cartas inéditas, é talvez a mais rica que se conhece de escritores modernos. Só excedida, entre os contemporâneos, por Euclides da Cunha. Essa circunstância permite a abordagem de sua vasta obra sob os mais variados aspectos. Descurou-se, porém, certamente por influência de nossa cultura marxista, da figura de Mário como homem religioso, de família e formação católica, que nunca repudiou.

Coube-me, há mais de 20 anos, como jornalista católico que sou, tratar do assunto com certo pioneirismo. Em  dois artigos, ambos de 1970, no 25º aniversário de sua morte, tratei do homem religioso (Suplemento Literário, de O Estado de S. Paulo, 29.02.1970) e do vicentino (revista Voz de Ozanam, abril de 1970), que ele foi.

Será  sempre preciso  considerar  as  influências  contraditórias  por  ele
sofridas, as do berço, notadamente  de sua  mãe  D. Maria Luíza Leite de
Moraes, que o  sobreviveu,  e  a  do irmão mais velho,  Carlos de Moraes
Andrade, advogado,  militante  da  Ação  Católica,  deputado  federal  na
Constituinte de 1934, apoiado pela LEC (Liga Eleitoral Católica). Ex-combatente de 1932, jamais tirou a barba que deixara crescer nas trincheiras.

Formavam o contraste,  colocando  Mário de  Andrade  entre  dois fogos,
as influências do meio intelectual onde pontificava: "papa do movimento modernista em São Paulo" (Blaise Cendras), meio irreverente, irreligioso, com laivos do anarquismo anticlerical, perdoem a redundância, tão forte em São Paulo nas três primeiras décadas deste século (20).

Simpatizante das massas oprimidas, Mário jamais chegaria ao radicalismo anti-religioso, tipo "ópio do povo",  como também não se
refugiaria nas torres de marfim da burguesia, digamos progressista. Sua breve militância católica foi votada aos pobres, pertencendo como pertenceu à Escola de Frederico Ozanam, o jovem professor da Sorbonne que fundou, no século XIX, as Conferências de Caridade (Conferências Vicentinas), foi republicano contrariando os cânones, e só agora, mais de 150 anos depois de sua morte, será elevado às honras dos altares ...

Por intermédio da Sociedade de São Vicente de Paulo, muito cedo Mário de Andrade se engajou na militância católica. Aos 15 anos, no dia 12 de julho de 1908, era admitido, ao lado de seu irmão Carlos, já citado, como confrade da Conferência de São José, a mais antiga de São Paulo, ainda hoje existente. As reuniões se realizavam aos domingos, pela manhã, na sala do consistório da Irmandade de Nossa Senhora das
Dores, na velha catedral de São Paulo (Praça da Sé), que só foi demolida por volta de 1911/1912, quando a Conferência se mudou para a igreja de Santa Ifigênia.

Transcrevemos do livro de atas  nº 11 , da  mesma  Conferência, ao qual
tivemos acesso graças ao veterano vicentino Hélio Gomes de Moraes: "O confrade Henrique Fagundes  propôs que os visitantes, srs. Carlos de
Moraes Andrade  e  Mário Raul de Moraes Andrade  passem a  ser sócios
ativos de nossa Conferência, visto ter  conhecimento de que  ambos são
católicos práticos, pelo que foram aceitos." (Visitante é o estágio preparatório à admissão como confrade, a qual é feita mediante "aclamação" numa das assembleias gerais regulamentares). Outros livros, felizmente arquivados no Conselho Central de São Paulo, da Sociedade de São Vicente de Paulo (Rua da Consolação, 374), podem ser pesquisados para que se tenha uma ideia da atividade de Mário de Andrade, que à época residia no Largo do Paissandú, nº 7, como confrade vicentino.

Aos 10 anos de idade, Mário de Andrade escreveu seu primeiro poema, uma poesia cantada. Demonstrava já o gosto pela escrita e pela música, expressões artísticas que o acompanharam por toda a vida. Estudou piano e canto no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Também se dedicava a pesquisar a cultura popular. Tornou-se professor de música e, depois, de história da arte no conservatório em que estudou.


Estou a imaginar o jovem ginasiano do Carmo fazendo a leitura espiritual, obrigatória ao início das sessões e herança das Conferências de História da Sorbonne, que os estudantes católicos transformaram em Conferências de Caridade. Mário foi também congregado mariano em Santa Ifigênia, mas aí a documentação escasseia.

Talvez a militância vicentina explique umas das tônicas da obra de Mario de Andrade, como o culto da solidariedade humana, como já o notou Antônio Cândido. Trata-se de amor ao próximo, não de mero solidarismo social ou classista, fique bem claro.

Mário de Andrade publicou crônicas e críticas de arte em jornais e revistas de São Paulo. Escrevia também contos e poemas, e em 1917, com 20 anos, publicou seu primeiro livro, “Há uma gota de sangue em cada poema”, com o pseudônimo de Mário Sobral.

Acredito até que se pode falar numa conversão de Mário de Andrade na maturidade, seguindo as pistas de sua produção derradeira. O que deverá ser feito um dia quando o problema religioso puder libertar-se dos preconceitos que o cercam. Mário morreu num sábado, dia de Nossa Senhora, na melhor tradição popular católica, e foi enterrado num domingo, dia em que o Senhor ressuscitou. Os profetas do Aleijadinho, os anjos do Padre Jesuíno do Monte Carmelo e os sacerdotes da viola, certamente o receberam nas portas do céu.

                                                                                  Hélio Damante

(Transcrito da revista D.O. Leitura, nº 12 (137), out. de 1993, a. 16) 


<><><><><><>
 
                             
Mário de Andrade, Vicentino  


                                                                               Cfd. Hélio Damante


Gracas à prestimosa ajuda do confrade Hélio Gomes de Moraes, nos foi possível localizar, nos antigos livros de atas da Conferência de São José - a primeira fundada em São Paulo - a admissão de Mário de Andrade como confrade vicentino, juntamente com seu irmão Carlos de Moraes Andrade, num longínquo dia de 1908.

Essa descoberta foi muito útil, para documentar, em artigo que escrevemos para o Suplemento Literário de «o Estado de São Paulo» (28.2.70), a militância católica que marcou largo período da vida do grande escritor cujo 25º aniversário de falecimento se comemora este ano. Mas também nos parece útil - como um exemplo aos moços de hoje - para mostrar quanto as ideias de Ozanam influíram nas atitudes de Mário de Andrade.

É certo que ele, no meio em que frequentava (o meio intelectual em geral irreligioso, ontem como hoje) e de que era verdadeiro líder, sofreu influências contraditórias. Nunca, porém, chegou a perder a fé. Em cartas e livros que são documentos definitivos de nossa história literária, Deus é o seu Autor mais citado.

A compreensão de Mário de Andrade pelos problemas da cidade - foi o primeiro diretor do nosso Departamento Municipal de Cultura; a sua ternura para com as humildes costureirinhas, filhas de imigrantes, homens do realejo; para os que andavam de bonde, viviam nos cortiços e, mal pagos, mourejavam nas fábricas construindo a grandeza de São Paulo, revelam que não foi inútil a sua vivência nas reuniões da Conferência e na visita aos pobres.

«O amilhoramento social», como escrevia na linguagem própria que criou - era ardoroso partidário de uma língua brasileira - é constante preocupação de toda a sua obra, frequentemente pioneira em muitos campos e abrangendo desde a crítica literária ao folclore.

É certo que muitas de suas páginas sobre questões religiosas - notadamente nas centenas de cartas que escreveu - mostram-no marcado pela inquietação, pela dúvida, pelo espírito crítico. Mas também revelam, em termos de hoje, uma ajuda compreensão do que deve ser a fé vivida e não apenas estratificada, rotineira, sem poder criador...

Numa carta dos últimos meses de sua vida ao escritor mineiro Etienne Filho, pregava uma Caridade maior que a própria Fé e «capaz de amar a Deus cegamente na obra de Deus.» Quem isto escreveu, não passou inutilmente pela escola de Antônio Frederico Ozanam.


<><><><><><>



MARIANO E VICENTINO


                                                                             Cfd. Oscar Amarante


O aplaudido autor de Macunaíma ora na ordem do dia e laureado filme nacional em festivais, tem sido elogiado e biografado sob aspectos diversos. Emérito e consagrado escritor, musicista, artista moderno. Homenageado na praça Dom José Gaspar (atrás da Biblioteca Municipal) em obra de renomado escultor paulistano. Dentre inúmeros críticos e biógrafos, mereceu autorizados elogios de Tristão de Athayde, seu particular amigo, admirador e companheiro de lides literárias.

Ainda recentemente, no "suplemento literário" de "O Estado" de 28/2 pp (1970), Hélio Damante (confrade vicentino e jornalista) apreciou-o sob justo título "O Homem Religioso" e Macedo Dantas - "O Gramático", embora sabendo que "Mário de Andrade jamais escreveu gramáticas" e "que o título surpreenderá a muitos" (sic). Verifica-se, destarte, que o saudoso Mário de Andrade, soube reunir qualidades notáveis de "enciclopédico" nos meios literários e culturais de S. Paulo - Brasil.

Nosso desiderato neste artigo resume-se, entretanto, à reivindicação do caráter "religioso - mariano e vicentino" que tanto dignificou Mário de Andrade e por tantos, injusta ou infundadamente, considerado alheio e até infenso a sentimentos mais cristãos em fase mais acidentada ou no final de sua preciosa existência tão cedo cortada.

O Confrade Hélio Damante, no citado artigo, já lançou as bases sólidas dessa reivindicação reparadora da memória de Mário de Andrade. Menciona seu ingresso na Sociedade de São Vicente de Paulo, aos 15 anos (12/6/1908) na decana Conferência de São José (fundada a 24/5/1874), juntamente com seu querido irmão - o venerando confrade Carlos de Moraes Andrade. Nossa recordação remonta, especialmente, aos idos de 1919 quando, simultaneamente, ingressei na Congregação Mariana da Imaculada Conceição e S. Luiz Gonzaga e naquele sodalício de apostolado leigo. Quando Pároco e Diretor nosso amigo, de santa memória, Padre Gastão Liberal Pinto. Congregação essa fundada aos 19 de abril de 1909, que contou com Mário de Andrade dentre os primeiros inscritos e ardorosos marianos daquela época remota. Durante as reuniões domingueiras, sob a direção do Padre Gastão, Mário de Andrade, sempre logrou conferir-lhes tônica animada e divertida com seus apartes, às vezes irônicos, revelando seu grande espírito amigo e solidário.

Apesar das mudanças havidas em sua vida polimorfa, dinâmica, eclética, Mário de Andrade - parecendo a muitos ter-se afastado da prática religiosa - soube manter sempre terna devoção a Maria Santíssima, honrada com rica imagem em sua sala de trabalhos, ultimamente, à Rua Lopes Chaves - esquina da Rua Margarida, onde o visitamos algumas vezes e onde, também foi chamado pelo Senhor. Manteve-se fiel cooperador caridoso das obras vicentinas, destinando auxílios mensais por intermédio de nosso tesoureiro confrade Vicente Cipullo.

Sirva, pois, este artigo - modesto complemento daquele bem mais autorizado do confrade Hélio Damante - para lembrar aos presentes e pósteros de Mário de Andrade que ele foi de fato "o homem religioso" que se caracterizou como "mariano e vicentino". Não se deixou seduzir ou empolgar por merecidas glórias, e sucessos na vida cultural e literária, olvidando aquela MÃE SANTÍSSIMA que o acolhera sob seu manto quando jovem, e nem aquela instituição de caridade, já secular, na qual ingressara aos 15 anos. Em sua rica vida pregressa realizou, na mocidade e valendo-lhe para toda a existência, aquele proverbial conselho e vaticínio do inesquecível Padre Gastão Liberal Pinto: "O melhor mariano será sempre aquele autêntico vicentino!" Em quantos de nossos melhores amigos, de 50 anos passados, vimos plenamente realizada essa dupla condição tão propícia ao melhor apostolado leigo tão necessário na hora presente, à "Pauliceia desvairada" de Mário de Andrade.   


                                                
<><><><><><>    



Mário de Andrade: Biografia

Eu sou um escritor difícil
Que a muita gente enquizila, 
Porém essa culpa é fácil
De se acabar de uma vez:
É só tirar a cortina
Que entra luz nesta escuridez. 

(A costela de Grão Cão)



1893: Nasce Mário Raul de Moraes Andrade, no dia 9 de outubro, filho de Carlos Augusto de Moraes Andrade e Maria Luísa Leite Moraes Andrade; na Rua Aurora, 320, em São Paulo - SP. 

1904: Escreve o primeiro poema, cantado com palavras inventadas. "O estalo veio num desastre da Central durante um piquenique de subúrbio. Me deu de repente vontade de fazer um poema herói-cômico sobre o sucedido, e fiz. Gostei, gostaram. Então continuei. Mas isso foi o estralo apenas. Apenas já fizera algumas estrofes soltas, assim de dois em três anos; e aos dez, mais ou menos, uma poesia cantada, de espírito digamos super realista, que desgostou muito minha mãe. "- Que bobagem é essa, meu filho?" - ela vinha. Mas eu não conseguia me conter, cantava muito aquilo. Até hoje sei essa poesia de cor, e a música também. Mas na verdade ninguém se faz escritor. Tenho a certeza de que fui escritor desde que concebido. Ou antes ... Meu avô materno foi escritor de ficção. Meu pai também. Tenho uma desconfiança vaga de que refinei a raça ... " Este o depoimento do escritor a Homero Senna, publicado no livro "República das letras", Editora Civilização Brasileira - Rio de Janeiro, 1996, 3a. edição, sobre como havia começado a escrever. 

1905: Ingressa no Ginásio Nossa Senhora do Carmo dos Irmãos Maristas.

1909: Forma-se bacharel em Ciências e Letras. Terminado o curso, multiplica leituras e frequenta concertos e conferências. 

1910: Cursa o primeiro ano da faculdade de Filosofia e Letras de São Paulo. 

1911: Inicia estudos no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. 

1913: Morre seu irmão Renato, aos 14 anos, devido a complicações decorrentes de uma cabeçada em jogo de futebol. Abalado pejo fato e trabalhando em excesso, Mário tem uma profunda crise emocional. Passa um tempo em Araraquara, na fazenda da família. Quando retorna desiste da carreira de concertista devido a suas mãos terem se tomado trêmulas. Dedica-se, então a carreira de professor de música. 

1915: Conclui curso de canto no Conservatório Dramático e Musical.

1916: Conclui, como voluntário, o Serviço Militar. 

1917: Diploma-se em piano pelo Conservatório. Morre seu pai. Publica "Há uma gota de sangue em cada poema", poesia, sob o pseudônimo de Mário Sobral .. Primeiro contato com a modernidade na Exposição de Anita Malfatti. Primeira viagem a Minas Gerais: encontra o barroco mineiro, visita Alphonsus de Guimarães. Já iniciou sua Marginália. 

1918: Recebe Diploma de Membro da Congregação Mariana de Nossa Senhora da Conceição da Igreja de Santa Ifigênia. Noviciado na Ordem Terceira do Carmo. Nomeado professor no Conservatório. Escreve contos e poemas. Colabora ocasionalmente em jornais e revistas como crítico de arte e cronista; em A Gazeta e O Echo (São Paulo). 

1919: Profissão na Ordem Terceira do Carmo à 19 de março. É colaborador de A Cigarra, O Echo e A Gazeta. Viagem à Minas Gerais, visitando as cidades históricas. 

1920: Lê obras Index. Faz parte do grupo modernista de São Paulo. Colabora em Papel e Tinta (São Paulo), na Revista do Brasil (Rio de Janeiro - até 1926) e na Ilustração Brasileira (Rio de Janeiro - até - 1921). 

1921: É professor de História da Arte no Conservatório. Pertence à Sociedade de Cultura Artística. Está presente no lançamento do Modernismo no banquete do Trianon. É apresentado ao público por Oswald de Andrade através do artigo "Meu poeta futurista" (Jornal do Commércio São Paulo). Escreve "Mestres do passado" para o citado jornal. 

1922: Professor catedrático de História da Música e Estética no Conservatório. Participa da Semana de Arte Moderna em São Paulo, de 13 à 18 de fevereiro, no Teatro Municipal de São Paulo. Faz parte do grupo da revista Klaxon, publicando poemas e críticas de literatura, artes plásticas, música e cinema. Escreve Losango Cáqui, poesia experimental. Inicia a correspondência com Manuel Bandeira, que dura 
até o final de sua vida. Publica "Pauliceia desvairada", o primeiro livro de poemas modernistas do Brasil.  

Mário de Andrade foi um dos criadores do movimento chamado modernismo, no Brasil. Os modernistas propunham um novo modo de expressar a realidade, os costumes e o modo de ser dos brasileiros. O movimento se manifestou na literatura, na pintura, na escultura, na arquitetura e em outros campos. O ponto alto do movimento foi a Semana de Arte Moderna de 1922, realizada no Teatro Municipal de São Paulo.

1923: Estuda alemão com Kaethe Meichen-Bosen, de quem se enamora. Faz parte da revista Arlel, de São Paulo. Escreve "A escrava que não é Isaura", poética modernista. Continua a colaborar na Revista do Brasil (Rio de Janeiro). 

1924: Realiza a histórica "Viagem da Descoberta do Brasil", Semana Santa dos modernistas e seus amigos, visitando as cidades históricas em Minas. Colabora em América Brasileira (contos de Belazarte), Estética e Revista do Brasil (Rio de Janeiro). 

1925: Colabora n'A Revista Nova de Belo Horizonte. Publica "A Escrava que não é Isaura:" discurso sobre algumas tendências da poesia modernista. Adquire a tela de André Lhote, Futebol, através de Tarsila. 

1926: Férias em Araraquara, escrevendo "Macunaíma". Publica "Primeiro andar", contos, e "Losango Cáqui" (ou "Afetos Militares de Mistura com os Porquês de eu Saber Alemão"), poesia. Escreve poemas de "Clã do Jaboti". Colabora na Revista de Antropofagia, na Revista do Brasil e em "Terra Roxa e Outras Terras"

1927: Colabora no Diário Nacional de São Paulo: crítico de arte e cronista (até 1932, quando o jornal é fechado). Estréia como romancista, publicando "Amar, verbo intransitivo", que choca a burguesia paulistana com a história de Carlos, um adolescente de família tradicional iniciado nos prazeres do sexo pela sua Fraülein, contratada por seu pai exatamente para essa tarefa. Lança, também, o livro "Clã do Jaboti", de poesias. Realiza a primeira "viagem etnográfica": percorrendo o Amazonas e o Peru, da qual resulta o diário "O Turista Aprendiz". 

Paralelamente à carreira de escritor, Mário passou a se interessar cada vez mais pela cultura popular e pelo folclore do Brasil. Entre 1927 e 1929 fez duas viagens pelo país, percorrendo o Norte e o Nordeste, com o objetivo de conhecer e registrar a cultura brasileira. Em 1927 publicou Amar, verbo intransitivo, seu primeiro romance. O livro critica a estrutura e os valores da sociedade paulistana.

1928: Membro do Partido Democrático. Realiza sua segunda viagem etnográfica": ao Nordeste do Brasil (dez. 1928 - mar. 1929). Colabora na Revista de Antropofagia e em Verde. Publica "Ensaio sobre a Música Brasileira e Macunaíma - o Herói sem nenhum caráter", onde inova com audácia e rebela-se contra a mesmice das normas vigentes. Com enorme sucesso a obra repercutiu em todo o país por seus enfoques inéditos. Sob um fundo romanesco e satírico, aí se mesclavam numa narrativa exemplar a epopeia e o lirismo, a mitologia e o folclore, a história e o linguajar popular. O personagem - título, um "herói sem nenhum caráter", viria a ser uma síntese, o resumo das virtudes e defeitos do brasileiro comum. Baseado em lendas indígenas e em influências de várias fontes diversas —, lançou aquela que é provavelmente sua obra mais conhecida, o romance "Macunaíma — o herói sem nenhum caráter". O personagem principal da história representa o brasileiro comum em seus aspectos bons e ruins, de forma ampliada e imaginativa. A obra teve adaptações muito bem-sucedidas: para o cinema, por Joaquim Pedro de Andrade, em 1969; e para o teatro, por Antunes Filho, em 1978.


1929: Inicia coluna de crônicas "Táxi", no Diário Nacional. "Viagem etnográfica" ao Nordeste, colhendo documentos: música popular e danças dramáticas. Rompimento da amizade com Oswald de Andrade. Publica Compêndio de História da Música. 


1930: Apóia a Revolução de 30. Defende o Nacionalismo Musical. Publica Modinhas Imperiais, crítica e antologia, e Remate de Males, poesia. 

1933: Completa 40 anos. Faz critica para o Diário de São Paulo (até 1935).

1934: Diplomado Professor honorário do Instituto de Música da Bahia. Cria e passa a dirigir a Coleção Cultural Musical (Edições Cultura Brasileira - São Paulo). Colabora em Festa (Rio de Janeiro), Boletim de Ariel. Publica Belazarte, contos, e Música, Doce Música, crítica. 

1935: É nomeado chefe da Divisão de Expansão Cultural e Diretor do Departamento de Cultura. Publica O Aleijadinho e Álvares de Azevedo. 

1936: Deixa de lecionar no Conservatório. Nomeado Chefe do Departamento de Cultura da Prefeitura. 

1937: É contra o Estado Novo. 

1938: Transfere-se para o Rio de Janeiro (27 junho), demitindo-se do Departamento de Cultura (12 maio). É nomeado professor-catedrático de Filosofia e História da Arte na Universidade do Distrito Federal e colabora no Diário de Notícias daquela cidade. Publica Namoros com a Medicina, estudos de folclore.

1939: Cria a Sociedade de Etnologia e Folclore de São Paulo, sendo seu primeiro presidente. Organiza o 1°. Congresso da Língua Nacional Cantada (julho). Projeta a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, SPHAN. É nomeado encarregado do Setor de São Paulo e Mato Grosso. Escreve poemas de A Costela do Grão Cão. Publica "Samba Rural Paulista", estudo de folclore. É crítico do Diário de Notícias (até 1944) e colabora na Revista Acadêmica (Rio de Janeiro) e em O Estado de São Paulo. Publica A Expressão Musical nos Estados Unidos. 

1941: Volta a viver em São Paulo, à Rua Lopes Chaves, 546. Está comissionado no SPHAN. Colabora em Clima (SP). 

1942: Sócio-fundador da Sociedade dos Escritores Brasileiros. Colabora no Diário de S. Paulo e na Folha de S. Paulo. Publica Pequena História da Música. 

1943: Publica Aspectos da Literatura Brasileira, O Baile das Quatro Artes, crítica, e Os Filhos de Candinha, crônicas. 

1944: Escreve Lira Paulistana, poesia. 

1945: Coberto de reconhecimento pelo papel de vanguarda que desempenhou em três décadas, Mário de Andrade morreu em São Paulo - SP em 25 de fevereiro de 1945, vitimado por um enfarte do miocárdio, em sua casa. Foi enterrado no Cemitério da Consolação. Publicação de Lira Paulistana e Poesias completas
Um capitulo à parte em sua produção literária sem fronteiras é constituído pela correspondência do autor, volumosa e cheia de interesse, ininterruptamente mantida com colegas como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Fernando Sabino, Augusto Meyer e outros. Suas cartas conservaram, de regra, a mesma prosa saborosa de suas criações com palavras - um lirismo que, como ele disse, "nascido no subconsciente, acrisolado num pensamento claro ou confuso, cria frases que são versos inteiros, sem prejuízo de medir tantas sílabas, com acentuação determinada". Coberto de reconhecimento pelo papel de vanguarda que desempenhou em três décadas. 

Bibliografia:

- Há uma gota de sangue em cada poema, 1917 
- Pauliceia desvairada, 1922 
- A escrava que não é Isaura, 1925 
- Losango cáqui, 1926 
- Primeiro andar, 1926 
- A clã do jabuti, 1927 
- Amar, verbo intransitivo, 1927 
- Ensaios sobra a música brasileira, 1928 
- Macunaíma, 1928 
- Compêndio da história da música, 1929 (reescrito como Pequena             história da música brasileira, 1942) 
- Modinhas imperiais, 1930 
- Remate de males, 1930 
- Música, doce música, 1933 
- Belasarte, 1934 
- O Aleijadinho de Álvares de Azevedo, 1935 
- Lasar Segall, 1935 
- Música do Brasil, 1941 
- Poesias, 1941 
- O movimento modernista, 1942 
- O baile das quatro artes, 1943 
- Os filhos da candinha, 1943 
- Aspectos da literatura brasileira 1943 (alguns dos seus mais férteis         estudos literários estão aqui reunidos) 
- O empalhador de passarinhos, 1944 
- Lira paulistana, 1945 
- O carro da miséria, 1947 
- Contos novos, 1947 
- O banquete, 1978 
- Será o Benedito!, 1992 
Antologias:
- Obras completas, publicação iniciada em 1944, pela Livraria Martins Editora, de São 
Paulo, compreendendo 20 volumes. 

- Poesias completas, 1955 









terça-feira, 29 de outubro de 2019

8. PAIS, MENOS CONTEMPLAÇÃO, MAIS AÇÃO!







Comportamento


Pais, menos contemplação, mais ação!


Pais contemplativos – fenômeno muito comum atualmente e que vem causando um efeito desastroso no crescimento das crianças.

Chamo de contemplativa a postura de grande parte dos pais modernos: percebem as manifestações e assistem as atitudes dos filhos sem se sentir seguros de intervir diretamente corrigindo-os, interditando-os, levando-os às mudanças necessárias ao crescimento adequado. O máximo que tenho observado de intervenção é uma explicação muitas vezes “inócuas”, pois não é acompanhada de atitudes coerentes ao que se diz.

Pais, atenção: as crianças precisam de direção, de interdição de realidade. Ao nascerem, são movidas por desejo de saciedade, de se manter em estado de equilíbrio, sem fome, sem dor, sem incomodo e, ao menor incomodo, choram e são saciadas. Nesse aspecto, o desejo é o motor de sua vida e sinaliza a falta que precisa ser saciada.

Crescer e amadurecer, porém, pressupõe lidar com a falta, com a dor, com a dificuldade e, a partir dessa experiência, criar soluções saudáveis. Não sucumbir.

Para isso, precisamos de pais ativos e não contemplativos. Explico-me: precisamos de pais que amem, sejam afetivos, interditem, que permitam que a falta apareça e seja motor de criação.

De pais que suportem ver seus filhos sofrendo pequenas "dores", na certeza de que isso os tornará melhores, mais capazes de viver e de ser felizes.

Ao tomar uma posição contemplativa, os pais deixam órfãos  seus filhos, negam a eles o direito de orientação da direção, da formação necessária de critérios para poderem, no futuro, agir com liberdade e autonomia. O pior: essa atitude contemplativa se faz presente quase que exclusivamente no momento de interditar, de oferecer limites que permitirão aos pequenos entrar em contato com a falta. Mas a atitude toma-se ativa quando se trata de atender os desejos dos filhos, de possibilitar que realizem suas vontades infantis e sintam-se felizes. Pais, atenção: que felicidade essa momentânea e fugaz? Acreditam mesmo que ela será suficiente para sustentar a possibilidade de uma futura pessoa lúcida, equilibrada, que sabe o sentido de sua vida e o busca em suas circunstâncias e apesar das adversidades?

Já vemos hoje uma juventude depressiva, ansiosa, carente de sentido para a vida. Um grande número de jovens que busca nas drogas e na bebida consolo e prazer. Um aumento assustador do número de suicídios na adolescência. Tudo isso são sinais evidentes de que o caminho que estamos percorrendo precisa ser corrigido e repensado. Segundo a psicanalista e escritora Maria Rita Kehl, a depressão está associada ao desejo saciado. Não seria a falta, portanto, o que motiva a depressão, pois a falta de algo estimularia o desejo e o trabalho psíquico. ''A busca por si só envolveria um empenho que se contrapõe à apatia do sujeito depressivo. O depressivo não sofre por não obter aquilo que deseja. Ele não deseja nada”.

Que triste constatar que estamos aleijando uma geração por não estarmos sendo capazes de agir como exige nosso papel de pais - ao atender compulsivamente os desejos imaturos dos nossos pequenos, não os impedimos de criar novos e mais ela- borados desejos, de amadurecer a vontade, de estabelecer objetivos, de encontrar sentido para a vida e, especialmente, de sentir-se capazes de lutar por eles, de conquistá-los.

Vamos resgatar nossa possibilidade de agir, e que nossa ação não seja atabalhoada. Vamos agir segundo um plano - com objetivos claros -, e vamos nos dedicar neste projeto que, com certeza, é o mais importante de nossas vidas: os filhos.


Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o blog educandonacao.combr






7. PAPA FRANCISCO: "SOBRE OS PAIS"






           

               Sobre os Pais

                                                                                                           Papa Francisco

Retomamos o caminho das catequeses sobre família. Hoje nos deixamos guiar pela palavra "pai". Uma palavra mais que qualquer outra querida a nós cristãos, porque é o nome com O qual Jesus nos ensinou a chamar Deus: pai. Hoje o sentido deste nome recebeu uma nova profundidade justamente a partir do modo em que Jesus o usava para se dirigir a Deus e manifestar a sua especial relação com Ele. O mistério abençoado da intimidade de Deus, Pai, Filho e Espírito, revelado por Jesus, é o coração da nossa fé cristã.

"Pai" é uma palavra conhecida por todos, uma palavra universal. Essa indica uma relação fundamental cuja realidade é tão antiga quanto a história do homem. Hoje, todavia, chegou-se a afirmar que a nossa seria uma "sociedade sem pais". Em outros termos, em particular na cultura ocidental, afigura do pai seria simbolicamente ausente, dissipada, removida. Em um primeiro momento, a coisa foi percebida como uma libertação: libertação do pai-patrão, do pai como representante da lei que se impõe de fora, do pai como censor da felicidade dos filhos e obstáculo da emancipação e da autonomia dos jovens. Às vezes, em algumas casas, reinava no passado o autoritarismo, em certos casos até mesmo a opressão: pais que tratavam os filhos como servos, não res- peitando as exigências pessoais do crescimento deles; pais que não os ajudavam a empreender o seu caminho com liberdade - mas não é fácil educar um filho em liberdade -  pais que não os ajudavam a assumir as próprias responsabilidades  para construir o seu futuro e o da sociedade.

Isto, certamente, é uma atitude não boa; porém, como acontece muitas vezes, se passa de um extremo a outro. O problema dos nossos dias não parece mais ser tanto a presença invasiva dos pais quanto a sua ausência, a sua falta de ação. Os pais estão, por vezes, tão concentrados em si mesmos e no próprio trabalho e às vezes nas próprias realizações individuais a ponto de esquecer a família. E deixam sozinhos os pequenos e os jovens. Já como bispo de Buenos Aires senti o sentido de orfandade que vivem os jovens; muitas vezes eu perguntava aos pais se brincavam com os seus filhos, se tinham a coragem e o amor de perder tempo com os filhos. E a resposta era ruim, na maioria dos ca- sos: "Mas, não posso, porque tenho tanto trabalho ... " E o pai era ausente daquele filho que crescia, não brincava com ele, não, não perdia tempo com ele.

Ora, neste caminho comum de reflexão sobre família, gostaria de dizer a todas' as comunidades cristãs que devemos ser mais atentos: a ausência da figura paterna na vida dos pequenos e dos jovens produz lacunas e feridas que podem ser também muito graves. E, de fato, os desvios de crianças e de adolescentes podem, em boa parte, ser atribuídos à esta falta, à carência de exemplos e de guias autoritárias em suas vidas de cada dia, à carência de proximidade, à carência de amor por parte dos pais. O sentido de orfandade que tantos jovens vivem é mais profundo que aquilo que pensamos.

São órfãos na família, porque os pais muitas vezes são ausentes, mesmo fisicamente, da casa, mas sobre- tudo porque, quando estão ali, não se comportam como pais, não dialogam com os seus filhos, não cumprem o seu papel educativo, não dão aos filhos, com o seu exemplo acompanhado de palavras, aqueles princípios, aqueles valores, aquelas regras de vida de que precisam como precisam do pão. A qualidade educativa da presença paterna é tanto mais necessária quanto mais o pai é obrigado pelo trabalho a estar distante de casa. Às vezes parece que os pais não sabem bem qual posto ocupar na família e como educar os filhos.

E, então, na dúvida, se abstém, se retiram e negligenciam suas responsabilidades, talvez refugiando-se em uma improvável relação "em pé de igualdade" com os filhos. É verdade que você deve ser "companheiro" do teu filho, mas sem esquecer que você é o pai! Se você se comporta somente como um companheiro em pé de igualdade com o filho, isto não fará bem ao menino.

E vemos este problema também na comunidade civil. A comunidade civil, com as suas instituições, tem uma certa responsabilidade - podemos dizer paterna - com os jovens, uma responsabilidade que às vezes negligencia ou exerce mal. Também essa muitas vezes os deixa órfãos e não propõe a eles uma verdade de perspectiva. Os jovens permanecem, assim, órfãos de caminho seguros a percorrer, órfãos de mestres em quem confiar, órfãos de ideais que aquecem o coração, órfãos de valores e de esperanças que os apoiam cotidianamente. São preenchidos, talvez, por ídolos, mas se rouba o coração deles; são impelidos a sonhar com diversão e prazer, mas não se dá a eles o trabalho; são iludidos com o deus dinheiro, e se nega a eles as verdadeiras riquezas.

E então fará bem a todos, aos  pais  e  aos  filhos,  escutar  novamente a promessa que Jesus fez  aos  seus  discípulos: "Não vos deixarei órfãos" (Jo 14, 18). É Ele, de fato,  o Caminho a  percorrer, o Mestre a escutar, a Esperança de que o mundo  pode mudar,  que  o amor vence o ódio, que pode haver um futuro de fraternidade e de paz para todos. ( ...)